A CONTRIBUIÇÃO DA PSICANÁLISE NA CLÍNICA PASTORAL (PARTE I)
Para o saber comum, o trabalho do psicanalista difere do exercício do conselheiro. Enquanto a ação deste é aconselhar, a daquele é fazer o paciente confrontar-se com os seus próprios limites. Seria isso completamente verdade ou existe alguma semelhança entre o labor de ambos? Para tentar responder a essa questão, o presente trabalho investiga e discute se, e até que ponto, a Psicanálise pode contribuir na prática da Clínica Pastoral. Para tanto, buscam-se noções a respeito de ambas, estabelece-se ligação entre elas, quando possível, ou evidencia-se a separação de uma em relação à outra, em outros momentos.
A distância entre a Psicanálise e a Clínica Pastoral é percebida não só pela falta de conhecimento específico de alguns conselheiros, mas também por aqueles que, mesmo tendo propriedade de conceitos e métodos psicanalíticos, admitem que, em determinadas situações, a Psicanálise não pode oferecer ajuda no processo de aconselhamento ou esta é limitada, como quando a principal angústia do aconselhado é proveniente de questões religiosas.
Por outro lado, existem pontos de aproximação entre as práticas psicanalíticas e de aconselhamento. Uma dessas interações tem a ver com o fato de as demandas que chegam à Clínica Pastoral não se circunscreverem ao aspecto espiritual ou familiar. É frequente que, à semelhança do que ocorre com os psicanalistas, a etiologia dos problemas com que se deparam os conselheiros esteja na mente do sujeito. Caso só existisse essa área de intercessão (o que não é verdade), ainda assim se enxergaria oportunidade para que a Clínica Pastoral se beneficiasse de técnicas e métodos empregados pela Psicanálise.