Puritanismo

O puritanismo foi um movimento de reforma religiosa calvinista do final dos séculos 16 e 17 (embora já apareça em forma embrionária no século 14, em John Wycliffe e os seus seguidores[1]), que procurou "purificar" a Igreja da Inglaterra de restos do catolicismo que eles alegaram ter sido mantido após a estabilidade religiosa alcançada no início do reinado da rainha Elizabeth[2]. Puritanos tornaram-se conhecidos desde então pelo seu espírito de seriedade moral e religiosa, e sua busca por fazer seu estilo de vida o padrão para toda a nação. Seus esforços para transformar a nação contribuíram tanto para a guerra civil na Inglaterra como para a fundação de colônias nos Estados Unidos.

O rei Henrique VIII separou a Igreja da Inglaterra da Igreja Católica Romana em 1534, e a causa protestante avançou rapidamente sob Eduardo VI. Durante o reinado da rainha Maria (1553-58), no entanto, a Inglaterra voltou ao catolicismo romano, e muitos protestantes foram forçados ao exílio. Muitos dos exilados encontraram seu caminho para Genebra, onde a igreja de João Calvino forneceu um modelo de trabalho cristão disciplinado. Daquela experiência também surgiram os dois livros mais populares da Inglaterra elisabetana - a Bíblia de Genebra e o Livro dos Mártires de John Foxe - que forneceu justificação aos protestantes ingleses para ver a Inglaterra como uma nação eleita escolhida por Deus para completar a obra da Reforma. Assim, a adesão de Elizabeth em 1558 foi recebida com entusiasmo por esses protestantes; mas suas ações iniciais ao restabelecer o Protestantismo decepcionaram aqueles que buscavam uma reforma extensiva.

No início do século 17, o espírito puritano continuou a se espalhar, e quando a guerra civil estourou entre o Parlamento (de maioria puritana) e o rei Carlos I (que odiava os puritanos) na década de 1640, eles aproveitaram a oportunidade para exortar o Parlamento e a nação a renovar sua aliança com Deus. O Parlamento convocou um corpo de clérigos para aconselhá-lo sobre o governo da igreja. Seguindo a teologia calvinista, eles acreditavam que o Evangelho deveria influenciar todas as áreas da vida de uma pessoa, igreja ou nação. Mas este corpo – a Assembléia de Westminster – estava tão dividido, especialmente em relação à melhor forma de governo da igreja, que não conseguiu alcançar plenamente o que pretendia.

Em 1658, os puritanos conservadores apoiaram a restauração da monarquia sob Carlos II e uma política episcopal modificada. No entanto, o puritanismo inglês entrou em um período conhecido como a Grande Perseguição, que culminou no exílio de muitos deles, inclusive para as colônias americanas. O rei Tiago II, sucessor de Carlos II, tentou transformar a Igreja Nacional em Católica Romana, mas foi derrotado na Revolução Gloriosa, que recebeu esse nome porque foi essencialmente pacífica[3]. O Parlamento então proclamou Maria (sua filha) e Guilherme reis, e concedeu tolerância aos puritanos que decidiram sair da Igreja Anglicana (dando origem às igrejas congregacionais, presbiterianas e batistas, entre outras). Essa época, porém, marcou o fim da era de ouro do puritanismo.

[1] MATOS, Alderi. Os Puritanos: Sua Origem e Sua História. Disponível em: <http://cpaj.mackenzie.br/historiadaigreja/pagina.php?id=188>

[2] ENCYCLOPEDIA BRITANNICA. Puritanism. Disponível em: <https://www.britannica.com/topic/Puritanism>

[3] OLIVIERI, Antônio. Revolução Inglesa: Cromwell, Revolução Puritana e Revolução Gloriosa. Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/revolucao-inglesa-cromwell-revolucao-puritana-e-revolucao-gloriosa.htm>