FALANDO DE SANTIDADE
Existe 900 vezes na Bíblia a palavra santo, de onde se originam santificar e santificação. De Gênesis a Apocalipse essa palavra envolve toda a Bíblia. Existe um livro inteiro dedicado a esse assunto: Levítico. Mas essa palavra é muito negligenciada hoje em dia em nossas Igreas. Ela descreve a exclusividade de Deus e o chamado de todos os seus filhos.
O que significa ser santo, santidade? O que é o chamado bíblico à santidade? Como se praticar a santidade? Por que as Igrejas necessitam tão desesperadamente da santidade hoje, e sempre?
1- O QUE É SANTIDADE E O QUE NÃO É.
Para alguns a palavra santo parece antiquada e a palavra santidade parece legalista e moralista. Ou seja, santidade demanda uma grande lista de proibições. Ao falarmos de santidade ainda nos vem a idéia de que “sou mais santo do que você”. Alguns vêem santidade como uma superioridade arrogante. Para outros santidade denota uma perfeição inatingível. Muitos enxergam a doutrina na santidade uma doutrina desalentadora, triste, que não prega nada senão o pecado e exige uma perfeição radical, que se imagina fantasiosa.
Embora hajam elementos de verdade em todas essas concepções, essas idéias falham em expressar o real conceito de santidade. De acordo com o uso original, santidade em todas as suas formas, quando aplicada a pessoa, lugar ou objeto, nos deve dar a idéia de separado do uso secular com o propósito de ser devotado exclusivamente a Deus.
Santidade é ser separado de duas coisas. 1 – no sentido negativo é ser separado do pecado e 2- o sentido positivo é o chamado da santidade para o serviço a Deus. Esses dois conceitos- separação do pecado e consagração (ou separação) a Deus – compreendem a palavra santidade. (1 Timóteo 1.4-5)
O chamado à santidade é absoluto, Deus exige o seu seguidor por inteiro, não dividido. Provérbios 23.26 diz: “Filho meu, dá-me o teu coração”.
O chamado à santidade é holístico. Toda a nossa vida está envolvida –corpo, alma, espírito e eternidade. Tudo o que somos e onde tocamos é chamado à santidade: família, trabalho, afazeres, conversa com amigos, ou passeio no campo. É um chamado diário, todos as horas do dia, todos os dias da semana, 365 dias por ano, todos os anos. Como o chamado à santidade, ou separados para Deus para o servir, pertence à essência da fé da prática religiosa, então ele é totalmente compreensível. O cristão é chamado à dedicação a Deus. Somos chamados a um Sacerdócio, separado do mundo, portanto: santo.
Assim notamos como são erradas as concepções de legalismo ou superioridade, que alguns enxergam no assunto. Santidade não é uma lista de “posso fazer”, ou “não posso fazer”. Santidade não é uma lista, mas um estilo de vida.
2- SANTIDADE NA BÍBLIA É SER SEPARADO
No Antigo Testamento a uma prioridade em mostrar santidade como relativo a Deus. (Salmos 99.9) Santidade é a própria natureza de Deus, o fundamento do seu ser. (Isaías 6.3)
Para tentar exemplificar o que é santo e santidade, vamos lembrar que Deus é chamado de Santo , assim como o seu Reino. Deus não pode pecar, portanto ele é todo santo. Seu Reino não admite o pecado, portanto é todo santo. Então o que não é Reino e nem é de Deus não é santo. Porém, dependendo do que eu apresente a Deus, aquilo passa a ser santo. Um violão é um objeto musical comum, até o momento em que eu o apresente a Deus e o consagre, o separe, o santifique unicamente para a obra de Deus.
O conceito de santidade no Antigo Testamento apresenta três verdade principais sobre Deus:
Primeiro, denota a separação ou diferença de Deus de toda a sua criação. Não existe ninguém ou nada igual a Deus. Deus é primordialmente Santo, porque ele é totalmente diferente de toda a sua criação.
Segundo, denota a total separação de Deus de tudo o que é impuro ou mal. Deus é a perfeição moral absoluta. Ele é o peso que demonstra para nós o que é santidade e santo.
Terceiro, devido a ser separado em santidade por natureza, Deus é inacessível para os pecadores, a não ser através de um sacrifício santo (Levítico 17.11, Hebreus 9.22). Só um sacrifício de sangue é aceito, “pois o salário do pecado é a morte” (Romanos 6.23) e isto aconteceu em Cristo Jesus, que morreu a morte substitutiva em nosso lugar. Até mesmo os antigos sacrifícios do Antigo Testamento faziam referência direta ao sacrifício de Cristo. Até mesmo os sacrifícios que não eram de sangue, como o de flor de farinha, eram lembrança do sacrifício do cordeiro imaculado, que nunca viu o pecado e nunca falou nada com maldade em seu coração, apesar de ter falado mais duro que qualquer profeta existente até então. “Eu sou eus e não homem, o Santo no meio de ti” (Oséias 11.9) Esta aparente contradição – o Santo andando no meio de pecadores – só é explicável em Jesus Cristo, no seu sacrifício como oferta por nós. Deus quando olha para a Igreja consegue enxergá-la santa em Jesus e só nele.
