Dogma da transubstanciação

Padre Geovane Saraiva*

O mistério indescritível da comunhão encontra seu fundamento, do ponto de vista da fé, no Pai-criador, no Filho-salvador e no Espírito-santificador, indicando-nos como é indispensável uma fé firme e inabalável, como família dos filhos de Deus, totalmente aberta e atenta em comunicar a obra da criação, lembrando-me das palavras de Dom Helder: “Quando as palavras somem, quando os cuidados adormecem, quando nos entregamos, de verdade, nas mãos do Senhor, o grande silêncio nos mergulha na paz, na confiança, na alegria... E a voz de Deus se faz ouvir”.

É a voz de Deus a clamar aos cristãos de hoje, dentro da comunidade dos batizados, assim como clamou e penetrou no coração do mundo no decorrer dos séculos em toda a sua plenitude, no exemplo do apóstolo Paulo, chamado e convocado pelo Senhor ressuscitado, a caminho de Damasco, para a missão de ser mestre dos gentios e doutor das nações. Uma vez resgatado, compreendeu o preço de ser seduzido por Deus, ao afirmar com grande paixão: “Ai de mim se eu não anunciar o evangelho” (Cor 1, 16).

Temos o dogma da transubstanciação, o qual chama nossa atenção e faz-nos pensar, a partir do sólido fundamento do edifício eucarístico, na festa de Corpus Christi, na ceia, o sacrifício do Cordeiro de Deus. É importante que fique sempre e cada vez mais claro que as substâncias do pão, no corpo de Jesus, e do vinho, no mesmo sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, permanecem inalteradas nas espécies do pão e do vinho. Ora, devemos, de modo sobrenatural, transformar-nos em Cristo, como o pão se transforma no corpo de Cristo e o vinho no Seu sangue. É Cristo entrando no nosso mundo, não só para chamar a atenção das pessoas, mas para que todos participem da vida de Deus.

Nosso Deus é solidário e próximo de seu povo; é um Deus comunhão que quer não só partilhar a vida entre si, mas quer entrar na vida daqueles que abraçam a fé, buscam respeito, acolhida e compreensão solidária. Pela força da eucaristia, numa enorme vontade de superar diferenças e antagonismos, somos chamados a formar uma só coisa; somos chamados a colocar, diante dos olhos e do coração, um Deus que fez tudo por amor e também cuida de sua obra, enviando-nos como seus ardorosos colaboradores, pela força de sua palavra: “Ide pelo mundo inteiro e pregai o Evangelho a toda criatura” (cf. Mc 16, 15). Assim seja!

*Pároco de Santo Afonso e vice-presidente da Previdência Sacerdotal, integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza - geovanesaraiva@gmail.com

Geovane Saraiva
Enviado por Geovane Saraiva em 26/05/2016
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