A CRENÇA RELIGIOSA DIANTE DAS TRAGÉDIAS

Vivemos uma época de ateísmo panfletário, na qual ateus e simpatizantes do movimento ateísta se empenham em conseguir novos prosélitos para sua (des)crença. De modo especial, essa 'guerra de propaganda' ocorre nas redes sociais, onde fazem-se postagens que buscam ridicularizar toda crença religiosa. Muitas vezes, inclusive, utilizam-se tragédias e fatalidades como pretexto para a exposição de argumentos que negam a existência de Deus. Isso voltou a ocorrer recentemente, por ocasião do trágico acidente que vitimou a equipe da Chapecoense. Busquemos analisar criticamente, no entanto, esse fenômeno argumentativo.

Primeiramente, e a bem da verdade, utilizar-se de tragédias e fatalidades a fim de “provar” a inexistência de Deus é atitude tacanha e lamentavelmente pueril. O fato de sofrermos dores e perdas irreparáveis neste mundo não exclui, em absoluto, a possibilidade de haver uma realidade transcendental mais elevada e reconfortante, de cunho espiritual – não há lógica nenhuma, aliás, nesse tipo de argumentação. A crença em um ser superior fundamenta-se justamente na noção de que, para além da transitoriedade da realidade mundana e material na qual agora nos encontramos, há uma existência sublime e eterna, na qual a parte essencial de cada um de nós – a alma – encontra abrigo nos braços do Criador.

Além disso, para aqueles que creem, o sofrimento e a morte apenas corroboram o caráter transitório e efêmero da vida terrena. O que se busca é a plenitude da vida em Deus, que representa o bem maior e a sempiterna harmonia do universo. Pode-se dar a esse sentimento a um tempo singelo e tocante o nome de ‘fé’ ou ‘esperança’, e há um trecho da Bíblia que sintetiza perfeitamente o entendimento cristão a respeito dessa importante questão metafísica: “...quem crê em mim, ainda que morra, viverá”. (Jo 11, 25)