O drama da pobreza
A pobreza está ligada a diversos fatores. Fatores esses, os quais permeiam o atuar humano. Tais como: falta de emprego, moradia, educação, política acessível que vise o social, o religioso e a cultura etc.
No aspecto religioso a pobreza toma uma forma deferente de todas es outra esferas, ao passo que ela se contrapõe a riqueza, como diz José Miguel Ibáñez Langlois:
As vantagens do pobre em relação ao rico é que tem maior facilidade para abrir seu coração à mensagem evangélica. A conversão do rico é possível sempre e quando viva desprendido do material... O que rechaça Jesus da riqueza é a atitude de confiança que o homem põe nela e a maneira em que se usa (Lc 12, 16-21) .
De outro modo, a pobreza implica a falta de oportunidades, de uns, e o acúmulo de riquezas, de outros, como nos ensina São João Crisótomo “Não é o acaso que faz ricos e pobres, mas a rapina e a acumulação de riquezas” . Porém, os grandes responsáveis em moderar o drama da pobreza na vida das pessoas são a política e o Estado, enquanto levantam a faixa do “bem comum”. Mas o que se vê é que “Por trás das grandes fachadas escondia-se [ou, esconde?] muita pobreza” .
O cardeal de Tegucigalpa, Honduras, Dom Oscar Andrés R. Marandiaga persiste em afirmar que “A opção pela justiça e a superação da pobreza pressupõem uma revisão das ações do Estado e da política... essas necessidades são o fundamento da justiça e a perspectiva por onde se começa a vencer a pobreza” .
A superação da pobreza não está meramente no fato de dar esmola. Ela passa, antes, por uma moderação das riquezas por parte de quem tem o poder, visto que essa está em detrimento da pobreza. Todavia, “O amor aos pobres é incompatível com o amor imoderado das riquezas ou o uso egoísta delas” (CEC, 2445). O nosso cardeal ressalta esta lacuna que existe entre a pobreza e a riqueza: os
“Seres humanos ‘de segunda classe’ nos observam: estamos satisfeitos com a nossa vida, mas com medo e inseguros diante da ‘subversão da pobreza’ que surge a partir daqueles que não aceitam morrer sem antes lutar pela sobrevivência numa sociedade globalizada que, antes de gerar empregos, não aceita a evidência que cada emprego sacrificado significa uma família condenada à morte” .
O drama da pobreza está não no pobre, porque Jesus nos ensina no “discurso evangélico” dizendo: “Bem aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino de Deus” (cf. Mt 5, 3). Na Carta Encíclica Rerum Novarum o Papa Leão XIII diz: “Ele, Jesus, que ‘embora sendo rico, se tornou pobre’ (2Cor 8, 9) para a salvação dos homens... chegando até a consumir uma grande parte da sua vida em trabalho mercenário: ‘Não é ele o carpinteiro, filho de Maria?’” (RN, 15). Então, onde está o drama da pobreza?
O seu drama, todavia, se esbarra na riqueza que nem sempre é bem distribuída aos infelizes “de segunda classe”, como disse Marandiaga acima. “Contudo, diz o padre Bernard Lestienne, a riqueza dos ricos se constrói a partir da pobreza dos empobrecidos ”. Assim, a Rerum Novarum nos diz que “Já nade na abundância, já careça de riquezas e de todo o resto que chamamos bens, nada importa isso para a felicidade eterna; o verdadeiramente importante é o modo como se usa deles” (RN, 15).
Padre Joacir Soares d'Abadia, Filósofo escritor