Proteção Espiritual II –
Encontro com Um Senhor das Trevas
 
Tive um novo encontro perante as trevas.

Via-me naquele despertar noutro mundo em uma cidade que as armadilhas do subconsciente aliada aos poderes hipnóticos e dispersivos das sombras me queriam fazer entender como se fosse a minha.
Quando dormimos, dependendo de nossas sintonia vibratória, levam-nos a cantos do astral construindo imagens que nos fazem sentir confortáveis, como se aquele mundo fosse ou parecesse para nós natural. É preciso adquirir um grau muito elevado de lucidez para dominar os sonhos ou perceber-se em desdobramento.

E como sabemos se sonhamos ou se estamos em desdobramento?

A resposta a essa questão não é uma linha clara, mas você saberá perceber claramente quando estiver desdobrando ou conseguir ¨flagar¨ o subconsciente dominando os elementos de um sonho. Porém, seja em desdobramento (saída consciente do corpo) ou em sonho (projeções mentais ao dormir que parecem fazer sentido) você começará a poder dominar situações. E é esse domínio que demonstra o seu despertar. Você perceberá que não se encontra no mundo físico e começará a fazer perguntas aos outros – algo que somente os que começam a adquirir uma consciência transcendente podem fazer nessas situações.

Sendo praticante de meditação, vejo crescer meu domínio ao passo que me aplico ainda mais aos exercícios. O domínio de ter uma mente limpa do excesso de pensamentos favorece a lucidez e começamos a nos ver, mesmo nos sonhos, como realmente somos. O processo é lento e exige dedicação, mas as conquistas sublimes são incomparáveis. E aqui um conselho e uma dica: já procurou agradecer a si mesmo?

Nesse novo encontro, caí em realidade ao perceber que estava em uma rua e perto de uma casa que queria fazer crer que fosse minha. Notei, no entanto, pela sujeira das ruas cheias de entulho, pelas construções tortas e improvisadas, pela fisionomia das pessoas, que não se encontrava na minha rua e nem na minha casa e manifestei isso em público:

- Onde estou? Que cidade é essa?

As entidades que me cercavam, nesse momento, entram em pânico. Tentam, por todos os modos e meios, distraí-lo. Vão procurar te confundir. Irão procurar impedi-lo de pensar:

- Claro que é sua casa. Essa é a sua rua. Você mora ali.

- Não. Está errado. – Mantendo-se firme, as forças do subconsciente, juntamente à densidade trevosa procuram impedir o seu despertar. Nessa fase podem mudar inteiramente os quadros jogando-o dentro de uma nova situação corriqueira e banal que o distraia podendo ser algo no trabalho, na escola, em sociedade no seio da família.

Firme em meu propósito de saber que lugar era aquele comecei a abordar as pessoas na rua:

- Qual o nome dessa cidade? – Fazia isso sem o embaraço que nos acode de parecermos loucos perante os outros. Essa libertação, a de não temer que o julguem, já demonstra que você caminhou para fora do conceito de pensar e acreditar mais no julgamento dos outros a seu respeito que no seu próprio. As consciências livres desembaraçam-se do conceito alheio – e, creia, isso é muito mais difícil do que parece.

As pessoas não respondiam à minha pergunta e corriam de mim. Nesse ponto percebi que estava no caminho certo. Insistia com quem se aproximasse de mim:

- Que cidade é essa? Onde estou? É um plano entre os dois mundos?

O pânico deles era notável. Em determinado momento, conduziram-me a uma espécie de templo e nele havia uma mesa com 3 senhores muito bem vestidos e pomposamente cheios de ornamentos.

- Os Senhores são pastores? – Perguntei a um deles, o mais alto, que se mostrou muito receptivo e acolhedor.

- Sim, nós somos. E você meu irmão?

- Sou, também, um tipo de pastor. – Foi o que lhes respondi.

- Sente-se conosco. – E puxaram uma grande cadeira de madeira rústica.

Ao sentar, pedi-lhes desculpas, pois me encontra da forma que fico costumeiramente em casa: sem camisa, com chinelo de dedo e trajando uma velha bermuda acinzentada. A seguir, quando me sentei, apareceu cobrindo meu corpo um sobretudo vermelho.

- Entendi onde e estou e sei como fazem essas coisas.

Ficaram surpresos. Uma pessoa se aproximou e ofereceu amendoim torrados ao Pastor mais alto que os comprou alegremente. Reparei nos  seus trajes e vi que liam a Bíblia. Disse-lhes:

- Meus amigos, sei que são bons homens. Sinto isso em vosso coração, mas se encontram presos a coisas que não mais precisam e é dessa falsa noção de necessidade que as trevas se aproveitam para dominá-los. Quem vos fornece todas essas coisas e roupas? Quem é o senhor ou imperador desses domínios? Sei que estou em uma cidade intermediária entre o mundo físico e os planos superiores...

- Pare. Não fale essas coisas aqui. É proibido. Você irá despertar a ira dele...

- Quero vê-lo. Onde está. Quem é ele? Por que não se libertam? Deixem tudo...

Nisso, um verdadeiro pânico se instalou naquela comunidade e entre os pastores. Dois deles abaixaram as cabeças não querendo participar. O tempo, literalmente, fechou. Toda a cidade se cobriu com nuvens e trevas densas. Havia raios, trovões e um forte vento movimentava tudo ao redor.

- Você o irritou! – Disse-me o Pastor.

- Quero vê-lo! Venha a mim!

- Não diga isso...

O vento piorou. Era a forma que aquela entidade escolheu para me intimidar. Saí da mesa e fui para o lado de fora. As pessoas corriam apavoradas. Entravam em buracos ou para o interior das construções toscas.

- Apareça! – Gritei.

Fortes rajadas de vento me atingiam. Comecei a caminhar, com dificuldade, em direção ao que me pareceu o centro da tempestade. Era como um poderoso redemoinho.

- É ele! – Gritavam.

Nisso, a força dos ventos retirava meus chinelos. Chutei-os para longe.

- Quer isso? Fique com minhas sandálias. – Tirei o casaco vermelho.

- Tome também isso. O que mais você quer? Entregarei tudo. Não quero nada daqui deste mundo. Quero apenas minha casa. Quero ir de volta para casa...

Fechei os olhos e me aquietei. A força dos ventos pareceu diminuir. Abrindo-os vi que o poderoso redemoinho estava diante de mim e lançou-me de costas ao chão. Comecei a rir.

- É só isso! Você não pode me destruir!

Avançou contra mim com toda sua força e parou sobre meu abdome girando com poder. Abracei-o ao passo que fechava os olhos em mansidão procurado vibrar muita paz interior dizendo:

- Quero ir para casa...

Despertei leve e satisfeito. A claridade já entrava pelas frestas da porta do quarto e cortinas. Fiquei feliz comigo mesmo naquele embate. Descobri e reafirmei um conceito que já sabia. O grande poder das trevas está em semear o medo e o desejo nos nossos corações. Ao entregar tudo ao mundo, aos senhores poderosos que os dominam, começamos a nos libertar da sua influência – e eles não o querem. Desafiar as trevas exige uma vontade sincera ao passo que um reconhecimento de que todos temos essa força e esse poder. Para vencê-los, antes, precisamos vencer a nós mesmos. Sei que ainda não estou livre, mas esse embate demonstra que a luta íntima é feroz e que é possível, ainda neste mundo, superarmos a nós mesmos desafiando nossas trevas interiores e vermos as claridades que nos aguardam além...

Muita paz!