O fundamentalismo protestante (Sola scriptura)
O fundamentalismo protestante
(Sola scriptura)
Os princípios protestantes são todos de uma incoerência absurda, a saber são eles o sola fidei, sola scriptura, sola gloria, sola Christus e sola gratia. Entre esses princípios, implicitamente ainda existe um. Assim como todos os mandamentos de Nosso Senhor se resumem em “Amarás o Senhor teu Deus e ao teu próximo”, as cinco solas do protestantismo se resumem numa só palavra: fundamentalismo. Iremos mostrar o fundamentalismo do protestantismo através destes cinco princípios do tão venerado Lutero. Neste texto, vamos tratar apenas do sola scriptura e do fundamentalismo por detrás dele.
Exclamar que somente a Escritura basta é uma grande tolice. Usemos a própria Escritura para provar. Nosso Senhor jamais manda escrever, o que Ele ordena é: “Ide e PREGAI” (Marcos 16, 15). Ora, não precisamos sequer da Teologia para entender que o sentido literal do texto quando usa o verbo “pregar” se refere à fala e não a escrita. Jesus manda os Santos Apóstolos utilizarem a fala para ensinar o povo e anunciar a conversão. A carta de São Pedro é clara quando diz: “Guardai o que deixamos escrito e o que transmitimos”, ou seja, devemos considerar o que foi escrito, e está contido na Bíblia, e o que não foi escrito, mas nos fora transmitido através dos séculos pela Sucessão Apostólica, a qual chamamos de Tradição. A própria Sagrada Escritura nos leva a crer na Tradição Escrita, a Bíblia, e a Tradição Oral, aquilo que não fora escrito e que chegou a nós através da Sucessão Apostólica. Um grande homem da Igreja primitiva nos prova isso na sua luta contra o gnosticismo, quando este mesmo, Santo Irineu de Lyon +402 d. C., exortava ao povo: “Em quem é melhor acreditar, nos gnósticos que começam a dizer do nada suas doutrinas ou em mim que era discípulo de Policarpo, que foi discípulo de João, que foi discípulo de Cristo?”. Aqui nitidamente vemos, nos primórdios do cristianismo, a razão pela qual a Igreja é de Cristo, ela vem da fé dos apóstolos, de sua sucessão, que nos é transmitida através da Tradição. Digo mais: Nos comunica o evangelista que nem tudo foi escrito, porque não caberia em um livro. Todavia, tudo o que Jesus fez é de suma importância. Negar a Tradição oral é negar a importância das realizações de Nosso Senhor que não foram escritas, mas passadas de boca para ouvido e de ouvido para boca até chegar a nós.
“Bíblia se explica com Bíblia”, exclama o protestante Augusto Nicodemos. E a Tradição? E tudo o que o Mestre fez e não está escrito? E toda a fé dos apóstolos que foi sendo transmitida oralmente? É negada pelo protestantismo. Por isso o sola scriptura é uma tolice.
Exclamar “somente a Bíblia” é, também, uma completa ignorância, senão desonestidade. Provo!: Que veio primeiro: A Tradição ou a Escritura? Claro que a Tradição. O que foi escrito não pode vir antes do que foi transmitido, falado. Ou seja, não foi a Tradição que veio da Bíblia, mas a Bíblia que veio da Tradição. A Bíblia não nos foi dada já pronta por Deus, houve um longo processo de lutas e muita oração para a canonização dos livros sagrados. Fora a Bíblia que se auto compilou? Não. Fora a Tradição que a arrumou e nos entregou tal qual a temos. O pensamento protestante exclama “somente a Bíblia”, mas se submete a Tradição para aceitar o que nela está escrito. Que contradição!
Não se explica Bíblia com Bíblia, a Tradição é necessária para a hermenêutica. E não só a Tradição, mas uma série de outros fatores que também são negados pelo princípio protestante, como a analogia da fé.
