João Batista seria reprovado
Se João Batista enviasse o seu currículo para muitas instituições religiosas do presente século, com certeza não seria aceito por muitas delas, pois ele não teria os requisitos exigidos pelas mesmas e ainda seria taxado como uma pessoa subversiva, rebelde e estranha.
E com refutáveis provas bíblicas o qual passo a citar. Quero que todos tenham acesso ao seu currículo e vida privada. Ele certamente foi o primeiro “hippie gospel”, da história. Vivia isolado no deserto. Não usava vestes talares, tinha aversão a Prada, não era cliente da Casa Dior e nunca possuiu nenhuma malinha humilde da Louis Vuitton. A Bíblia relata que João vestia de pelos de camelo e usava cinto de couro, certamente não exalava as essências das colônias de Hugo Boss ou Ralph Lauren.
João Batista não sabia usufruir dos manjares da época, nem tinha gosto refinado e com certeza tinha aversão a uma boa casta de vinhos. Sua alimentação era estranha e um tanto bizarra se alimentava de gafanhotos e mel silvestre.
Sua mensagem não era agradável aos ouvidos, ele não pregava prosperidade, nem os passos para alcançar a felicidade nesta terrinha onde tudo é fugaz e passageiro. Pelo contrário todo seu discurso anunciava mensagem de arrependimento, renúncia e porta estreita. Mensagem ora esquecida nos dias atuais.
Em certa ocasião vários religiosos da época, deixaram a sua zona e conforto. Eles eram os fariseus e saduceus e vieram até o deserto para ouvir sua pregação. E João Batista poderia até ser mais simpático e amável com eles e fazer massagear os seus egos, mas não os fez, os chamou abertamente: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois frutos dignos de arrependimento. Discurso duro assim ninguém quer ouvir, penso que eles foram embora para nunca mais voltar. Talvez eu e você fizéssemos o mesmo.
Também não era politicamente correto, escolheu um partido errado para filiar-se. Ele era do PC (Partido de Cristo). Sua filosofia de vida estava impregnada de idéias comunistas. O peixe morre pela boca e a boca fala o que está cheio o coração, eis suas palavras que passo a citar: Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem; e quem tiver comida, faço o mesmo. Eis a prova que não poderá ser refutada. Enquanto que o mundo nos ensina ajuntar, a ter mais, que aberração, ele nos disse para dividir, repartir. Uma verdadeira contracultura.
Em outra ocasião os publicanos foram até ele, para serem batizados. Eram os desprezados cobradores de impostos normalmente fraudulentos e opressores. E eles perguntaram o que deveriam fazer? E João responde que não deveria cobrar mais do que o estipulado. Indiretamente nas entrelinhas estavam os chamando de ladrões, para um bom entendedor meias palavra basta.
Dois mil anos se passaram e surgiu nova “revelação”, os dízimos quase foram abolidos e criou-se o “trízimos”, para manter o “Opus Dei” que é tão sagrada e intocável. Nas instituições que dessa forma agem, aconselho-te Joãozinho que não envie o seu currículo, pois será considerado anátema. Afinal você não sabe nada sobre construir o seu reininho aqui na terra, pois até parece que veio de outro mundo.
De fato não compreendo João Batista, no primeiro instante recusou-se batizar Jesus Cristo o filho de Deus, mas o batizou, seria mais “upgrade” para o seu currículo. Hoje, porém quantos sacerdotes auto-se promovem ao batizar gente famosa com conversão duvidosa e ainda difundem-se as fotos nas redes sociais, como se fosse um troféu.
Também vários soldados romanos foram ter com João Batista em busca de conselhos e João diretamente lhes disse: Para eles não maltratarem ninguém, que não fizesse falsa denúncia e para que contentasse com o seu soldo. Ele não bajulava ninguém e também não temia o poderio do império romano.
Em seu currículo não há nada que espelha grandeza, não operou curas, nem fez nenhum sinal ou maravilhas. Não construiu grandes templos, não editou nem um livro de auto-ajuda e também não fez cruzadas missionárias para vários países. Será que não tinha fé suficiente?
Outra fraqueza dele, ele certamente não vestir a “camisa do ministério”, para estender o reino denominacional pelos quatro cantos do mundo. Isto está bem claro em uma de suas declarações publicas: Que ele cresça e que eu diminua. Com essa declaração certamente não iria querer divulgar a instituição o qual faria parte. Logo, mais um ponto negativo a seu favor.
João Batista, não tinha “papas na língua”, poderia ter ficado no seu cantinho, mas foi se meter com gente graúda e poderosa. Ele parecia que não tinha muito respeito pelas autoridades, chamou Herodes de raposa em praça publica e ainda o acusou de adultero. Conclusão teve um final trágico, foi decapitado e sua cabeça exposta publicamente em uma festa da alta sociedade.
Eis uma pequena parte do currículo de João Batista que tive acesso, se ele vivesse hoje também não agradaria a muita gente, ele seria uma “pedrinha” no calcanhar de toda casta religiosa, que age em Nome de Deus. Ele seria colocado às margens, seria marginalizado, pois não se encaixaria nos atuais esquemas e moldes religiosos criados pelos homens de “boa vontade”.
Seu currículo poderia até não ser aceito em nenhuma denominação evangélica na face da terra. Mas o mais importante para ele era agradar somente a Deus, e ele certamente assim o fez. Ao ponto de Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo fazer uma menção honrosa a ele, verdadeiro homem de Deus: Em verdade em verdade vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista.