O SEGREDO DA FELICIDADE

Em sua Ética a Nicômaco, Aristóteles sustenta que todo ser humano busca a felicidade:

“Verbalmente, quase todos estão de acordo, pois tanto o vulgo como os homens de cultura superior dizem ser esse fim a felicidade e identificam o bem viver e o bem agir como o ser feliz. Diferem, porém, quanto ao que seja a felicidade, e o vulgo não o concebe do mesmo modo que os sábios. Os primeiros pensam que seja alguma coisa simples e óbvia, como o prazer, a riqueza ou as honras, muito embora discordem entre si; e não raro o mesmo homem a identifica com diferentes coisas, com a saúde quando está doente, e com a riqueza quando é pobre. Ora, alguns têm pensado que, à parte esses numerosos bens, existe outro que é auto-subsistente e também é causa da bondade de todos os demais”.

(ARISTÓTELES. Ética à Nicômaco in Os Pensadores).

A conquista da felicidade! Essa é a finalidade de nossas ações. Epicuro também o diz, e encontra no prazer a fonta da felicidade. O Prazer, todavia, não é apenas, ou não é, em si, satisfação dos apetites sensuais, mas, antes, deleite espiritual, sutil, sublime e profundo. Vejamos algumas visões sobre a felicidade. O pensador e líder religioso Mokiti Okada assim concebe a felicidade:

“Quando falo em ‘segredo da felicidade’, parece que me refiro a algo mágico e misterioso. Nada disso, porém. O ‘segredo da felicidade’ é muito simples. (…) Como venho afirmando há muito tempo, nossa felicidade depende de fazermos os outros felizes. Esse é o meio mais seguro para alcançá-la, e eu o venho aplicando há muitos anos com resultados maravilhosos. Simplificando o conselho, pratiquemos o maior número possível de boas ações, pensemos em dar alegria às outras pessoas. (...) Sabemos que serão mais felizes aqueles que praticarem maior número de ações louváveis. Já imaginaram que povo e que nação surgiriam, se todas as pessoas se unissem para praticar o bem?”. (Mokiti Okada em O Segredo da Felicidade).

A visão de Okada parece estar muito alinhada ao do budismo tibetano encarnado nos ensinamentos do atual Dalai Lama:

“No Tibet nós dizemos que muitas doenças podem ser curadas pela ‘medicina’ do amor e da compaixão. O amor e a compaixão são a base estrutural da felicidade humana e a sua necessidade se encontra no núcleo de nosso ser. Infelizmente há muito tempo o amor e a compaixão vem sendo omitidos das esferas de interação social. Praticar o altruísmo é a real fonte de compromisso e cooperação; somente reconhecer a nossa necessidade de harmonia não é o suficiente”. (Dalai Lama em A Medicina do Altruísmo).

Para Okada e Dalai Lama, não existe verdadeira felicidade fora do altruísmo. A felicidade não pode ser "conquistada", mas somente compartilhada. Ou é um bem comum, ou não é autêntica. Não pode haver, portanto, propriedade privada da felicidade. A "minha" felicidade pressupõe que eu a compartilhe, a provoque, a proporcione aos outros. Para tais pensadores orientais, o caminho da felicidade é o da superação do egoísmo e do apego. Somente quando superamos os estreitos limites do nosso ego e renascemos para uma nova compreensão da realidade, em que a felicidade é um bem comum a ser compartilhado, é que aquilo que era um segredo se revela de modo claro e simples.

ARISTÓTELES:

https://pt.slideshare.net/Waleriah/aristteles-coleo

DALAI LAMA:

http://www.dalailama.org.br/ensinamentos/medicina.php

MOKITI OKADA:

http://www.messianica.org.br/culto-mensal/ensinamentos/segredo-da-felicidade