Divina Providência e Fraternidade
Assis Silva
“Abandono nos braços da Providência, é o exercício prático da caridade fraterna”
São João Calábria
Uma das mais belas passagens bíblicas é a de Mt 6, 25-34, na qual apresenta um Deus que se preocupa com a sua criação. Principalmente de nós, seres humanos.
Essa passagem bíblica inspirou muitos santos a fazerem obras de bem sempre confiando na Providência Divina. Dentre estes se encontra São João Calábria. O santo Veronês acreditava que a Divina Providência é “uma mãe amorosa”.
Acreditar na Providência não significa que devemos cruzar os braços e esperar que o “maná caia do céu”, mas acreditar que a “multiplicação” dos pães é possível, doando-se ao máximo e acreditando que Deus pode fazer muito através de nós. Em outras palavras partilhar aquilo que temos e somos.
A Providência Divina passa pelas relações e organizações fraternas. Vemos isso claramente na “multiplicação” dos pães e na vida da primeira comunidade cristã. Na “multiplicação”, ou melhor, partilha dos pães Jesus não fez nenhuma mágica. Primeiro Ele manda os discípulos dar de comer à multidão e logo em seguida pergunta, quantos pães tendes. Os discípulos queriam que as pessoas fossem até o povoado mais próximo comprar comida. Porém, nem todos teriam o suficiente para comer. Com a partilha, todos comeram e ainda sobrou comida.
Na vida da primeira comunidade cristã, descrita nos Atos dos Apóstolos, Lucas nos diz que “viviam unidos e possuíam tudo em comum; vendiam suas propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro dentre todos, conforme a necessidade de cada um” (At 2, 44-45). Jesus nos ensina que se buscarmos o Reino de Deus em primeiro lugar, todas as outras coisas nos serão dadas em acréscimo. Com certeza porque se em primeiro lugar nós buscarmos o reino de Deus, certamente iremos partilhar aquilo que temos e viver a fraternidade.
Jesus nos pede para olharmos as aves do céu que não semeiam e não colhem e nem guardam em celeiros, porém o Pai do Céu as alimenta (Mt, 6, 26). Sábias são as palavras de Mahatma Gandhi quando diz: “na terra há o suficiente para satisfazer as necessidades de todos, mas não para satisfazer a ganância de alguns”.
A verdadeira confiança na Divina Providência manifesta-se na caridade fraterna. Pois a equação é muito simples: se Deus é Pai, significa que somos irmãos e se somos irmãos não podemos aceitar que um irmão nosso passe necessidade se temos o poder de ajudá-lo. Se verdadeiramente acreditamos que o mundo todo é de Deus, isso significa que EU não sou dono do mundo. A propriedade de um Pai não pertence a apenas a um filho, mas a todos os filhos.