Artigo de Padre Ângelo Busnardo: O Terceiro Segredo de Fátima.

As irmãs que conviveram com a Ir.Lúcia na clausura publicaram um livro utilizando o diário dela: UM CAMINHO SOB O OLHAR DE MARIA. Nas páginas 266 a 269 do livro publicado, é citada uma aparição de Maria à Ir. Lúcia após ter recebido ordens do bispo de Leiria para escrever o terceiro segredo. Nesta aparição Maria autorizou a Ir. Lúcia a escrever o terceiro segredo, mas não a explicação do terceiro segredo. Em seguida, nesta mesma aparição, Maria mostrou e revelou (VI E OUVI) a ação de Deus, purificando o planeta para estabelecer na terra “os novos céus e a nova terra”.

Carta192

18/01/2016

A terceira parte do segredo de Fátima, recebida pela Lúcia em 1917, devia ser publicada somente em 1960. A intenção da Ir. Lúcia era redigir o texto somente no ano em que devia ser publicado. O bispo de Leiria mandou a Ir. Lúcia redigir o texto. Conforme consta no diário da Ir. Lúcia, ela tentou diversas vezes redigir o texto sem conseguir. Em oração, pediu a Deus que lhe revelasse se devia ou não atender ao pedido do bispo. Segue relato tirado do diário da Ir. Lúcia, transcrição do livro “Um Caminho sob o Olhar de Maria”:

Enquanto esperava a resposta, no dia 3-1-1944, ajoelhei-me junto da cama que, por vezes, me serve de mesa para escrever, e de novo fiz a experiência, sem conseguir; o que mais me impressionava, era que no mesmo momento escrevia sem dificuldade qualquer outra coisa. Pedi então a nossa Senhora que me fizesse conhecer qual era a vontade de Deus. E dirigi-me para a capela, eram 4 da tarde, hora que costumava fazer a visita ao Santíssimo, por ser a hora a que ordinariamente está mais só, e não sei porque, mas gosto de me encontrar a sós com Jesus no sacrário.

Segue abaixo o que aconteceu durante esta visita ao sacrário.

Aí ajoelhei-me no meio, junto ao degrau da mesa da comunhão e pedi a Jesus que me fizesse conhecer qual era a sua vontade. Habituada como estava, a crer que as ordens dos superiores são a expressão da vontade de Deus, não podia crer que não fosse. E perplexa, meio absorta, sob o peso de uma nuvem escura que parecia pairar sobre mim, com o rosto entre as mãos, esperava, sem saber como, uma resposta. Senti então que uma mão amiga, carinhosa e maternal me toca no ombro, levanto o olhar e vejo a querida mãe do céu. “Não temas, quis Deus provar a tua obediência, Fé e humildade, está em paz e escreve o que te mandam, não porém o que te é dado a entender do seu significado. Depois de escrito, encerra-o num envelope, fecha-o e lacra-o e escreve por fora, que só pode ser aberto em 1960, pelo Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa ou pelo bispo de Leiria”. E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N’Nele vi e ouvi – A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, - Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com seus moradores são sepultados. O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar, é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco de uma voz suave que dizia: - No tempo, uma só fé, um só batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica. Na eternidade, o Céu! Esta palavra Céu encheu a minha alma de paz e felicidade, de tal forma que quase sem me dar conta, fiquei repetindo por muito tempo: - O Céu! O Céu! Apenas passou a maior força do sobrenatural, fui escrever e fi-lo sem dificuldade, no dia 3 de Janeiro de 1944, de joelhos apoiada sobre a cama que me servia de mesa.

Escrevi outros textos sobre o terceiro segredo de Fátima. Para mim não há dúvidas que o terceiro segredo de Fátima é um aviso divino que indica que a volta do paraíso terrestre – céus novos e terra nova – está para acontecer. A volta do paraíso terrestre foi anunciada no Antigo e Novo testamentos:

1. 17 Sim, vou criar novo céu e nova terra: Já não haverá lembrança do que passou, nisto já não se pensará (Is.65,17).

2. 13 Nós, porém, de acordo com a sua promessa (promessa de Jesus) esperamos novos céus e nova terra em que mora a justiça (2Pd.3,13).

3. No Pai Nosso Jesus confirmou a volta do paraíso terrestre: 10 venha o teu Reino, seja feita a tua vontade assim na terra, como no céu (Mt.6,10). Jesus manda pedir ao Pai um reino no qual a vontade de Deus será feita na terra de forma tão perfeito como ela está sendo feita agora no céu. O único período em que a humanidade toda, na época constituída de um único casal, fez na terra a vontade de Deus de forma tão perfeita como ela está sendo feita agora no céu, foi o período que vai da criação do primeiro casal até eles cometerem o primeiro pecado. Portanto, no Pai Nosso pedimos a volta do paraíso terrestre. Como Jesus colocou este pedido no Pai Nosso é porque está no plano do Pai re-estabelecer novamente na terra, antes do fim do mundo, o paraíso terrestre.

