SALVOS POR CRITÉRIOS ETERNOS
Jesus sabia que Judas e Pedro o negariam, e que Tomé duvidaria publicamente dele, quando foi orientado pelo Espírito Santo e escolheu doze para serem apóstolos? Eu acredito que não por pelo menos dois motivos. Priemiro , ele ficou a noite toda orando para saber quem escolher segundo a vontade de Deus, portanto estava mais preocupado em fazer a obra do que ficar procurando defeito nos escolhidos. Defeito não precisa procurar muito, pois todos tem, após o pecado que recebemos de herança de Adãoe Eva, nossos primeiros pais. Se Jesus fosse ficar olhando para quem mereceria o cargo de Apóstolo, ele com certeza não iria escolher ninguém. A escolha teve obrigatoriamente que ser dirigida pelo Espírito Santo, que estava trafegando na eternidade, portanto vendo o futuro, o presente e o passado, ao mesmo tempo, enquanto Jesus estava limitado ao presente, à história humana.
Nessa discussão nós fazemos um erro clássico, que é nos esquecermos que Jesus veio como homem à Terra e que como homem deveria ter as mesmas orientações que nós, para que nós pudéssemos nos espelhar integralmente nele, para viver bem a vida. Sendo assim, não podemos nos esquecer que a vida publica e ministerial de Jesus começou no batismo das águas e não antes. As revelações sobre o ministério só começaram a partir do batismo e não antes. Jesus foi levado ao deserto pelo Espírito, para estar só e receber orientações do Espírito Santo do que fazer e como iria fazer a obra.
Outro fato que não podemos nos esquecer é que como homem terreno e histórico, Jesus tinha obrigatoriamente que receber as revelações da mesma maneira que nós. A principio ele não se lembrava da sua mente eterna, mas com o tempo e as muitas orações e revelações do Espírito Santo, durante seu ministério ele foi lembrando de sua eternidade. Podemos observar isso claramente nos Evangelhos, porque só a partir da metade dos Evangelhos, ou mais ou menos no meio do seu ministério terreno é que Jesus começou a falar como Deus e não antes. Esse erro vem dos irmãos que nunca leram a Bíblia de ponta a ponta, mas apenas fragmentos.
Sendo assim, Jesus, quando escolheu os apóstolos, sabia que Judas o trairia, que Pedro o negaria, que João fugiria, que Tomé duvidaria, que os discípulos se esconderiam amedrontados? O foco da oração que fez Jesus ficar a noite inteira orando não era esse, portanto acredito que ele nem se preocupou com isso, mas sim em fazer a vontade de Deus.
Aqui entra um outro fator, que nós devemos ter diariamente em nossos corações: Discernimento. Jesus era um excelente conhecedor dos corações humanos. Sabe quando você conhece alguém e aquela pessoa não lhe inspira confiança alguma? Pois é. Jesus tinha um amplo conhecimento que todos os homens eram pecadores. Todos estavam debaixo da Lei do Pecado, que fala em Romanos 6. Se Jesus fosse escolher os Apóstolos segundo a santidade deles, não escolheria nenhum, pois nenhum era santo.
Eu e você, fomos escolhidos por Deus para andarmos com ele, quando éramos ainda inimigos da fé e de Cristo, não se esqueça. O mesmo aconteceu com os discípulos. Sobre isso tento entender como foi feita a escolha de Deus, para nossa salvação e ainda não cheguei a lugar algum. O que sei é que fomos chamados sem mérito algum. O problema de muita gente é achar que com o tempo ele adquiriu algum mérito, por ter ágora um dom, ou mais de um, e por ter um cargo ministerial. Cargo ministerial e dom, não salva ninguém.
O nosso maior problema e que ainda não entendemos completamente é que temos um Deus relacional. Deus não reage, como gostaríamos, a ação e reação, nos moldes que gostaríamos. Dou o dizimo e Deus abençoa dando cem vezes mais e pronto, sem fazer perguntas, sem querer saber de onde veio o dinheiro, ou se estou dando para a obra, ou apenas egoisticamente, pensando mais em mim do que no outro, ou na Igreja. Para o desgosto de muita gente, nós temos um Deus que preza por relação, cumplicidade, estar perto dele, falar com ele, andar com ele.