A analogia da fé é interpretar um versículo, ou mesmo um texto da Bíblia em acordo com tudo o que está escrito do Gênesis ao Apocalipse. O protestantismo ler o versículo e só ele basta. E por isso faz interpretações que geram contradições entre os textos e a Bíblia não se contradiz. Portanto, gera uma grande conflito interno, que causa inúmeras divisões entre eles mesmo.
O sola scriptura é o reflexo vivo do fundamentalismo protestante. O princípio nega a Tradição, que vimos ser necessário para o entendimento, nega a própria Bíblia, já que é ela mesma quem nos mostra a necessidade da Tradição e nega a Bíblia uma segunda vez porque, pela falta da analogia e depósito da fé, interpreta partes da Escritura contradizendo outras.
E o pior de tudo: limitam tudo a Bíblia. Limitam o cristianismo a Bíblia. Limitam o próprio Deus a Revelação, isso é, a Bíblia. O cristianismo não está limitado a Revelação, muito menos seu Fundador, Deus. A Ação Divina transcende a Revelação. Tanto a Revelação oral quanto a escrita!
O fundamentalismo protestante os fazem odiar pessoas, e sabemos que o ódio por indivíduos nunca é cristão. Devemos odiar apenas o pecado. É escrito na Revelação que “um homem que deita com outro como se fosse mulher, seja morto” (Levítico 20, 13). Para um protestante, que nega a tradição e a analogia da fé, que explica Bíblia com Bíblia, a Revelação aí está literalmente a mandar matar ou, pelo menos, odiar os homossexuais, não só o que estes fazem, mas eles próprios. Negam eles o que São João nos narra em uma de suas cartas: “Há pecados que levam a morte” (1João 5, 16). Ainda sim não compreenderiam, o fundamentalismo lhes tomou a inteligência. É preciso levar ainda a mais uma citação, para bem fazermos a analogia da fé. Diz a escritura : “o preço do pecado é a morte” (Romanos 6, 23). Ou seja, a palavra morte, no contexto bíblico, quer dizer condenação ao inferno.
Esses dias eu disse a um protestante que Deus é Puro Espírito, não tem um corpo material. Só não apanhei porque estava na escola. O rapaz ficou escandalizado e fez escândalo. Ele, então, para mostrar que era mestre em Bíblia, citou a passagem que diz: Deus tem o mundo na palma de suas mãos. Creio que esse rapaz não saiba sequer a gramática da Língua Portuguesa, portanto não me atrevi a dizer que essa passagem era uma figura de linguagem. A ignorância desse rapaz chega a ser um pecado anti-metafísico.
Aproveito esse caso para dizer que o sola scriptura nega, também, a metafísica. Negando a metafísica, negam todo o sobrenatural. Absurdo! “Só a Bíblia! Só a Bíblia! Só a Bíblia!”. Esse povo é esquizofrênico.
Estava eu conversando com uma protestante professora de Língua Portuguesa, por sinal muito inteligente, e a provei, com a Bíblia, a excelência do celibato, quer sacerdotal quer laical. Quando ela não mais viu saída, exclamou em alto e bom som que o hagiógrafo (autor dos escritos), que fora inspirado pelo Espírito Santo, errou. Disse ela que São Paulo errou quando exortou sobre o celibato em sua carta. Disse ela que errou São João Evangelista por ser celibatário. O fundamentalismo dessa gente já ultrapassa os limites. Para persistirem em seu erro declarado e manifesto, estão eles a se sentarem no Trono do Altíssimo, que não os pertence, e se fazendo deuses.
Que nosso Amado Deus, por intercessão de Santo Tomás de Aquino, nos livre do fundamentalismo, que só causa mal e divisão. “Um Reino dividido não subsiste”, diz Jesus. E se há divisão, é porque aí não há a ação do Espírito Santo e, portanto, é do demônio. O fundamentalismos é demoníaco!
Whallison de Maria,
Pentecoste, 10 de março de 2017.