Um barco chamado família
Publicado no Jornal do Commercio
Caminhos da Fé
14.08.2016
A família é o primeiro núcleo social que conhecemos ao nascermos. É a célula da sociedade e nesse local firmamos o nosso primeiro convívio, fazendo parte dos “laços de família” do ponto de vista material. Cada um de nós é parte integrante dessa constelação que Deus nos reservou.
Quando chegamos ao mundo temos obrigações a cumprir ao longo de nossas vidas. Nossos pais, irmãos e outros que formam nossa parentela física estão vinculados ao convívio diário para buscarmos a concórdia e os ajustes dos desacertos de outrora. Encontramos em Mateus 12:46-50: “(...)Falava ainda Jesus à multidão quando sua mãe e seus irmãos chegaram do lado de fora, querendo falar com ele. Alguém lhe disse: "Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem falar contigo"; "Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?
Contudo se não temos conhecimento do processo reencarnatório, torna-se difícil essa missão. A misericórdia de Deus permite-nos constantemente oportunidades para esses encontros que são desafios que enfrentamos para nos corrigirmos e alcançarmos a ambiência fraterna entre os nossos familiares.
São diversas as maneiras que essas provas nos aportam. O confronto de ideais muitas vezes nos leva a choques de opinião e desavenças as mais variadas. De certo modo pode até existir uma verdadeira intolerância contra alguém que nos rodeia e não raro os sentimentos de aversão e ódio se instalam. Como explicar isso? Qual a razão que nos leva a repelir com tanta veemência irmãos ou outros familiares que nunca nos fizeram mal nessa existência? É preciso admitir que essas mágoas e desavenças façam parte das nossas vidas pretéritas.
Se não refletirmos dessa forma ficaremos sempre com dúvidas que nunca serão esclarecidas. Os desajustes entre filhos e pais tão comuns na sociedade traduzem a necessidade desse enfrentamento com renúncia, compreensão e resignação para essas agruras que nos afetam. É necessário aceitar o convívio com as diferenças...
Por outro lado, temos amigos que parecem ser nossos irmãos consanguíneos havendo um afeto intenso e inexplicável... É nesse ponto que os laços espirituais realçam e fazem com que coexista um clima de harmonia e fraternidade. Segundo Rodolfo Calligaris no livro As Leis Morais, Cap.27, pg.56 “(...) Pela lei da reencarnação, ao contrário, as almas amigas se mantêm solidárias, não apenas durante o fugaz período que vai do berço ao túmulo, mas pelos milênios afora, gravitando, juntas, em busca de Deus, nosso Pai Celestial”.(Grifo nosso).
Esse barco tão precioso que chamamos de família e hoje tão desvalorizado merece um cuidado muito especial. É nele que todos nós, sem exceção, singramos os mares das diversas reencarnações que nos propiciam o aprendizado e o crescimento espiritual. São viagens que confirmam a misericórdia do Pai para nosso progresso e revelação como filhos aplicados nas escolas das nossas vidas. Consideremos cada dia como uma oportunidade singular para nos ajustarmos tanto no lar quanto na sociedade, já que o tempo perdido não volta, e se não aproveitarmos essa dádiva Divina estaremos fadados ao insucesso nesse trabalho que nos propusemos realizar e negligenciamos sua consecução.
Luiz Guimarães Gomes de Sá
Trabalha no Centro Espírita Caminhando Para Jesus