OS ARRAIAIS ESPÍRITAS

OS ARRAIAIS ESPÍRITAS

Empatia é a tendência a se colocar no lugar do outro, tentando se colocar na situação ou circunstância de outra pessoa para compreender melhor o que se passa com ela. Segundo a doutrina espírita, a empatia é fundamental para se fazer caridade, pois sem a faculdade de se colocar no lugar de outra pessoa, de entender seu sofrimento, não é possível sentir-se compelido a fazer caridade, a ajudar o próximo. Religião dos Espíritos é o nome que alguns dão ao espiritismo, mas o espiritismo pouco o usa. Ritual é qualquer cerimônia, normalmente religiosa, mas nem sempre, que segue determinados preceitos.

No espiritismo, não há ritos, pois a doutrina espírita é considerada de foro íntimo, algo a ser crido de forma pessoal, embora alguns ramos do espiritismo como a umbanda, os pratiquem. A umbanda não se enquadra nos ensinamentos de Kardec, no entanto os umbandistas usem os ensinamentos do grande mestre francês. Zélio Fernandino de Morais nasceu em família tradicional de Neves, distrito de São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Em fins de 1908, então com dezessete anos de idade, Zélia preparava-se para o ingresso na carreira militar, na Marinha do Brasil, quando foi acometido por uma inexplicável paralisia, que os médicos não conseguiram debelar. Certo dia ergueu-se no leito declarando “Amanhã estarei curado!”.

No dia seguinte, de fato, levantou-se normalmente e voltou a caminhar, como se nada lhe houvesse acontecido: os médicos não souberam explicar o ocorrido. Os seus tios, padres da Igreja católica, surpreendidos, também não souberam explicar o fenômeno. Um amigo da família, então, sugeriu uma visita à Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro, então sediada em Niterói, presidida, na ocasião, por José de Souza. Na ocasião, manifestou-se por intermédio de Zélio a entidade que se denominou Caboclo das Sete Encruzilhadas, que anunciou a fundação de uma nova religião no Brasil, a Umbanda. Foi fundada, no dia seguinte, em virtude dessa manifestação, a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade.

A partir de 1918, por orientação da mesma entidade espiritual, Zélio viria a fundar mais sete tendas de Umbanda. Tenda Nossa Senhora da Guia (1918); Tenda Nossa Senhora da Conceição; Tenda Santa Bárbara; Tenda São Pedro; Tenda Oxalá; Tenda São Jorge (1935); Tenda São Jerônimo (1935). Aos 55 anos, passou a direção da tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade para as suas filhas Zélio de Moraes Lacerda e Zilméia de Moraes Cunha, já falecidas. Feito isso, fundou a Cabana do Pai Antônio em Cachoeiras de Macacu, no estado do Rio de Janeiro. Na verdade, em fins do século passado, existiam, no Rio de Janeiro, várias modalidades de culto que denotavam, nitidamente, a origem africana, embora já bem distanciadas da crença trazida pelos escravos.

A magia dos velhos africanos, transmitida oralmente, através de gerações, desvirtuara-se mesclada com as feitiçarias provindas de Portugal onde, existiram sempre os feitiços, as rezas e as superstições. As "macumbas" mistura de catolicismo, feiticismo negro e crenças nativas - multiplicavam-se; tomou vulto a atividade remunerada do feiticeiro; o "trabalho feito" passou a ordem do dia, dando motivo a outro, para lhe destruir os efeitos maléficos; generalizaram-se os "despachos", visando obter favores para uns e prejudicar terceiros; aves e animais eram sacrificados, com as mais diversas finalidades; exigiam-se objetos raros para homenagear entidades ou satisfazer elementos da baixo astral. Fonte: http://www.guia.heu.nom.br/origem_da_umbanda.htm). Sempre, porém, obedecendo aos objetivos primordiais: aumentar a renda do feiticeiro ou "derrubar" os que não se curvassem ante os seus poderes ou pretendessem fazer-lhe concorrência.

Os Mentores do Astral Superior, porém, estavam atentos ao que se passava. Organizava-se um movimento destinado a combater a magia negativa que se propagava assustadoramente; cumpria atingir, de início, as classes humildes, mais sujeitas às influências do clima de superstições que imperava na época. Por favor, não confundir Macumba com Umbanda e nem as duas com a Doutrina Espírita, apesar de respeitarmos todas as crenças humanas. Uma nota dissonante que frequentemente ecoa nos arraiais espíritas é o melindre. O melindre tem como sinonímia a delicadeza na maneira de tratar alguém. Pudor; sentimento de constrangimento ou de vergonha. Tendência de se magoar com facilidade; suscetibilidade. Melindre é sinônimo de: aspargo, escrúpulo, pudor, ressentimentos e suscetibilidade.

Podemos ainda associar a facilidade em amuar. Delicadeza afetada ou natural no trato. Cuidado extremo em não magoar ou ofender por palavras ou obras. Recato, mimo, pudor. Escrúpulo. Bolo em que entra mel. Na botânica o mesmo que aspargo-comum. Espécie de trouxas feitas de gemas de ovos, batidas com açúcar e farinha. Segundo nos explicita José Maria Medeiros Souza (Jean-Maria Lachelier) em inúmeras oportunidades para abençoadas realizações na Seara de Luz do Cristianismo Redivivo, muitos alicerces e edificações são destruídos, sem qualquer cerimônia, por causa do melindre. Normalmente o indivíduo que se melindrou assim o fez, por achar que foi injustamente tratado por alguém que não lhe deu o devido valor, ou então, não lhe proporcionou o destaque ao qual achava fazer jus.

Nessa ação, o melindroso supervalorizou em demasia a pessoa que o levou a melindra-se. Como há melindre por supervalorização, também o há por subvalorização, quando alguém se melindra por ter sido alvo do comentário de alguém que ele julga de menor valor ou mesmo inferior e retruca comentando em desabafo: “Quem ele pensa que é?” Ou seja, “Ele não é ninguém! Como se atreve falar de mim?!”. Não queremos trata em particular do melindroso, mas existem “desavenças” em determinados Centros, visto que alguns são irregulares, outros não promovem votação para mudança de diretorias (donos) e os que se acham ameaçados quando um frequentador conhece a fundo os ensinamentos de Kardec.

Vale a recomendação contida no Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XX, item 5, com o título: Trabalhadores do senhor: “Vinde a mim, vós que sois os bons servidores, vós que soubeste calar os vossos melindres e as vossas discórdias, para que a obra não sofresse.”. Dentro do Espiritismo, o melindre toma um vulto maior, não apenas em função da casa e da causa espírita, como também em virtude de o melindre abrir as portas da invigilância, por onde certamente entrarão obsessores, com suas investidas, colocando em situação difícil o trabalho, os trabalhadores e os objetivos da instituição como um todo. Amar e ser amado, perdoar e ser perdoado, praticar a caridade, a fraternidade, praticar o bom senso e promover uma reforma íntima e nada de orgulho e nem ser dono da verdade. Pense nisso!

ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI- DA ACE- DA UBT- DA AOUVIRCE E DA ALOMERCE

Paivinhajornalista
Enviado por Paivinhajornalista em 29/02/2016
Reeditado em 26/06/2017
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