VIVENDO À SOMBRA DO PASTOR

VIVENDO À SOMBRA DO PASTOR

Estive pensando sobre a vocação das esposas de pastores que servem de tempo integral. A maioria são guerreiras anônimas, discretas, sem voz, sem vez, sem objetivos a serem conquistados. Não quero soar dramático; contudo creio que muitas tiveram sonhos abortados, metas interrompidas em nome do ministério de seu esposo.

Quantas não desejariam ter seu próprio trabalho para poderem terem seu “salário” e poderem planejar o atendimento de suas respectivas necessidades. Estas abnegadas mulheres de Deus (e do pastor também) vivem sempre no anonimato, sendo vistas meramente como a esposa do pastor. A grande maioria também casaram muito jovens, e logo em seguida se viram envolvidas em muitas atividades no ministério pastoral de seus esposos.

Espera-se que a mulher do pastor seja uma dedicada serva, uma guerreira na oração, uma ótima conselheira, que seja a mais simples das mulheres da igreja, que seja muito hospitaleira, limpa, boa dona de casa e uma mãe exemplar, por fim uma esposa amorosa. Junto a tudo isso, ela deve reger bem, pregar, cuidar do Deptº de Senhoras, ser habilidosa em liderar o público feminino, uma visitadora nos lares da igreja, que louve bem, que tenha sempre uma palavra de ânimo a quem lhe procurar!!!

Essas são apenas algumas cobranças que o ministério que não lhe diz respeito acaba trazendo. Alguns até questionam o termo genérico que lhe é atribuído “pastora”, e afirmam pastora não! Esposa do pastor! Essas mulheres precisam de acompanhamento espiritual! Até mesmo em casa muitas das vezes não encontram na pessoa do seu “pastor” o apoio de que precisam. Infelizmente muitas dessas mulheres estão frustradas com o ministério, com a igreja, que em alguns caso é vista como “aquela” que tomou o seu esposo, que outrora tão dedicado a família e ao relacionamento conjugal, agora não tem mais tempo para tal.

Outro fator que tem causado tristeza nessas mulheres é serem preteridas em relação as prioridades elencadas pelos seus esposos, nesse caso muitos priorizam a igreja, o seu ministério, seus projetos e acabam esquecendo-se que a sua esposa precisa ser lembrada. Muitas gostariam de voltar a estudar, fazer uma faculdade, ou quem sabe se profissionalizar para atuar no mercado de trabalho, mas são impedidas pelas obrigações do ministério pastoral e quando não, são proibidas pelos seus esposos.

Quantas dessas esposas estão vivendo a “obrigação” de acompanhar seus maridos em projetos e lugares que não querem? Quantas tem deixado sonhos e projetos para trás para que o ministério pastoral prospere? Quantas não já perderam o prazer de servir na igreja e servir a igreja? Quantas não estão vivendo distanciadas da espiritualidade que antes praticavam? Quantas não estão sendo cobradas além de sua capacidade? Quantas não tem mais prazer de adentrar ao um culto onde congrega? Quantas não vivem tão solitárias? Quantas não se encontram cercadas de pessoas, porém sem amigas para dividir o fardo? Quantas não estão querendo abandonar o ministério que Deus lhes deu? Quantas não acreditam mais que seus sonhos se tornem realidade? Quantas dessas mulheres estão à beira de um colapso espiritual e psicológico?

Esposas de pastores precisam de pastoreio. Precisam de acompanhamento espiritual, precisam de alguém para ouvir seus dilemas, para ajuda-las a superarem tantos traumas, cobranças, etc.

Se fosse feito um censo entre essas mulheres, ficaríamos surpresos com as estáticas que apontariam para insatisfação de muitas delas. Para a frustração de muitas que perderam o senso de utilidade, de significado e de dignidade. Não que esta missão ocasione isso, todavia, a forma como ela é realizada é o que causa preocupação. Espero que esse alerta possa ajudar a despertar o nosso olhar para essas mulheres, para a sua tão relevante atuação no ministério, no desenrolar das atividades pastorais, familiares, sociais em uma igreja.

Por mais guerreira que uma esposa de pastor seja, por mais espiritual que ela possa ser, é uma mulher com todas as fragilidades que o sexo feminino pode ter. Por isso, oremos por essas mulheres, ajudemo-las a desenvolverem a sua árdua missão de compartilhar o ministério pastoral. Sugiro um trabalho na área de liderança para estas mulheres! Um dia ou mais para elas estarem reunidas para serem ministradas especificamente sobre as suas necessidades como obreiras na seara do Senhor!

Luciano Costa (9 de dezembro de 2014)