O NOVO NASCIMENTO PELO BATISMO E A REENCARNAÇÃO

A maioria dos cristãos tradicionais, não aceita a interpretação da Doutrina Espírita relacionada à conversa de Jesus com Nicodemos (João 3: 1 – 15), por acreditarem que o teor do diálogo se restringia unicamente ao renascimento pelo batismo.

Na época de João Batista o Judaísmo purificava as pessoas e os objetos espargindo sangue de animais ou lavando o corpo ou parte dele com água [1]. Portanto, os ouvintes de João, já estavam condicionados culturalmente àquela ablução purificadora.

Todavia, nenhum elemento material poder remover ações morais que são relacionadas ao intimo, à consciência de cada indivíduo. Sendo um ato simbólico, o batismo apenas aliviava daquelas consciências o peso das próprias culpas e preparava caminhos novos, levando o arrependido a seguir adiante na busca de novos valores morais. Dessa forma, era um instrumento alegórico preparatório para o renascimento moral, para o trabalho de reforma intima, abrindo as portas para o recebimento da Shekinah que é a presença de Deus em nossas vidas, influência que deve nos acompanhar em todos os nossos atos diários.

Porém, mesmo tomando boas resoluções dificilmente se consegue numa mesma existência desvencilhar-se de todas as imperfeições, necessitando que a misericórdia divina nos favoreça com novas oportunidades de melhoramento. É aí que entra a reencarnação como instrumento misericordioso do Eterno para o aperfeiçoamento dos seus filhos.

Por isso, Jesus utilizando uma linguagem familiar a Nicodemos, mostra a água como figura da substância material, revelando ao velho doutor da Lei outro renascimento, o renascer do espírito pelo cadinho purificador da reencarnação.

Á agua, emblema da matéria, purifica o espírito por meio de um novo nascimento na carne: água (corpo) + espírito = reencarnação. Foi por essa razão que Nicodemos não conseguiu compreender totalmente a explicação do Messias de Nazaré. Se Jesus estivesse referindo-se à água batismal, que Nicodemos conhecia, ele não teria encontrado dificuldades em relaciona-la ao batismo joanino, mas, o velho sacerdote logo de inicio tomou as palavras de Jesus em seu sentido real de renascer do ventre materno, sem saber muito bem como poderia ocorrer tal fenômeno.

As palavras de Jesus são muito claras com respeito ao processo reencarnatório, quando verificamos os originais gregos: “nascer de água e de Espírito”, ou seja, nascer de corpo e de espírito. Quando o espírito reencarna, o novo organismo físico está imerso no ventre materno no liquido amniótico e o próprio corpo humano se compõe de mais ou menos 70% de água. Desse modo, Jesus revelava ao doutor da Lei a necessidade de uma ablução purificadora do espírito na água/corpo, pelo lavatório da reencarnação.

[1] Aspersões: Números 8:7; Números 19:17; Ezequiel 36.25; Salmo 51: 1-7. Imersões (Tevilah): Levítico 15:13 -16; 2 Reis 5:10 – 14; Levítico 11: 31-32