OS TREZENTOS ANOS DA MAÇONARIA

OS TREZENTOS ANOS DA MAÇONARIA

Comemorando os 300 anos da Maçonaria, trago para nossa reflexão uma obra prima do Pe. Vieira, que antecede a fundação da Maçonaria Especulativa do século XVIII, que ora celebramos por ocasião do Trigésimo centenário da sua organização.

Como todos sabem Pe. Antônio Vieira, um lisboeta, Jesuíta, faleceu no Brasil aos 89 anos em Salvador. Como missionário, defendeu os Judeus e a abolição da escravatura indígena, e a convicção religiosa perseguida pela inquisição.

Esse seu caráter de liberdade e de igualdade já o reconhecemos como tal entre os opressores, os de livre pensamento, como o de Descarte, que inaugurou o racionalismo, marcando Idade Moderna.

Assim pensando, disse certa vez numa de suas homilias, a respeito da construção do homem, comparando-o com a lapidação da pedra bruta, com esse pensamento:

“-Todos os sentidos do homem têm um só ofício, só os olhos têm dois.

O ouvido ouve, o gosto gosta, o olfato cheira, o tato apalpa, só os olhos têm dois ofícios: ver e chorar. [...]

Arranca o estatutário uma pedra destas montanhas, tosca, bruta, dura, informe; e depois que desbastou o mais grosso, toma o maço e o cinzel na mão e começa a formar um homem: primeiro, membro a membro e, depois, feição por feição, até a mais miúda. Ondeia-lhe os cabelos, alisa-lhe a testa, rasga-lhe os olhos, afila-lhe o nariz, abre-lhe a boca, torneia-lhe o pescoço, estende-lhe os braços, espalma-lhe as mãos, divide-lhe os dedos, lança-lhe os vestidos. Aqui desprega, ali arruga, acolá recama. E fica um homem perfeito, e talvez um santo que se pode pôr no altar.

Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas como os pregradores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se de uma parte está branco, da outra há de estar negro; se de uma parte está dia, da outra há de estar noite; se de uma parte dizem luz, da outra hão de dizer sombra; se de uma parte dizem desceu, das outras há de dizer subiu. Basta que não havemos de ver um sermão duas palavras em paz? Todas hão de estar sempre em fronteira com o sue contrário? Aprendamos do céu o estilo da disposição, e também o das palavras. Como hão de ser as palavras? Como as estrelas. As estrelas são muito distintas e muito claras. Assim há de ser o estilo da pregação, muito distinto e muito claro. E nem por isso temais que pareça o estilo baixo; as estrelas são muito distintas em muito claras e altíssimas. O estilo pode ser muito claro e muito alto; tão claro que o entendam os que não sabem e tão alto que tenham muito que entender os que sabem.”

Não há duvida no expressar de Vieira, que ele não seja um Maçom nato, muito antes da existência da Maçonaria especulativa, que só surgiria nos idos de 1717, que hoje comemoramos os seus trezentos anos de existência.

São Paulo, 16 de Janeiro de 2.017

José Francisco Ferraz Luz MI 61532;

CIM 186.479

CHICO LUZ
Enviado por CHICO LUZ em 17/01/2017
Reeditado em 01/02/2017
Código do texto: T5884902
Classificação de conteúdo: seguro