Entre Máscaras & Bundas

-Sobre o carnaval nas ruas

-Sobre o festival da carne nas igrejas

Fico só observando essa "crentalhada puritana" descendo a lenha e metendo o pau no carnaval! Eita, povo puritano! Se alguma coisa envolve "bunda", pronto, já é pecado!

Eu não tenho nada contra "bunda" e também não tenho nada a favor do carnaval. Não tenho a besta pretensão de esclarecer se carnaval é ou não pecado. Essa é uma "reflexão não reflexiva" e também inútil.

Meu intuito, com este texto, é propor um mínimo de sanidade entre os religiosos. Que tal pararmos de nos preocupar tanto com fantasias e máscaras carnavalescas e pensarmos sobre as máscaras que nunca são tiradas, nem antes, nem durante e nem depois do carnaval?

Penso que o carnaval, tem um lado que nenhum crente capitalista tem coragem de pontuar. Digo isto, porque o carnaval produz empregos e tem gente que se alimenta disso. Gente que não tem outra forma de se alimentar devido a dois fatores:

*A falta de empregos formais gerada pela crise econômica do Brasil

*A falta de solidariedade e justiça social gerada pela crise religiosa no Reino da Bispolândia.

Como já disse anteriormente na composição deste mesmo texto presente, não estou fazendo apologia ao carnaval e nem ao direito que cada tem de mostrar a própria "bunda". Eu não pulo carnaval, não incentivo essa prática, não concordo que o governo gaste tanto dinheiro com esta tal "festa da carne". Mas, por outro lado, não menos relevante, alguém precisa se arriscar a propor um pensamento mais apurado e menos influenciado por convicções religiosas antigas, não críticas, não reflexivas e contraproducentes.

Assim, vamos pensar um pouco nesse fenômeno religioso que toma conta dos crentes nos dias do carnaval. Gente "do céu"! Esse povo enlouquece! Não pode assistir TV, não pode ouvir rádio, não pode "ser colorido", não pode deixar as crianças irem pra escola brincar! Mostrar a tal da "bunda", então... Não pode... Não pode... Não pode...

Além disso, tem aqueles religiosos mais incisivos que acham que vão "impedir o capeta de sambar" com aqueles tais atos patéticos do tipo proféticos, como marchar nas ruas, ungir as esquinas, orar às três da manhã, impetrar maldições para que chova, etc.

Outro apontamento a se fazer é sobre os "retiros espirituais", que no fundo são apenas meios de saquear mais ainda o dinheiro dos fiéis.

Finalmente, não há como compor um texto desta natureza e não refletir sobre os tais evangelismos invasivos e mau educados que são impetrados aos carnavalescos pelas comunidades religiosas lideradas por mais um pastor lunático do tipo "Talibã". Isso é horrível! O que acharíamos, se em nossas festas "do pastel, da pizza, do sorvete, do ovo frito", feitas em nossas igrejas, se aparecessem carnavalescos tentando nos convencer que essas festas são pecaminosas atrapalhando nosso lucro?

Pular carnaval é pecado? Vender "pastel, pizza, sorvete, ovo frito" e bençãos no templo, não é?

Se querem evangelizar, façam um evangelismo radical! Ou seja, distribuam água, alimento, abraços e nunca religião!

Se você não tem amor pra alimentar uma família, não critique o carnaval que oferece empregos e provisão para que muitos pais e mães de família possam sustentar seus filhos.

Minha proposta: Vamos viver sem máscaras nas igrejas e parar de se preocupar com as fantasias do carnaval! Afinal, "bundas de fora" não são tão prejudiciais quanto são as incongruências, as incoerências e as hipocrisias tão comuns no Reino da Gospelândia!

Patrícia Carnieto
Enviado por Patrícia Carnieto em 27/02/2017
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