Palestina
O consagrado escritor DANIEL-ROPS, da Academia Francesa, no seu A Vida Quotidiana na Palestina no Tempo de Jesus, tradução para o português (Lisboa) de 1961, nos diz que a Palestina, no tempo de Jesus (ano 1), não era conhecida com este nome porque, “na linguagem nobre, o idioma religioso e histórico, diziam: País de Canaã. A palavra encontra- se quase cem vezes na Bíblia para designar, seja um povo, seja uma terra. Eis ainda algo de muito admirável, porque os cananeus, habitantes de Canaã, para os israelitas, tinham também sido inimigos. A tradição bíblica dava-os como descendentes de Cam, segundo filho de Noé, enquanto que Israel tinha Sem, o mais velho, como antepassado. De fato, o termo compreendia o conjunto complexo de povos mediterrâneos, semíticos ou armenóides, que ocupavam a região “de Sidon a Gaza e até Jerasa e a Sodoma” antes da chegada dos bandos de Josué. Os cananeus ocupavam sobretudo as cidades que tinham fortificado e que os juízes de Israel tinham dificuldade em cercar. Seu nome vinha do fenício Kinahhu, que designava a púrpura vermelha, grande elemento de comércio nesses tempos. Dizendo Canaã para nomear a pátria, os israelitas recordavam pois que eles, os errantes do deserto, tinham outrora conquistado, com rija luta, esta terra, porque Deus lhes dera.