JESUS OU BARRABAS – QUEM VOCÊ ESCOLHE

Há algum tempo atrás lê um texto em que um escritor afirmava que Jesus tinha cometido crimes políticos contra Roma e que Barrabas não tinha cometido crime algum e por isso foi solto por Pilatos. Tal escritor chegou a essa conclusão tendo em vista a ausência factual do crime cometido por Barrabas, ou seja, o escritor bíblico não afirma claramente qual foi o crime cometido por Barrabas, mas afirma que ele era um preso conhecido e que havia participado de um motim, onde uma pessoa havia sido morta. Essa questão me levou a escrever sobre o assunto e tecer inúmeras considerações sobre o caso, tendo como base a própria narrativa bíblica dos evangelhos como se segue.

A Bíblia Sagrada relata que Jesus foi preso e levado a julgamento perante Poncio Pilatos, representante romano e prefeito da Judéia por acusações feitas pelos lideres religiosos judeus. As acusações eram de cunho religioso e não político como descrito em (Mt. 27.11).

As ações de Jesus, ensinamentos e milagres incomodava muito os fariseus e lideres de Israel que há muito tempo tinham deixado de lado uma vida reta e santa diante de Deus para viverem segundo seus próprios interesses, manipulando o povo como queriam. Jesus durante todo o tempo de seu ministério acusava esses lideres de não viverem uma vida segundo os preceitos de Deus e sim sobre uma falsa religiosidade desgastada pelo tempo. Jesus afirmou que eles eram hipócritas, que não queriam entrar no reino dos céus e ainda não deixavam os outros entrarem.

Nos seus discursos, Jesus citava muito a lei mosaica, pois ele a respeitava. Por isso, muitos ficavam maravilhados com seus ensinamentos. Mas, os fariseus o temiam porque Jesus representava uma ameaça ao status que eles possuíam há muito tempo perante aquela população oprimida. Por isso, Jesus dizia que ele não veio para os justos, mas para todos aqueles que ouviam as suas palavras e se arrependiam de seus pecados. Não é a toa que Jesus arrastava multidões que ficavam maravilhadas com seus discursos.

O ponto chave da questão é que os Judeus não aceitaram Jesus como seu rei, principalmente pelas suas características peculiares. Pois, no lugar de um rei forte e guerreiro nos moldes de Moises e Davi, Jesus pregou a união e o amor ao próximo, principalmente em relação aos inimigos. Jesus anunciava o Reino dos Céus e dizia ser o seu representante, filho de Deus e igual ao pai. Essas afirmações, somado com o fato de que Jesus perdoava pecados escandalizou os lideres religiosos dos judeus, que passaram a persegui-lo.

Ao ser levado perante Pilatos ficou claro para este, que Jesus não havia cometido crime algum (ordem política). Jesus deixou que os príncipes dos sacerdotes o acusassem (crime religioso) e nada respondia (Mt 27.13). Esse fato fez com que Pilatos ficasse maravilhado (Mt 27.14). A própria mulher de Pilatos o aconselhou a não entrar na questão daquele justo, pois durante a noite, num sonho havia sofrido muito por causa dele (Mt 27.19). Pilatos sabia que não havia motivos para condenar Jesus a crime algum (Mt. 27.18). Jesus não representava ameaça alguma aos seus domínios. Então procurando soltar Jesus, Pilatos se lembrou que na páscoa dos judeus era costume soltar um preso, escolhendo o povo aquele quem quisesse. “Então, eles tinham um preso bem conhecido chamado Barrabás”. Em Mt 27.16. fica claro que Barrabas era bem conhecido não pela sua boa índole, mas pela suas mas ações. No versículo 17 e 21 Pilatos pergunta ao povo sobre quem ele deveria soltar? O povo escolheu Barrabas. Porque? O versículo Mt 27.20 responde a esta pergunta de maneira contundente. Pois, os príncipes dos sacerdotes e anciãos persuadiram o povo a escolher Barrabas e a matar Jesus fato confirmado pelo versículo de (Mc 15.11). Então vendo Pilatos que o povo havia escolhido Barrabas perguntou: “Que farei então de Jesus, chamado Cristo? Disseram-lhe todos: Seja crucificado” (Mt 27.22). Pilatos ainda perguntou: “Que mal ele fez?” (Mt 27.23). O povo não deu a mínima para essa pergunta. A única coisa que queriam naquela altura era punir Jesus com a crucificação, a mando do lideres judaicos, fato que mostra o poder de dominação que estes tinham sobre o povo. Pilatos, por fim, vendo que nada iria resolver a questão lavou as mãos (Mt 27.24), dizendo que estava inocente daquele sangue. O povo então disse que o seu sangue deveria cair sobre toda a nação de Israel e seus filhos (Mt 27.25), se esquecendo que o próprio Jesus ensinou como deveriam perdoar os pecados. Pois “aquele que não tem pecado que atire a primeira pedra”. Os judeus exatamente derramaram sobre si sangue inocente, que não cometeu crime algum. Com certeza este sangue será cobrado por Deus. Em seguida Barrabas foi solto e Jesus foi levado para ser acoitado e crucificado.

