Homilia Pe. Ângelo Busnardo- Natal/ A Sagrada Família.

NATAL 2015

25 / 12 / 2015

Is.52,7-10 / Hb.1,1-6 / Jo.1,1-18

Para salvar as nossas almas Jesus, ao se encarnar, assumiu um corpo feito de terra amaldiçoada como o nosso (Cf.Gn.3,17). Aqueles que estão procurando salvar a própria alma exultam de alegria: 8 Atenção! Teus vigias levantam a voz, gritam em coros de alegria; pois vêem com os próprios olhos que o Senhor volta a Sião. 9 Entoai cantos de alegria, ruínas de Jerusalém, pois o Senhor confortou seu povo, resgatou Jerusalém (Is.52,8-10). Aqueles que esqueceram que dentro o próprio corpo tem uma alma para salvar transformam a comemoração do nascimento de Jesus numa oportunidade para fazer negócios. Poucos, cheios de alegria espiritual, vão à igreja agradecer Jesus por ter colocado a salvação à disposição de todos. Muitos, cheios de alegria mundana, comemoram o nascimento de Jesus com comilanças. A alegria verdadeira de alguns os acompanhará também após a morte. A alegria mundana dos outros se transformará em sofrimento após a morte.

A missão salvadora de Jesus foi anunciada pelos profetas: 1 Muitas vezes e de modos diversos, falou Deus outrora a nossos pais pelos profetas (Hb.1,1). Quando Jesus se manifestou publicamente poucos o reconheceram, porque a maioria esperava um rei poderoso e quem se apresentou foi “o Servo Sofredor”.

Deus gerou um único Filho, Jesus. Assumindo um corpo humano, Jesus deu a todos os seres humanos a possibilidade de se tornarem irmãos dele e conseqüentemente filhos adotivos de Deus: 12 Mas a todos que a receberam, aos que crêem em seu nome, deu o poder de se tornarem filhos de Deus; 13 estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (Jo.1,12-13). Porém, poucos aproveitam a oportunidade oferecida por Deus, se tornam irmãos de Jesus e herdeiros com Ele: 2 Nos últimos dias nos falou pelo Filho, que constituiu herdeiro de tudo, por quem criou também o mundo (Hb.1,2). A herança daqueles que se tornarem filhos adotivos de Deus e conservarem a filiação divina até à morte é um lugar na casa do Pai.

No céu todos fazem a vontade do Pai. Quem quiser morar com Deus deve fazer, durante esta vida, a vontade de Pai do céu. Deus revelou a vontade dele através dos mandamentos. O primeiro mandamento nos ensina que devemos dedicar a Deus um amor maior do que o amor que dedicamos a nós mesmos: 36 “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?”37 Jesus lhe respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus, de todo o coração, com toda a alma e com toda a mente. 38 Este é o maior e o primeiro mandamento. 39 Mas o segundo é semelhante a este: Amarás o próximo como a ti mesmo. 40 Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (Mt.22,36-40).

Para salvar-se não basta cumprir o segundo mandamento, porque o segundo mandamento é semelhante e não igual ao primeiro mandamento. Nós somos semelhantes a Deus, mas somos infinitamente inferiores a Ele. O segundo mandamento é semelhante ao primeiro, mas lhe é infinitamente inferior ao primeiro mandamento. São Paulo diz que alguém pode dar todos os seus bens aos pobres e não se salvar: 3 E se repartir toda a minha fortuna e entregar meu corpo ao fogo mas não tiver a caridade nada disso me aproveita (1Coe.13,3).

Jesus colocou a salvação à disposição de todos, mas se beneficiam da salvação somente aqueles que fazem na terra a vontade de Deus. Muitos vivem na ilusão que serão salvos apenas porque não prejudicam o próximo. O amor ao próximo é importante, mas sem o amor a Deus expresso pela observância dos mandamentos, o amor ao próximo é inútil.