Deste tríplice conceito de Deus como Santo – Deus é diferente de toda a criação, Deus é separado de tudo o que é impuro e mal, e Deus é inacessível dos pecadores, a não ser pelo único sacrifício aceito por ele: o sacrifício de Jesus na Cruz - conclui-se que tudo relacionado a Deus é santo.
Israel é chamado à santidade para separação do pecado (Deuteronomio 7.6), a uma santa convocação (Levitico 11.44), de uma santa adoração a Deus (Levítico, praticamente inteiro) , e a uma limpeza interior, de coração (Levitico 16.30; Salmos 24.3-4).
3- SANTIDADE NO NOVO TESTAMENTO
O Novo Testamento ressalta todo o ensino do Antigo Testamento sobre a santidade. Ele desenvolve uma maior ênfase, contudo, sobre os temas da santa Trindade e dos santos consagrados. A santidade é sempre atribuída a uma Pessoa da Deidade. O Deus de amor é o Pai Santo (João 17:11); Jesus Cristo é o Santo de Deus (Marcos 1:24; João 6:69); e o Espírito de Deus é denominado Santo noventa e uma vezes!
O Novo Testamento nos apresenta tês temas principais sobre santidade: Primeiro, ele acentua a dimensão ética da santidade. O Novo Testamento destaca a disposição interna ao invés dos rituais externos.
Segundo, o NT destaca o caráter normativo de santidade entre os crentes. Todos os crentes são declarados santos.
Terceiro, o NT destaca a santidade como transformadora de toda pessoa. (1 Ts 5.23) Embora santidade ao nível de Deus seja impossível nessa vida, nesse corpo mortal e corrompido pelo Pecado Original, a santidade deve sempre ser buscada e desejada. Devemos nos esforçar para não pecar de jeito nenhum, piorou voluntariamente. (2 Cor 7.1)
CONCLUSÃO
“Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo.”
1 Pedro 1:15,16
Quero frisar novamente, tentando ajudar a Igreja a conhecer melhor o assunto, que Deus é Santo e tudo o que ele faz, ou onde trafega é santificado, sendo assim o seu reino, o Reino de Deus é Santo e tudo o que é feito aquém, do lado de fora do Reino de Deus não é santo, não é aprovado.
Ser santo significa ser separado, consagrado para fazer a obra de Deus. Todo cristão é um Sacerdote e tem como obrigações ministrar Deus a um mundo perdido e pecador.
Apesar de que a nossa santidade é normativa, fomos declarados santos no momento em que aceitamos a Jesus como nosso Salvador, a santidade precisa ser também prática, eu preciso me esforçar para não pecar. Quem bebia que não beba mais, quem fumava que não fume mais e etc. Porém desde que um cristão, portanto em trabalho de construção enquanto nessa terra, ainda não tenha forças adquiridas em Deus paa deixar de pecar, devemos saber que temos um advogado justo perante Deus, que é Jesus, que veio para ser o nosso advogado e pagar a divida em nosso lugar, morrer no lugar do cliente e ser julgado no lugar do cliente, nós.
Temos que evitar ao máximo qualquer forma de pecado. Uma palavra que muito nos pode ajudar é “abster-se”, que está em 1 Pedro 2.11: “Amados, insisto em que, como estrangeiros e peregrinos no mundo, vocês se abstenham dos desejos carnais que guerreiam contra a alma.” Abster-se é deixar de fazer. É só isso: deixar de fazer. Pedro nos dá uma receita simples, porém não muito fácil de muitos praticarem, que é abster-se do pecado, é não fazer o pecado.
O que parece muito fácil só adquire concretude em Jesus. O pecado é algo tão grave que o Filho de Deus teve que vir ao mundo e morrer como sacrifício pelos pecadores. Não se iluda que o pecado é fácil de vencer. Em nossa própria força, o pecado é impossível de vencer. Jesus morreu por nós, para que tivéssemos a santidade dEle, atuante em nós. Por isso precisamos orar e pedir que a santidade de Jesus venha sobre nós.
Muitas pessoas sofrem muito, por não compreenderem que quanto mais perto do Reino estiverem, portanto, quanto mais perto da santidade de Deus estiverem, mais serão cobrados e combatidos pelo inimigo de nossas almas. A meta principal de Satanas é nos tirar da presença de Deus e isso só é possível de um único jeito: pelo pecado praticado por nós.
Não peque. Seja santo. Nominalmente já somos declarados santos, agora resta ser na prática.
Amém!