Homilia Pe. Ângelo Busnardo- Quarta-Feira de Cinzas.

QUARTA FEIRA DE CINZAS

10 / 02 / 2016

Jl.2,12-18 / 2Cor.5,20-6,2 / Mt.6,1-6.16-18

Começamos com a missa das cinzas a preparação para celebrar a morte de Jesus provocada pelos nossos pecados. Esta preparação exige arrependimento e penitência: 12 Agora, portanto – oráculo do Senhor – retornai a mim de todo o coração, com jejum, lágrimas e lamentações (Jl.2,12). Com sua morte, Jesus produziu os méritos infinitos com os quais toda a humanidade pode ser salva. Jesus nunca cometeu pecados e, portanto, não precisou se arrepender. Nós somos pecadores e nossa penitência precisa ser precedida pelo arrependimento dos pecados cometidos acompanhado de um propósito firme e evitá-los: 17Entre o pórtico e o altar chorem os sacerdotes e os ministros do Senhor digam: “Senhor, tem piedade de teu povo! Não entregues ao opróbrio a tua herança, para que as nações zombem deles! Por que se diria entre os povos: Onde está o seu Deus?” (Jl.2,17). Para nos salvar Jesus morreu na cruz. De nós Deus pede, arrependimento, rejeição do pecado e penitência.

Para eliminar os pecados cometidos, Jesus instituiu os sacramentos do batismo e da reconciliação. Através de São Paulo, o próprio Deus nos exorta a procurar os sacramentos para nos libertar dos pecados: 20 Portanto, desempenhamos o encargo de embaixadores em nome de Cristo e é Deus mesmo quem exorta por nosso intermédio. Em nome de Cristo vos pedimos: reconciliai-vos com Deus! (2Cor.5,20).

Jesus nunca pecou, mas para nos salvar Deus o fez pecado: 21 Quem não conheceu o pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele fôssemos justiça de Deus (2Cor.5,21). Parece contraditório, mas não é. Efetivamente, Deus fez Jesus pecado. Deus criou Adão e Eva livres do sofrimento e da morte, mas os avisou que seriam submetidos ao sofrimento e à morte se pecassem: 16 O Senhor Deus deu ao homem uma ordem, dizendo: “Podes comer de todas as árvores do jardim. 17 Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não deves comer, porque no dia em que o fizeres serás condenado a morrer” (Gn.2,16-17). Adão e Eva pecaram e para castigá-los juntamente com todos os seus descendentes, Deus amaldiçoou a terra, criando o sofrimento e a morte: 17 Para o homem ele disse: “Porque ouviste a voz da mulher e comeste da árvore, cujo fruto te proibi comer, amaldiçoada será a terra por tua causa. Com fadiga tirarás dela o alimento durante toda a vida. 18 Produzirá para ti espinhos e abrolhos e tu comerás das ervas do campo. 19 Comerás o pão com o suor do rosto, até voltares à terra, donde foste tirado. Pois tu és pó e ao pó hás de voltar” (Gn.3,17-19). A terra foi amaldiçoada por Deus Pai por causa do pecado. Ao se encarnar, Jesus assumiu um corpo feito de terra amaldiçoada por Deus o que o submeteu ao sofrimento e à morte. Portanto foi o Pai que, por causa dos nossos pecados, submeteu Jesus ao sofrimento e à morte, isto é o fez pecado sem Ele nunca ter cometido pecado.

Toda a nossa vida é tempo adequado para o arrependimento, a rejeição do pecado e fazer penitência para salvar a nossa alma. Mas os próximos quarenta dias destinados pela Igreja a preparar a celebração da morte de Jesus são um período no qual devemos concentrar de maneira mais intensa nossos esforços para purificar a nossa alma: 2 Pois ele mesmo diz: No tempo propício eu te escutei e no dia da salvação eu te ajudei. Este é o tempo propício, este é o dia da salvação (2Cor.6,2).

Tudo aquilo que fazemos para a nossa salvação não deve ser exibido perante as pessoas que, como nós, procuram cumprir com fidelidade suas obrigações para com Deus para não perder o mérito espiritual de nossas obras: 1 Evitai praticar as vossas boas obras diante dos outros para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis nenhuma recompensa do Pai que está nos céus (Mt.6,1). Por outro lado, devemos usar nossas obras boas para dar testemunho a aqueles não crêem ou vivem na indiferença na tentativa de induzi-los a nos imitar: 16 É assim que deve brilhar vossa luz diante das pessoas, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus (Mt.5,16).

Além de dar testemunho com nossas boas obras devemos dar testemunho com a nossa voz. Se em nossa família há membros que vivem na indiferença e não se preocupam com a purificação da própria alma, a quaresma é um tempo propício também para a salvação deles. Temos a obrigação de lembrar aos parentes que aqueles que não têm tempo para Deus não podem dizer que amam a Deus, porque demonstramos a Deus que o amamos através da observância dos mandamentos: 9 Como o Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. 10 Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, como eu também guardei os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor (Jo.15,9-10). Aquele que não tem tempo nem mesmo para ir à missa aos domingos não pode dizer que ama a Deus. Quem não dedica a Deus um amor mais intenso do que o amor que dedica a si mesmo se condena: 34 Quando os fariseus souberam que Jesus fizera calar os saduceus, juntaram-se em bloco. 35 E um deles, doutor da Lei, perguntou, para o testar: 36 “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” 37 Jesus lhe respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus, de todo o coração, com toda a alma e com toda a mente. 38 Este é o maior e o primeiro mandamento (Mt.22,34-38). Se chamarmos nossos parentes para a conversão e eles permanecerem na indiferença e se condenarem, Deus não nos pedirá contas. Ma se nada dissermos e os parentes se condenarem Deus poderá pedir contas a nós: 15 Se teu irmão pecar, vai e censura-o pessoalmente. Se ele te ouvir, terás ganho teu irmão (Mt.18,15).

Ângelo José Busnardo

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