Sobre o reino de Mari.

Segundo vários autores os habitantes de Mari eram amoritas, sedentários de longa data e amavam a paz. Seus interesses maiores concentravam-se na religião, na cultura e no comércio. As conquistas, os feitos heroicos, o fragor das armas não os seduziam muito. Suas fisionomias, como podemos ver hoje por suas estátuas e pinturas, irradiam uma alegre placidez. Mas eles não viviam livres de cuidados militares, longe disso: tinham que pensar na defesa e segurança do país, pois junto às suas fronteiras viviam tribos nômades de raça semítica para as quais os ricos pastos e os campos de legumes e cereais do reino de Mari eram uma constante tentação. Repetidamente transpunham as fronteiras, penetrando com seus rebanhos em extensas partes do país e alarmando as populações. Era preciso estar de sobreaviso por causa desses invasores. Por isso, foram estabelecidos postos de observação nas fronteiras para vigilância e defesa. Tudo o que acontecia era imediatamente comunicado a Mari. Em Paris, os assiriólogos decifraram uma tabuinha dos arquivos de Mari. Maravilhados, leram um comunicado de Banum, oficial da polícia da estepe: “Diz ao meu senhor: esta é de Banum, teu servo. Ontem saí de Mari e passei a noite em Zuruban. Todos os benjaminitas acenderam sinais de fogo. De Samanum a Ilum-Muluk, de Ilum-Muluk a Mishlan, todos os lugares dos benjaminitas do distrito de Terça responderam com sinais de fogo. E até agora não tenho certeza sobre o que significavam aqueles sinais. Estou tentando descobrir. Escreverei ao meu senhor se o conseguir ou não. Manda reforçar a guarda de Mari e não deixes o meu senhor sair da porta para fora”. Nesse relatório policial do médio Eufrates, redigido no século XIX a.C., surge o nome de uma das conhecidas tribos da Bíblia. Banum fala especificamente dos benjaminitas! E a verdade é que os benjaminitas davam muito o que falar. As dores de cabeça que eles causavam aos soberanos de Mari eram tantas, eram tais os cuidados que lhes inspiravam os benjaminitas, que alguns períodos de governo receberam o nome deles.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 08/10/2016
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