Contra a manipulação da mente: Comentário a “O anti-Cristo” de Nietzsche
FNTAC – F. Nietzsche. The Antichrist. Translator: H. L. Mencken. New York: Alfred A. Knopf. Project Gutenberg EBook #19322.
As diversas razões do pós-modernismo são meras interpretações
Disto Nietzsche tem ciência ao dar inicialmente o subtítulo de "An Attempt at a New Interpretation of the World" ao texto "The Will to Power" [Mencken, Preface in FNTAC – F. Nietzsche. The Antichrist. Translator: H. L. Mencken. New York: Alfred A. Knopf. Project Gutenberg EBook #19322.]
clerical agitators, who interpret all happiness as a reward and all
unhappiness as a punishment for obedience or disobedience to him,
for "sin": that most fraudulent of all imaginable interpretations,
whereby a "moral order of the world" is set up, and the
fundamental concepts, "cause" and "effect," are stood on their
heads.
A felicidade é interpretada como recompensa e a infelicidade como punição pela obediência ou desobediência a Deus; o “pecado (é) a mais fraudulenta de todas as interpretações imagináveis, e destas interpretações estabelece-se a Ordem Moral do Mundo, colocando nas cabeças (dos homens) os conceitos de causa e efeito.
Destruir as evidências
No entanto, o Pensamento Crítico exige que se duvide do significado de cada termo usado, devendo-se questionar o que vem a ser “felicidade” na compreensão de Nietzsche, que muito critica, mas carece de pensamento crítico: critica o Cristianismo, mas a que Cristianismo se refere? Teólogo [Wikipedia] pode-se ter a compreensão imediata de que critica o Cristianismo como um todo, mas não: apenas interpreta o Cristianismo Místico como sendo o todo do Cristianismo? O que é o homem fraco que adota o Cristianismo, que deve ser derrotado pelo Superhomem? Não é a pregação da Lei do Mais forte? São questões que aguardam resposta.
Suspender o Julgamento
Em Anti-Cristo, [FNTAC – F. Nietzsche. The Antichrist. Translator: H. L. Mencken. New York: Alfred A. Knopf. Project Gutenberg EBook #19322.] Nietzsche expõe seu pensamento de que tudo que se fala sobre o mundo é interpretação, embora procure apenas criticar o Cristianismo com as noções de “pecado e punição”, “Ordem Moral do Mundo”, coincidindo com o insight havido de que todas as diversas razões, com minúscula, apontadas no pós modernismo são meras interpretações das Coisas Reais, naturais ou criadas pelo homem, e, deve-se completar, como interpretações nenhuma é verdadeira, culminando no pedido de “suspensão do julgamento”. “Philology as ephexis [24] in interpretation.” [NAST – Jessica Berry. Nietzsche and the Ancient Skeptical Tradition. Oxford University Press, 2011]
Não há Pensamento Crítico quando se faz a leitura da Realidade e dos textos mediante a compreensão imediata, apenas pelos sentidos das palavras que se conhece, sem se dar conta de que manipulando-se as palavras e os conceitos a que se refere um homem pode manipular e conduzir a mente de outros homens.
Destruir as evidências
Todas as razões apresentadas pelo Modernismo, com a pretensão de que a Razão Universal, ou Deus, esteja morta, também retirado de Nietzsche, devem ser destruídas sucessivamente, deve-se duvidar de todas até destuir as evidências, como prega Artaud, em busca não da Evidência, mas da Evidência que resista a toda dúvida sistemática, e considerando-a ainda algo a ser destruído tão logo a Realidade determine que ela não corresponde ao que é em Logos: o homem está fadado a procurar compreender a Realidade em que vive e a duvidar do que dela compreende. Tudo que o homem fala sobre a Realidade é mera poesia, fruto de sua imaginação, que atende à sua adaptação ao meio que o circunda quanto mais se dispa o homem das interpretações inadequadas a que se deixe abduzir.
Ordem moral do mundo
Under Christianity the instincts of the subjugated and the oppressed
come to the fore: it is only those who are at the bottom who seek
their salvation in it. Here the prevailing pastime, the favourite
remedy for boredom is the discussion of sin, self-criticism, the
inquisition of conscience; here the emotion produced by _power_
(called "God") is pumped up (by prayer).
Nietzsche prega contra a Ordem Moral do Mundo como prescrita pelo Cristianismo, talvez por ter feito uma leitura inadequada dos instintos e das paixões humanas e do que vem a ser a solução a humanidade como um todo, a Ética rezando como devem se relacionar os homens para que se consiga uma Harmonia entre todos. Que se seja ateu, mas que não se abandone a Ordem Moral do Mundo, pois os assassinos e ladrões, os pedófilos, os trapaceiros, os mentirosos, são toleráveis desde que os prejudicados não sejamos nós mesmos, mas o outro: pimenta no olho do outro não arde! Somos a favor dos assassinos desde que ele não nos mate ou mate a um dos nossos: isto é HIPOCRISIA.