PERDOAR É DIFÍCIL?
PERDOAR É DIFÍCIL?
Se analisarmos friamente o perdão encontraremos um grande obstáculo para pô-lo em prática. Talvez por nossa imperfeição, ou mesmo pelo livre-arbítrio essas pedras de tropeços sejam colocadas em nosso caminho impedindo que o nosso coração possa perdoar. Segundo os dicionários colocados a nossa disposição, perdão é a ação de se livrar de culpa, uma ofensa, uma dívida e etc. O perdão é um processo mental que visa à eliminação de qualquer ressentimento, raiva, rancor ou outro sentimento negativo sobre determinada pessoa ou por si próprio. Etimologicamente, a palavra "perdão" vem do latim perdonare que significa a ação de perdoar, ou seja, aceitar ou pedir desculpas; se redimir em relação a algo de errado. A expressão "pedir perdão" é usada quando alguém reconhece o seu erro e pede desculpas para a pessoa com quem foi injusto.
Exemplo: "Queria te pedir perdão pelo atraso" O termo "perdão" ainda pode ser utilizado como uma fórmula educada e delicada para fazer alguém repetir algo que não foi compreendido inicialmente. Exemplo: "Perdão, qual o seu nome mesmo?" No âmbito religioso, o conceito de perdão está relacionado com o chamado "processo de purificação espiritual", ideia que está presente em quase todas as doutrinas religiosas, e que consiste na eliminação de sentimentos nocivos ao homem, como a raiva, a mágoa ou o desejo de vingança. A ideia do "perdão de Deus" é comum em todas as doutrinas religiosas. Quando um indivíduo comete alguma ação considerada pecado ou que é o oposto às normas propostas por determinada religião, este deve pedir perdão de seus pecados a Deus, através de orações ou penitências.
Os crimes violentos onde o assassinato está presente ou outras ações que tiram as vidas de serem humanos são os mais difíceis de perdoar. O perdão judicial consiste na abolição da culpa de um indivíduo, perante o Estado, quando este comete delitos sob circunstâncias que estão expressamente definidas no código penal, sendo assim dispensado de cumprir uma pena, determinação, obrigação ou ordem judicial. Um exemplo de perdão judicial está descrito no artigo 121, § 5º do Código Penal Brasileiro: "na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária”. Perdoar, ante as Leis Divinas, não se resume a um simples jogo de palavras.
Significa esquecer completamente ofensas e prejuízos sofridos ou ser capaz de lembrá-los sem mágoas ou animosidade contra seus autores, dispensando-lhe o mesmo tratamento fraterno que na verdade, devemos a todos. O perdão sempre foi considerado como atitude difícil. A Doutrina Espírita nos auxilia valiosamente nesse terreno, mostrando a importância e a necessidade, em nosso próprio benefício, de preservarmos nossa harmonia interior nas horas de incerteza e dificuldade, bem como ante as deficiências alheias, sobretudo, de pessoas de nossa convivência, esclarecendo ser uma forma de caridade e de bom coração. Quando falamos de perdão nos lembramos das palavras de Jesus quando de sua crucificação.
Na sua agonia, em pleno sofrimento ele olha para o alto e diz: “Pai perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem”. Por que Jesus teria pedido ao Pai para perdoar os seus algozes? Talvez não estivesse em condições emocionais para o ofício do perdão. O perdão cristão é aquele que lança um véu sobre o passado, é o envoltório da indulgência. É uma das maneiras que temos de mostrar amor ao próximo. Perdoar é não guardar mágoas ou ressentimentos. Como nos explica Humberto Rohden em todas as línguas à palavra perdoar é um composto de dar ou doar. De maneira que perdoar quer dizer doar completamente, abrir mão de si mesmo, dar ou doar o próprio Eu a outrem, neste caso, o ofensor.
Será que atingiremos essa fase de perdoar com tanta facilidade se somos imperfeitos? A perfeição é a essência é a caridade na sua mais ampla acepção, porque implica a prática de todas as outras virtudes. Devemos compreender como perfeição, não a perfeição absoluta, incompreensível para o homem, porém a perfeição moral, que se pode compreender já na Terra e também praticar, elevando-se a criatura as maiores atitudes espirituais compatíveis com o estado de encarnado, atitudes que deixam entrever outras ainda mais excelsas, porquanto deveis considerar que, aos olhos humanos, os espíritos superiores, encarnados, nunca aparecem na sua verdadeira elevação, sempre estão acima do que representam ante a atônita humanidade que os contempla, por mais alto que ela os julgue colocados. Temos que estar em sintonia com o Plano Divino para atingirmos o nosso objetivo. Ele é a evolução e dentro dele todas as formas de progresso das criaturas se verificariam sem o concurso desses movimentos lamentáveis, que atestam a pobreza moral da consciência do mundo.
Ficamos a indagar o que lemos nos livros, principalmente os considerados sagrados, porque o mundo em sua iniciação não foi aquinhoado com o amor e sim com a violência? Desde quando Caim mata seu irmão por inveja. Desde a era de Abel e Caim que o mundo vem passando por massacres, guerras violentas, batalhas pelo poder ou por força da religião. Os povos Hebreus (Judeus) amargaram 3.100 anos de chicote. 430 anos no Egito, 117 anos na Assíria, 70 anos na Babilônia, 203 anos na Pérsia, 270 anos sob os gregos, 699 anos sob os Romanos, 463 sob os Árabes, 814 sob os Turcos, 34 anos sob os ingleses. E se somarmos a carnificina da segunda guerra mundial esse número terá um acréscimo em progressão geométrica.
Será que nunca perdoaram os judeus, mesmo por seus defeitos de resistência ao processo assimilável da cultura e costumes do País onde residem. Segundo domínio financeiro da riqueza universal e por seres usuários por natureza, emprestar dinheiro a juros ser uma tradição entre eles. Cremos que a confiança em Deus de Israel também seja um dos motivos de seus sofrimentos. É bem verdade que a exacerbação da violência com mortes e feridos incapacitados de trabalharam leva o hominal a difícil arte do perdão. Um caso na história mostra a crueldade humana. Os anabatistas foram massacrados e perderam 100mil que foram mortos pelo imperador Carlos V, conseguindo se impor contra os luteranos sob influencia de Ecolampádio, Félix Manz (1498-1527) morto por afogamento, Heinrich Bullinger e Conrad Grebel (1498-1526) e George Blaurock, Ulrich Zwinglio (1484-1531).
Com ele, as forças descontentes com Roma uniram-se para uma reforma na igreja. O nome “anabatista” significa “rebatizar-se”, pois muitos dos irmãos evangélicos estavam insatisfeitos com a reforma de Lutero, já que vários dos ensinos e costumes do catolicismo eram tolerados pelos seguidores do ex-sacerdote, Zwinglio contou com o apoio de um grupo de crentes sinceros já citados. Lutero brigou com o Papa e depois com os próprios companheiros de reforma, como Calvino e Zwinglio. São fatos históricos que aconteceram em épocas passadas e que o perdão não reinou nessa época, pois a demonstração de força aniquilava o tão esperado perdão que está moldado na consciência e nos corações humanos. A prática vai depender da evolução espiritual e da formação psicológica dos hominais. Pense nisso!
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI- DA ACE- DA UBT- DA AOUVIRCE E DA ALOMERCE.