O CULTO ACABOU OU NÃO ACABOU?

Os nossos co-irmãos pentecostais, mais especificamente, os seus líderes espirituais, usam de uma prática de, após o culto, imporem as mãos e orarem pelas pessoas presentes na ocasião, a pedido dessas mesmas pessoas, que, muitas vezes fazem questão de que tal ato ocorra.

Não é proibido, tal prática, mas quando ocorrem em circunstâncias continuadas e ou costumeiras, transmitem as seguintes idéias que levanto neste artigo.

1) FICA PARECENDO IGREJA DA CRENÇA FÁCIL: é só orar e tudo estará resolvido.

Basta orar e impor as mãos. Nem sempre acontece naquela grei, com aquele obreiro, a tão necessária, em nossos dias, TERAPIA SOCIAL. O que é terapia social? É quando a Igreja desprende todos os valores para criar, instalar ou mesmo diligenciar para que os fisicamente doentes sejam assistidos com apoio em todos os sentidos: financeiro, acompanhamento e outros que valham para a sua recuperação. Algo que não fique somente na oração. Oração só é muito fácil.

Caso a Igreja não tenha recursos para edificar espaços necessários para isto, que, pelo menos, faça ainda que seja, provisoriamente, na casa do (s) paciente (s).

2) DEMONSTRA POUCO SENSO, pois se a Igreja for constituída de 400, 500, 800 membros ou mais, estes estiverem presentes e todos ou quase todos pedirem a realização de tal prática, quando vai terminar o culto? Torna-se um contra-senso. Parece-se com a prática antiga de quando as pessoas chegavam em um ambiente e se dirigiam pessoa a pessoa cumprimentando a todos individualmente, não importando quantas seriam cumprimentadas com aperto de mão.

3) PARECE DESVALORIZAÇÃO DO MÉTODO DE MASSA (Bíblia exposta e pregada do púlpito), atingindo a massa toda (Igreja ou congregação) de uma só vez. Este método é prudência, sensatez, diligência, concisão, lógica e tempo aproveitado. Não é a Palavra de Deus que cura física e espiritualmente as pessoas? As conversões e mudanças de vidas não ocorrem com a semeadura da Palavra de Deus? Não é a fé que vem pelo ouvir a Palavra de Deus? (Jo 17.20; Rm 10.17). Ou é porque a Palavra de Deus está sendo preterida para se dar ênfase na oração do líder espiritual? Minutos antes, houve toda espécie de alimento espiritual: hinos, cânticos, orações, leituras e exposição da Palavra, não foi o suficiente? Parecendo tudo tal como o agricultor que planta, mas quer o fruto no mesmo dia, sem chuva, sem sol, sem adubos, sem capinas. Tal como o inventor que quer mais inspiração do que respiração (os demorados esforços). É o que parece!

4) DEIXA PATENTE, o inverso do Conselho sábio que o sogro de Moisés (Jetro) lhe deu, em Êxodo 18.13-27. A tarefa era cansativa e contraproducente. Moisés deu ouvidos ao seu sogro, mais experiente no lidar com as questões de seu povo e as coisas fluíram melhor daquele dia em diante. Como atender a um povão que aumenta cada de vez mais com questões pequenas?

Alguém já disse que neste texto de Êxodo – que versa sobre o episódio do conselho de Jetro dado a Moisés, encontra-se a idéia embrionária dos JE (Juizados Especiais) modernos nos fóruns dos países que o adotaram. No Brasil, este sistema está embasado na Lei 9099/1995. Vindo depois outras Leis criando outros Juizados Especiais para casos específicos de grandes demandas, para desafogar a Justiça, neste país, como também desonerar ou desobrigar muitos magistrados, pois as questões de pequenas montas passaram a ser resolvidas pelos juízes leigos, com aproveitamento de funcionários e também estagiários de Direito.

5) NÃO SE PODE CONCORDAR COM OS ATOS PRATICADOS SOMENTE PELOS “ALPINISTAS DA RELIGIÃO” ou os ESPECIALISTAS, uma vez que a Bíblia diz que ... “orai uns pelos outros” ... “a oração feita pelo justo pode muito em seus efeitos”. (Tiago 5.16)

6) NÃO SERIA ESTA PRÁTICA UM CULTO À PERSONALIDADE?

Os fiéis (ou interessados em oração e cura) só procuram o pastor ou missionário, para a imposição de mãos e conseqüente oração! Só eles são enviados? Só eles são servos? Existe alguma outra motivação ou outro sentido?

O culto acabou ou não acabou? Vai continuar até que horas?

Qual (is) a (as) razão (ões) de se prolongar uma prática após o culto normal?

O povo vai embora ou não vai embora? Será que todos que estão aguardando seu (s) familiar (es) e/ou companhia (s) estão esperando com paciência ou esta já se esgotou?

Este (s) parente (s) que espera o fim desta prática quer (em) voltar para ficar (em) “no banco de espera?” no culto seguinte?

Os demais pastores pentecostais que lideram Igrejas grandes, usam também desta mesma prática? Com a palavra os inovadores pentecostais.

Muniz Freire (ES), 21 de agosto de 2016 – Fernandinho do forum