Cobra falante: esclarecendo pontos da doutrina católica, 4
COBRA FALANTE: ESCLARECENDO PONTOS DA DOUTRINA CATÓLICA 4
Miguel Carqueija
Quando tempos atrás me vi debatendo com ateus na internet deparei com esse estranho argumento; que nós católicos acreditamos em “cobra falante” por causa da narrativa bíblica. Venho reparando de fato que frequentemente os adversários da Igreja Católica tresleem a sua doutrina, e a acusam por coisas que ela não ensina.
Existe toda uma ciência chamada Exegese pela qual se esclarecem os textos bíblicos; há que entender como devem ser lidos e qual o seu objetivo profundo. A mensagem da Escritura é essencialmente religiosa e muitas vezes expressa com metáforas. O próprio Jesus Cristo fez uso frequente de parábolas, como se pode ver nos Evangelhos. Vejamos então o que diz no primeiro livro da Bíblia, o Gênesis. Em Gn 3, 1-5 lemos:
“A serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos que o Senhor Deus tinha formado. Ela disse à mulher: “É verdade que Deus vos proibiu de comer do fruto de toda árvore do jardim? A mulher respondeu-lhe: “Podemos comer do fruto das árvores do jardim. Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: — Vós não comereis dele, nem o tocareis, para que não morrais.” “Oh, não” — tornou a serpente — “vós não morrereis! Mas Deus bem sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal.”
Ora, o texto em questão é metafórico e se refere ao pecado dos primeiros pais da Humanidade, que cedendo à tentação diabólica cometeram um ato voluntário de soberba, por invejarem a condição divina. O ato de desobediência de Adão e Eva (é delírio dizer que tenha sido pecado sexual, já que eram esposos) foi, como já estudado pelos exegetas, direta rebelião contra Deus.
Mas por que o símbolo da cobra? Bem, a serpente até hoje é um animal que, sendo embora inocente por se tratar de um ser da natureza, sem raciocínio, causa horror e nojo pelo seu aspecto repulsivo: sem membros, rastejante, de aspecto ameaçador. Muitas são venenosas. A víbora representa algo de insidioso, de pérfido.
O último livro da Bíblia, o Apocalipse (Revelação) escrito por São João Evangelista, explica claramente quem é a serpente do Gênesis:
“Houve uma batalha no Céu. Miguel e seus anjos tiveram de combater o Dragão. O Dragão e seus anjos travaram combate, mas não prevaleceram. E já não houve lugar no Céu para eles. Foi então precipitado o grande Dragão, a primitiva Serpente, chamado Demônio e Satanás, o sedutor do mundo inteiro. Foi precipitado na Terra e com ele os seus anjos.” (Ap 12, 7-9).”
Por aí se vê que a identidade da serpente do Paraíso está claramente definida como sendo Lúcifer, o anjo caído, também conhecido como Satanás, isto é, o Adversário. Longe portanto de ser um animal falante, era um anjo, um ser sobre-humano.
Desde criança eu já sabia que a cobra que tentou Adão e Eva era o demônio. E nem estaria em forma de cobra, pois como eu expliquei trata-se de uma metáfora textual, uma forma poética utilizada pelo autor inspirado do Gênesis, que se crê ter sido Moisés. Lúcifer pode ter se materializado diante de Eva numa forma atraente, afinal anjos não têm corpo mas podem se materializar.
A Sagrada Escritura quando devidamente estudada mostra ser a expressão de sublimes verdades. A narração bíblica da Criação foi confirmada pela Ciência moderna: o “Fiat Lux!” (Gn 1,3) foi atestada pela descoberta do “big bang’ hoje amplamente reconhecido pelos cientistas.
Não acredite em “lendas negras” contra a Bíblia e a Igreja Católica sem antes estudar o que a Igreja tem a dizer.
Rio de Janeiro, 8 de junho de 2017.
COBRA FALANTE: ESCLARECENDO PONTOS DA DOUTRINA CATÓLICA 4
Miguel Carqueija
Quando tempos atrás me vi debatendo com ateus na internet deparei com esse estranho argumento; que nós católicos acreditamos em “cobra falante” por causa da narrativa bíblica. Venho reparando de fato que frequentemente os adversários da Igreja Católica tresleem a sua doutrina, e a acusam por coisas que ela não ensina.
Existe toda uma ciência chamada Exegese pela qual se esclarecem os textos bíblicos; há que entender como devem ser lidos e qual o seu objetivo profundo. A mensagem da Escritura é essencialmente religiosa e muitas vezes expressa com metáforas. O próprio Jesus Cristo fez uso frequente de parábolas, como se pode ver nos Evangelhos. Vejamos então o que diz no primeiro livro da Bíblia, o Gênesis. Em Gn 3, 1-5 lemos:
“A serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos que o Senhor Deus tinha formado. Ela disse à mulher: “É verdade que Deus vos proibiu de comer do fruto de toda árvore do jardim? A mulher respondeu-lhe: “Podemos comer do fruto das árvores do jardim. Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: — Vós não comereis dele, nem o tocareis, para que não morrais.” “Oh, não” — tornou a serpente — “vós não morrereis! Mas Deus bem sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal.”
Ora, o texto em questão é metafórico e se refere ao pecado dos primeiros pais da Humanidade, que cedendo à tentação diabólica cometeram um ato voluntário de soberba, por invejarem a condição divina. O ato de desobediência de Adão e Eva (é delírio dizer que tenha sido pecado sexual, já que eram esposos) foi, como já estudado pelos exegetas, direta rebelião contra Deus.
Mas por que o símbolo da cobra? Bem, a serpente até hoje é um animal que, sendo embora inocente por se tratar de um ser da natureza, sem raciocínio, causa horror e nojo pelo seu aspecto repulsivo: sem membros, rastejante, de aspecto ameaçador. Muitas são venenosas. A víbora representa algo de insidioso, de pérfido.
O último livro da Bíblia, o Apocalipse (Revelação) escrito por São João Evangelista, explica claramente quem é a serpente do Gênesis:
“Houve uma batalha no Céu. Miguel e seus anjos tiveram de combater o Dragão. O Dragão e seus anjos travaram combate, mas não prevaleceram. E já não houve lugar no Céu para eles. Foi então precipitado o grande Dragão, a primitiva Serpente, chamado Demônio e Satanás, o sedutor do mundo inteiro. Foi precipitado na Terra e com ele os seus anjos.” (Ap 12, 7-9).”
Por aí se vê que a identidade da serpente do Paraíso está claramente definida como sendo Lúcifer, o anjo caído, também conhecido como Satanás, isto é, o Adversário. Longe portanto de ser um animal falante, era um anjo, um ser sobre-humano.
Desde criança eu já sabia que a cobra que tentou Adão e Eva era o demônio. E nem estaria em forma de cobra, pois como eu expliquei trata-se de uma metáfora textual, uma forma poética utilizada pelo autor inspirado do Gênesis, que se crê ter sido Moisés. Lúcifer pode ter se materializado diante de Eva numa forma atraente, afinal anjos não têm corpo mas podem se materializar.
A Sagrada Escritura quando devidamente estudada mostra ser a expressão de sublimes verdades. A narração bíblica da Criação foi confirmada pela Ciência moderna: o “Fiat Lux!” (Gn 1,3) foi atestada pela descoberta do “big bang’ hoje amplamente reconhecido pelos cientistas.
Não acredite em “lendas negras” contra a Bíblia e a Igreja Católica sem antes estudar o que a Igreja tem a dizer.
Rio de Janeiro, 8 de junho de 2017.