A questão do dogma

A QUESTÃO DO DOGMA
Miguel Carqueija

Vez por outra encontro textos de crítica e ataque ao Cristianismo, especialmente à Igreja Católica, onde nos acusam de ser “dogmáticos”. Curiosamente isso parece ser um pecado mortal; o Papa Bento XVI alertou contra a “ditadura do relativismo” que aparentemente prefere a areia movediça à segurança que o dogma traz. Por isso, jogam aos crentes como insulto o termo”dogmático” que na verdade é um elogio.
O dogma é a definição doutrinal que dá substância, caráter e identidade a uma fé religiosa. Nossos irmãos kardecistas, por exemplo, crêem necessariamente na reencarnação, a menos que abandonem o espiritismo kardecista. E se o Catolicismo não tivesse dogmas eu não seria católico.
É interessante observar que nossos irmãos ateus também observam dogmas e bastante definidos em sua religião do Ateísmo.
Posso imaginar logo uma objeção: “mas o Ateísmo não é religião, é o oposto dela!” Ora bem, em termos formais ou de infra-estrutura o ateísmo teórico ou militante é religião sim, e dispõe de diversos dogmas, como podemos aqui elencar;

1 – Deus não existe;
2 - não existe mundo espiritual;
3 – não existem almas ou espíritos,
4 – não existem anjos;
5 – não ha vida após a morte;
6 – não existe qualquer tipo de transcendência, somente a imanência.

Sim, trata-se de dogmas negativos, pois o ateísmo é uma religião negativa; mas são dogmas. Se um ateu acreditar em Deus ele deixa de ser ateu, não é?
Talvez nossos irmãos ateus objetem, como antecipo: “Isso não são dogmas, são apenas definições ou postulados materialistas!” Ora, chamem como quiserem, funcionam como verdadeiros dogmas de fé.
E se afinal até nossos irmãos ateus possuem seus dogmas por que nós católicos, não podemos ter os nossos?

Rio de Janeiro, 27 de janeiro de 2016.