Papai do Céu Não Gosta
-Sobre intolerância religiosa
-Sobre bons e maus humores do sagrado
-Sobre bons e maus comportamentos dos humanos
Acreditar que bons e maus comportamentos humanos tem poder de determinar ou mudar os humores do sagrado é uma crença paupérrima!
Não há fundamento teológico de fato em afirmações do tipo: "Faça isto pra deixar D'us feliz" ou "Não faça isto porque isto deixa D'us triste".
Como saber o que "papai do céu gosta ou não gosta"? Não há como termos certeza sobre isto!
Em primeiro lugar, há que se entender que nossas "certezas" a cerca das preferências e humores do sagrado são duvidosas. Tudo o que sabemos a respeito da identidade divina chegou até nós por meio de revelações que não são puramente revelações.
Isto é sabido porque tais revelações são dotadas de influências e vivências pessoais por parte tanto de quem as recebe, como também de quem as transmitem. Essa influências e vivências se dão, tanto no âmbito individual, porque as pessoas vivem convergindo e divergindo constantemente, como em âmbito coletivo, por causa do senso comum e das influências sócio-historicas-culturais.
Em segundo lugar, ainda que pudéssemos saber certamente quais são as preferências do sagrado, seria um absurdo acreditarmos que temos o poder de determinar o bom ou mau humor de D'us, a partir de um bom ou mau comportamento humano.
Ainda, em terceiro e não último lugar , cabe uma reflexão sobre a possibilidade esdrúxula de concebermos um deus tão minúsculo que está sujeito aos efeitos da alegria e da tristeza.
Questões de antropomorfismo como esta pautada neste texto, sempre serão ineficientes para nos trazer verdadeiro conhecimento de quem é D'us.
Assim, se alguém acha que está fazendo D'us feliz por causa de algum comportamento considerado bom pela construção da sua própria moral, este alguém só está alegrando a si mesmo e ao grupo social ao qual escolheu pertencer porque isto lhe é confortável.
A relevância de pontuarmos essa questão se justifica quando entendemos que não somos melhores do que ninguém só porque nossos comportamentos não "entristecem" a D'us!
Essas burrologias que se perpetuam nas religiões são perniciosas porque tentam fazer duas ações impossíveis. São elas:
*Classificar as preferências do sagrado, a partir de uma identidade dele que não é livre de influências externas;
*Reduzir "a divindade do divino", acreditando que D'us cabe dentro das caixas onde organizamos nossa moralidade entre o "certo e errado" que compõe nossa religião.
Finalmente, reafirmo: nós não deixamos D'us feliz e nem triste. As faces dos humores de D'us não estão sujeitas ao nosso bom ou mau comportamento.
Mas... Se estivessem...
D'us ficaria triste diante da soberba dos crentes que insistem em achar que só eles deixam D'us feliz.
Soberba, segregação, rótulos, profetismos são coisas que "papai do céu não gosta"!
Respeite a religião dos outros. A sua religião não é a única que "deixa D'us feliz"!