A SAGRADA FAMÍLIA

27 / 12 / 2015

Eclo.3,3-7.14-17ª / Cl.12-21 / Lc.2,41-52

A família é uma pequena sociedade constituída de um homem, uma mulher e filhos. Em toda sociedade deve haver quem manda e quem obedece. Na família em que o pai e a mãe são honestos e sensatos, quem deve mandar é o pai: 1 Filhos, escutai a advertência de um pai; e assim agi, de maneira a serdes salvos (Eclo.3,1). Além de obedecerem, os filhos devem honrar o pai: 3 Quem honra o pai, expia os pecados; 4 quem glorifica a mãe, é como se acumulasse tesouros. 5 Quem honra o pai será alegrado pelos filhos e, no dia em que orar, será atendido (Eclo.3,3-5). Se o pai é adúltero, alcoólatra, viciado em drogas ou desequilibrado, a mãe deve assumir o comando da família.

Maria tinha feito um voto de virgindade: 34 Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, pois não conheço homem?” (Lc.1,34). Para manter o voto precisou casar com um homem que concordou em assumi-la como esposa respeitando o voto de virgindade dela. Na época, morriam muitos homens jovens na guerra. Por isto, toda mulher, ao atingir a idade reprodutiva, era obrigada a casar e ter filhos. Se uma mulher em idade reprodutiva não tivesse marido, era colocada junto a um homem, mesmo que tal homem tivesse outras mulheres, para que pudesse ter filhos. Se Maria permanecesse sozinha teria sido forçada a aceitar um marido e não teria podido manter o voto de virgindade. Estando casada e não tendo filhos, Maria teria sido considerada estéril, mas não podia ser forçada a mudar de marido.

Ao casar pela primeira vez, segundo o costume judeu da época, a mulher permanecia na casa dos pais e, somente após aproximadamente um ano, os dois passavam a morar juntos. Durante este período, a mulher podia ter relações sexuais e engravidar, pois ela era legalmente casada. Foi neste período que Maria recebeu a visita do anjo Gabriel e concebeu por obra do Espírito Santo. Além de ser tornar a mãe do Messias, Maria recebeu a missão de santificar João Batista que estava sendo gerado por Isabel na região de Jerusalém: 13 Mas o anjo lhe disse: “Não tenhas medo, Zacarias, porque foi ouvida tua oração. Isabel, tua mulher, vai te dar um filho a quem darás o nome de João. 14 Ficarás alegre e muito feliz, e muitos se alegrarão com seu nascimento. 15 Ele será grande diante do Senhor. Não beberá vinho nem licor e desde o ventre de sua mãe estará cheio do Espírito Santo (Lc.1,13-15).

Como Maria não morava com o marido José, a ordem de ir a Jerusalém foi dada diretamente a ela. As obrigações para com Deus são superiores às obrigações para com os demais membros da família. Recebendo ordens de Deus, Maria partiu imediatamente para Jerusalém: 39 Naqueles dias, Maria se pôs a caminho e foi apressadamente às montanhas para uma cidade de Judá. 40 Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. 41 Aconteceu que, mal Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança saltou em seu ventre; e Isabel, cheia do Espírito Santo (Lc.1,39-41).

A partir do momento em que Maria foi morar com José, apesar de José não ser pai de Jesus e ser apenas legalmente marido de Maria, todas as ordens dadas por Deus para a família foram direcionadas a José. Quando para escapar da perseguição de Herodes a família precisou fugir para o Egito, foi a José que Deus enviou um anjo em sonhos: 13 Depois que partiram, um anjo do Senhor apareceu em sonho a José e disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e fica lá até que eu te avise, pois Herodes vai procurar o menino para o matar”. 14 José levantou-se, tomou o menino e sua mãe e partiu de noite para o Egito (Mt.2,13-14). Após a morte de Herodes, foi para José que Deus deu ordem para voltar para Israel: 19 Quando Herodes morreu, um anjo do Senhor apareceu em sonho a José no Egito 20 e disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e volta para a terra de Israel, pois já morreram os que procuravam matar o menino”. 21 José levantou-se, tomou o menino e sua mãe e foi para a terra de Israel (Mt.2,19-21). Como a região onde ficava Belém era governada pelo filho de Herodes, Deus avisou José que devia voltar para Nazaré: 22 Mas, tendo ouvido que Arquelau reinava na Judéia em lugar de seu pai Herodes, teve medo de ir para lá. Avisado em sonho, retirou-se para a região da Galiléia. 23 Foi morar numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que foi dito pelos Profetas: Será chamado nazareno (Mt.2,22-23).

Ângelo José Busnardo

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