Deus tem critérios de salvação? Se tem, eu ainda não descobri qual é. Deus não nos escolhe quando nascemos, como alguns podem imaginar, olhando para o nosso futuro e vendo se iríamos responder positivamente à Ele ou não. Deus não olha para a nossa vida, esquadrinhando o nosso futuro e vendo se vou ser um crente bonzinho, ou se vou rejeitá-lo. Não, Deus nos escolheu antes da fundação do mundo, quando nem existíamos ainda. Qual foi o critério? Eu não sei. Sendo assim, todo cristão deve ser muito sério com Deus, pelo privilégio que milhões nunca tiveram de serem chamados.
E ai entram Pedro, João, Judas, Tiago, eu, você e todo mundo. Agora que aceitamos a Cristo como nosso salvador, somos santos lutando contra o pecado em nós. Aparentemente, a meu ver, o candidato numero um a ser o traidor de Jesus bem poderia ter sido Pedro e não Judas. Judas era o mais político, engajado e conhecedor de Israel e da situação do país. Ele traiu Jesus porque ficou decepcionado, com raiva de Jesus, por ele não ter se declarado rei de Israel. Judas criou expectativas errôneas a respeito de Jesus. Judas traiu Jesus por decepção. Jesus o decepcionou.
BVamos voltar a oministério de Jesus e entender que o Espírito Santo ia revelando a Jesus a obra conforme ele ia dando passos em direção a níveis maiores. Observe que quando você não cresce, não muda de nível espiritual, você não tem novas revelações, no máximo se tiver revelações será mais do mesmo e não novas revelações. Jesus sempre se superava e conforme ele ia andando em direção ao Espírito Santo, na direção do Espírito, em obediência, ele ia tendo novas perspectivas diárias da vida, do ministério, dos seus comandados, de tudo.
Acredito que um dia, observando Judas, talvez num momento quieto, todos descansando debaixo de uma árvore, num sol quente, o Espírito Santo tenha dito que Judas o trairia. Por mais que doesse saber que um deles o trairia, ainda assim Jesus sabia que as escrituras precisariam serem cumpridas. Dos que escolheu para Apóstolos, talvez já houvesse a certeza que um deles seria o traidor, pois era bíblico e Jesus era um excelente conhecedor do Antigo Testamento.
É surpreendente quando lemos que Jesus ficou entristecido em ser traído com um beijo. A impressão que tenho é que ele não sabia que seria traído com um beijo e isso foi motivo de entristecimento para ele. Daí a gente nota que a história estava sendo escrita e não estava pronta. Não acreditamos em fatalismo, ou seja, em que a história já está escrita. Judas traiu Jesus, mas bem poderia ter sido qualquer um dos discípulos, essa é a realidade.
Os escolhidos a serem os doze Apóstolos, foram escolhidos por critérios eternos que nós não sabemos quais foram. No caso deles não podemos jamais nos esquecer que o Espírito Santo não tinha ainda sido derramado e nenhum deles tinha o Espírito dentro de si, mas eles ainda eram movidos pelo Antigo Testamento. Ou seja, Deus do lado de fora. O Novo Testamento, que é Deus dentro de nós, ainda não acontecera.
Enfim, eu e você, fomos chamados para a salvação por critérios eternos, que não sabemos quais são. Deus não faz acepção de pessoas, mas porque aceitou uns e rejeitou outros? Isso são critérios eternos desconhecidos por nós. Devemos saber que qualquer um é passível de pecar e errar os piores pecados do mundo, sem exceção. Jesus não ficava surpreendido por alguém pecar, algumas poucas vezes ele ficou surpreendido como pecaram, como no caso de Judas que o traiu com um beijo, ou com um soldado que bateu no seu rosto, sendo que ele o fez por motivos egoístas, para mostrar um zelo ao Sinédrio, contra Cristo. As maiores surpresas de Jesus era quando alguém fazia algo bom e não quando fazia algo ruim. Devemos aprender isso de Jesus e agradecer pelos amigos que nos surpreendem para o bem.
E se alguém pecar contra nós, lembramos da Bíblia: “E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós.” (1 Corintios 11:19) Esse versículo é bastante interessante porque quando alguém peca, isso mostra não o pecador, mas os sinceros.
Amém!
Que Deus abençoe a todos.
by
Paulo Sergio Larios