BATALHA PAPAL
Este é o título de uma matéria que foi publicada na revista Veja de 01-03-17. Aborda o ataque que o papa Francisco está sofrendo em virtude da sua política mais solidária com o sofrimento do povo e de ser mais transparente com relação aos crimes de pedofilia e de corrupção dentro da igreja.
A origem das críticas, segundo a revista, está na mudança avançada que Francisco pretende imprimir na relação entre a igreja e os fiéis divorciados. Pelo dogma católico, o casamento é indissolúvel. Se uma pessoa se separa e casa novamente, comete pecado e não merece a comunhão na missa. O papa João Paulo II declarou que a única maneira de esses indivíduos serem novamente aceitos e participarem dos sacramentos consistiria em viverem como “irmão e irmã”. É uma solução obviamente esdrúxula e inaplicável no mundo de hoje que só afasta os separados da igreja.
Em março passado Francisco publicou a exortação Amoris Laetitia (A Alegria do Amor), em que afirmava que a separação pode em alguns casos se tornar moralmente necessária quando se trata de defender o cônjuge mais frágil ou os filhos pequenos.
Francisco representa hoje o substituto de Jesus no seio da humanidade. Não quero ressaltar a igreja como instituição nesse processo eclesiástico. Vejo que a igreja é importante no sentido de levar a mensagem evangélica por todo o mundo, mas por outro lado incorpora dentro de suas leis todo o interesse humano de poder e manipulação das massas em proveito próprio de seus dirigentes. Essas ações do papa Francisco leva a um distanciamento dessa burocracia eclesiástica e uma aproximação às lições do Evangelho, consequentemente mais próximo do que Jesus nos deixou como lição.
O poder eclesiástico termina sendo ocupado por pessoas que, levadas por uma vocação espiritual se aproximaram da igreja, e por começarem a agir como lobos se tornaram dirigentes e reacionários a qualquer atitude que vise corrigir essa falha entre o que é falado e ensinado com o que é na realidade praticado.
Francisco como um Bom Pastor que pretende ser, seguindo os passos do Mestre, não poderia compartilhar com essas ideias, e pelo contrário, devia desautorizá-las e combate-las, como de fato está fazendo. Porém, os “lobos” em roupas eclesiásticas, não querem ser escorraçados do poder que detém, e dessa forma o mundo começa a assistir os urros implícitos ou explícitos contra o Santo Padre.
Nós, na condição de ovelhas, mas com consciência suficiente para discernir onde estão os lobos e os pastores, estaremos sempre atentos para seguir a voz do Bom Pastor, e fugir dos urros dos lobos.