Vejamos o que Deus fez antes de colocar a vida vegetal, animal e humana sobre a terra:

1. Deus fez a luz: 3 Deus disse: “Faça-se a luz”! E a luz se fez (Gn.1,3). O sol tem duas funções iluminar e aquecer. Para que o calor do sol pudesse aquecer a superfície de todo o planeta com a mesma intensidade durante todo o ano era necessário que a terra estivesse posicionada em relação ao sol de forma diferente do que está agora. Para que as árvores produzissem frutos o ano todo, a temperatura do planeta devia ser estável durante todo o ano. Também para que o corpo humano fosse compatível com a natureza não precisando de roupas e nem de casas era necessário que a temperatura da superfície de todo o planeta fosse estável. Antes do pecado, Adão e Eva não precisavam de roupas e nem de casas.

2. Deus reuniu as águas dos mares num único lugar: 9 Deus disse: “Juntem-se as águas que estão debaixo do céu num só lugar e apareça o solo firme”. E assim se fez. 10 Ao solo Deus chamou “terra” e ao ajuntamento das águas “mar”. E Deus viu que era bom Gn.1,9-10). No paraíso terrestre, toda a superfície do planeta tinha apenas dois níveis, um mais baixo para o mar e outro mais alto para os rios, as plantas, animais e seres humanos. Para que houvesse ar, água e comida em todo o planeta, durante todo o ano, era necessário que a água potável estivesse dividida em pequenos córregos espalhados por toda a superfície da terra. Na parte emersa da terra não havia montanhas e conseqüentemente não havia também vales.

3. Tanto os animais como os seres humanos se alimentavam de elementos produzidos pelas árvores: 29 Deus disse: “Eis que vos dou toda erva de semente, que existe sobre toda a face da terra, e toda árvore que produz fruto com semente, para vos servirem de alimento. 30 E a todos os animais da terra, a todas as aves do céu e a todos os seres vivos que rastejam sobre a terra, eu lhes dou todos os vegetais para alimento”. E assim se fez (Gn.1,29-30).

Deus colocou em ordem a superfície da terra antes de criar as plantas, os animais e os seres humanos, portanto, sem a morte de seres vivos. Para estabelecer na terra novamente o paraíso terrestre – céus novos e terra nova – Deus colocará novamente em ordem a superfície da terra, desta vez com as plantas, os animais e os seres humanos sobre ela: 1 Eis que o Senhor devasta a terra e a desola, transtorna sua superfície e dispersa os habitantes. 2 E acontecerá o mesmo ao povo como ao sacerdote, ao escravo como ao senhor, à escrava como à patroa, ao vendedor como ao comprador, ao que empresta como ao que toma emprestado, ao credor como ao devedor. 3 A terra será totalmente devastada e inteiramente saqueada, porque o Senhor pronunciou esta palavra. 4 A terra está de luto, ela murcha, desfalece e murcha o universo, desfalecem os lugares altos juntamente com a terra. 5 A terra foi profanada pelos habitantes porque transgrediram as leis, passaram por cima dos preceitos, romperam a aliança eterna. 6 Por isso a maldição devorou a terra e são culpados os que nela habitam. Por isso os habitantes da terra foram consumidos e restaram poucos homens (Is.24,1-6).

Quando as águas dos mares forem deslocadas para um único local, as águas dos rios grandes forem deslocadas para formar pequenos córregos espalhados em toda a superfície do planeta (15 O Senhor secará o golfo do mar do Egito, agitará sua mão contra o rio, com a força de seu sopro. Ele o ferirá nos seus sete canais, que será possível atravessar com sandálias Is.11,15) as montanhas forem abaixadas e os vales preenchidos uma porcentagem altíssima das plantas, animais e seres humanos morrerão.

Para que a temperatura se mantenha estável em toda a superfície da terra durante o todo o ano é necessário que Deus mude a posição do planeta em relação ao sol. Na visão em que Maria autorizou a Ir. Lúcia a escrever o texto do terceiro segredo, mostrou-lhe Deus mexendo com o eixo da terra:

E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N’Nele vi e ouvi – A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, - Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com seus moradores são sepultados. O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar, é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha.

Na visão em 1917, conhecida como o terceiro segredo de Fátima, a Lúcia viu o papa atravessando uma cidade parcialmente destruída, rezando pelas almas dos defuntos que encontrava ao longo do trajeto: o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trémulo com andar vacilante, acabrunhado de dôr e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho. Em 1917, Deus mostrou a Lúcia a cidade de Roma destruída. Na visão de 1944, Deus mostrou o planeta todo sendo destruído.

Na primeira vinda de Jesus, Maria grávida foi enviada a Jerusalém para santificar João Batista que devia receber uma infusão do Espírito Santo antes de Nascer: 15 Ele será grande diante do Senhor. Não beberá vinho nem licor e desde o ventre de sua mãe estará cheio do Espírito Santo (Lc.1,15). No primeiro encontro de Maria com Isabel esta missão foi cumprida: 41 Aconteceu que, mal Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança saltou em seu ventre; e Isabel, cheia do Espírito Santo (Lc.1,41).

