A Inutilidade Útil dos Frutos Invisíveis

Frutos Invisíveis

A bíblia é um livro conhecido pelos cristãos como "livro sagrado", como "palavra de D'us". Diz-se desse livro, ou dessa palavra, que é inerrante, eterna, coerente, inspirada pelo próprio Espírito Santo.

Hoje, apesar de ser cristã, e também por causa de ser cristã, eu me vi refletindo sobre dois trechos de textos da bíblia, que nem mesmo são correlatos, ou possam de alguma forma, gerarem uma aplicação correta da hermenêutica, um para com o outro, mas e daí?

A maioria das nossas perguntas são mais filosóficas, éticas e não-éticas, pessoais, momentâneas, morais -imorais - amorais, do que propriamente teológicas. Sendo assim, dou a mim mesma o luxo desse lixo questionador, que por dentro me consome.

Eu estive pensando aqui, no meu planeta particular, naqueles dois textos bíblicos onde lemos:

-"O segundo estado é pior do que o primeiro"

-"A glória da segunda casa será maior do que a da primeira".

Pensando nisso, levantei algumas questões que não tenho a pretensão utópica de responder. Eu perguntei:

-"Se o segundo estado é pior , mas a segunda casa é mais gloriosa, porque temos tanta dificuldade em saber se estamos no segundo estado melhor, ou se estamos na segunda casa de glória? Por que será que o segundo estado geralmente produz mais aprendizado do que a segunda casa? Por que o primeiro estado, mesmo sendo um estado melhor, pára de nos preencher e por que abrir mão da primeira casa menos gloriosa parece ser tão difícil? Quem realmente permanece do primeiro estado (que é melhor do que o segundo), mas parte para a segunda casa (que é mais gloriosa do que a primeira)? Como determinar?

Sem conseguir responder, eu me lembrei que há um outro trecho bíblico que talvez possa esclarecer qual o estado de alguém e qual a casa de alguém:

-"Pelos frutos sereis conhecidos".

Foi aí que minha teologia, filosófica e pessoal, deu um grande nó. Foi então, que sem querer julgar a palavra do todo poderoso, ou querendo muito fazê-lo, eu pensei nas seguintes questões:

-"Quando uma árvore realmente deu fruto? Quando vemos o fruto inútil pendurado entre folhas, flores e galhos, ou quando o fruto é arrancado para se tornar útil alimentando alguém que está faminto? Mas se for arrancado e comido não pode mais ser visualizado. Então, como saberemos que aquela árvore deu fruto? Se não sabemos, como conhecer a árvore de fato, como saber quem está no segundo estado e quem está na sua casa?

Entendi que não sei nada sobre o outro, assim como o outro não sabe nada sobre mim. Qual a importância disso?

Foi então que formulei a minha primeira resposta tímida:

-"Não ha nenhuma importância em alguém saber se o outro está no seu melhor ou pior estado, ou se a casa o outro está na maior ou na menor glória!Saber disso não tem importância".

Importante mesmo é que o fruto seja útil ainda que essa utilidade não possa ser visualizada! Importante mesmo é não deixar que se morra de fome, só pra ser "cheio de frutos" entre folhas, flores e galhos! Importante mesmo é o amor que vai além das aparências e religiosidades, pois só o amor é virtuoso, poderoso, sobrenatural ao ponto de transportar alguém do seu segundo estado pior para sua segunda casa mais gloriosa!

Só o amor é capaz de ver alguém em seu segundo estado pior e ainda assim oferecer-lhe uma segunda casa mais gloriosa.

Patrícia Carnieto
Enviado por Patrícia Carnieto em 18/09/2016
Reeditado em 19/09/2016
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