Até Judas, o traidor, ao perceber o grave erro que havia cometido se arrependeu e foi devolver as trinta moedas de prata que havia ganho dos sacerdotes para entregar Jesus. No versículo de Mt 27.4 Judas diz que havia pecado, traindo sangue inocente. “Os sacerdotes disseram: o que nos importa? Isso é contigo”. Fica claro que os sacerdotes tramaram contra Jesus e sabiam que ele era inocente.

A Biblia deixa claro quem era Barrabas em (Mc 15.7). Ele era um amotinador. Não fala que ele foi o assasino de uma pessoa no motim, mas que o mesmo havia participado no mínimo sendo cúmplice. Fica claro que as características de Jesus e Barrabas são bem diferentes. Pois, Jesus em momento algum usou a força para anunciar e impor o evangelho. Até mesmo a espada de Pedro, ele fez com que o mesmo guardasse. Jesus ainda disse a Pilatos em Jo 18.36: “Ao que lhe afirmou Jesus: “Meu Reino não é deste mundo. Se fosse, os meus servos lutariam para impedir que os judeus me prendessem. Mas, agora, meu Reino não é daqui.” Fica claro com essa fala que Jesus não tinha interesse algum de ordem política. Seu reino não era aqui. Então para que praticar crime de ordem política? A distinção entre Jesus e Barrabas é brutal como a própria análise das escrituras demonstram. Não tem como trocar Barrabas por Jesus. Jesus foi condenado não por vontade de Pilatos, mas por força dos lideres religiosos de Israel que influenciaram o povo. Se numa semana antes os filhos de Davi clamaram a entrada de Jesus na cidade, essa opinião mudou exatamente porque os lideres de Israel, assim os forçaram. Colocar Jesus no lugar de Barrabas, o acusando de crime político e ainda inocentá-lo é um absurdo como quer afirmar alguns. Mesmo que os evangelhos não fale que ele era culpado diretamente, o mesmo querendo ou não estava preso a algum tempo e Jesus havia apenas sido detido para um interrogatório, que culminou com sua condenação e morte.

Para que Jesus fosse acusado de crime político qualquer, ele precisaria renunciar todas as suas características, ensinamentos e sua própria História. Nenhum dos evangelistas afirma tais coisas. Vale lembrar que Jesus ensinava ainda a todos a respeitar as leis romanas dizendo: “Dei a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21).

Diante do exposto, fica claro que Jesus foi crucificado acusado injustamente de um crime de ordem religiosa e não política. Não era Barrabas que estava sendo acusado de crime religioso e sim Jesus. Pilatos ao julgar Jesus constatou que o mesmo era inocente, não havendo cometido crime algum contra a ordem política estabelecida. Os lideres religiosos de Israel forçaram Pilatos a condenar Jesus que depois de inúmeras perguntas não encontrou nada que justificasse uma pena ao mesmo. Por fim, ao decidir sobre soltar um prisioneiro como manda o costume de Israel, o povo forçado pelos lideres de Israel acabaram escolhendo Barrabas em detrimento de Jesus. Diante disso, Jesus tomou o lugar de Barrabas, ou melhor, o seu castigo e foi crucificado. Na cruz ele pagou um alto preso. O castigo que nos trás a paz. Lá ainda ele foi declarado inocente por um dos que estavam com ele. Diante disso, não restam dúvidas sobre a questão. Cabe a cada um escolher – Jesus ou Barrabas.

Bíblia Árvore da Vida