Maria não foi e não ficou na casa de Zacarias para ajudar Isabel, porque ela não precisava de ajuda. Os sacerdotes Do templo eram bem pagos e Isabel tinha empregados para ajudá-la. Maria volta para Nazaré mais ou menos um mês antes de João Batista nascer. Uma mulher que vai ter um filho preciso de ajuda nas últimas semanas antes do parto e nos primeiros meses depois do parto. Se Maria tivesse ido à casa de Isabel para ajudá-la com os serviços da casa, teria ido perto do nascimento de João Batista.

Apesar de ter deixado o marido em Nazaré que não sabia que ela estava grávida, Maria ficou ainda três meses em Jerusalém. O templo de Jerusalém era servido por vinte e quatro equipes de sacerdotes (Cf.1Cr.24). Cada equipe servia durante uma semana. Em três meses, Maria deve ter falado com quase todos os sacerdotes, avisando-os que o Filho que estava esperando era o verdadeiro Messias. Os sacerdotes conheciam as profecias e sabiam que, segundo o profeta Miquéias (Cf.Mq.5,1), o Messias devia nascer em Belém. Como nenhum deles - nem mesmo Zacarias, pai de João Batista – orientou Maria a mudar para Belém conclui-se que não acreditaram nela. Porém os sacerdotes da época não foram tão perversos a ponto de colocar Maria num cativeiro, impedindo-a de cumprir a missão que tinha recebido de Deus. Os sacerdotes falharam, mas Deus não falha. Usando um decreto do imperador de Roma, Deus fez seu Filho nascer em Belém.

Em 1917, através de Maria, Deus confiou à Lúcia uma informação importante para a Igreja com ordem de divulgá-la em 1960. Deus chamou a Lúcia para a vida consagrada na congregação das Doroteias. Se a Ir. Lúcia tivesse ficado na congregação das Dorotéias, em 1960 teria podido revelar o terceiro segredo e falar o que sabia. A vocação vem de Deus e não do Vaticano.

Em 1944, forçada pelo bispo de Leiria, Lúcia redigiu o texto do terceiro segredo e o entregou ao bispo. O bispo enviou o texto ao Vaticano. Deus nunca teria dado à Irmã Lúcia a missão de divulgar o terceiro segredo em 1960 e depois a impedido de cumpri-la. Os eclesiásticos do nosso tempo, além de não preparar a Igreja para aquilo que está para acontecer, obrigaram a Ir. Lúcia a sair da congregação das Dorotéias e entrar na clausura impedindo-a de cumprir a missão que ela tinha recebido de Deus através de Maria. Como a Ir. Lúcia não tinha sido chamada por Deus a viver na clausura, deve ter sofrido muito. Para ela, a clausura deve ter-se tornado um verdadeiro cativeiro. Na clausura, a Ir. Lúcia podia rezar, mas não podia evangelizar. Se tivessem deixado a Ir Lúcia na congregação das Dorotéias, ela teria podido rezar e também exercer uma grande atividade evangelizadora.

Foi Pio XII que colocou a Ir. Lúcia no cativeiro. Mas os papas que o sucederam até João Paulo II que governava a Igreja no ano em que Ir. Lúcia morreu a mantiveram no cativeiro e em 1960 não divulgaram o terceiro segredo. Os bispos do mundo inteiro deviam ter reagido e tentado impedir o Vaticano de prender a Ir Lúcia num cativeiro, mas nada fizeram. Todos os papas e a maioria dos bispos que dirigiram a Igreja de 1944 quando a Ir. Lúcia foi colocada no cativeiro até à morte dela já morreram. Não posso imaginar que argumentos usaram para justificar, ao ser julgados por Deus, tamanha falta de caridade com a Ir, Lúcia. Espero que Deus tenha tido misericórdia com todos eles.

Em 13 de maio de 1981, João Paulo II sofreu um atentado na Praça de São Pedro. O primeiro tiro visava a cabeça do papa e era fatal. No momento em que o terrorista apertou o gatilho o papa virou a cabeça e a bala não o acertou. O atirador era bom no gatilho, porque, apesar da ação dos seguranças do papa, conseguiu acertá-lo com outros tiros sem atingir outras pessoas. Em minha opinião, o atentado foi uma chicotada que Deus deu ao papa na tentativa de induzi-lo revelar o terceiro segredo e soltar a Ir. Lúcia do cativeiro. Mas nem mesmo o chicote divino foi capaz de induzir o papa e seus assessores a obedecer à ordem de Deus. Se o terceiro segredo tivesse sido divulgado em 1960 ou mesmo em 1981 e a Ir. Lúcia tivesse podido falar o que ela sabia, a Igreja hoje seria diferente.

Código : carta192a

Pe. Ângelo José Busnardo