A dor como bálsamo d´alma
Publicado no Jornal do Commercio
Caminhos da Fé 13.12.2015
Inegavelmente ninguém gosta da dor porque ela nos conduz ao sofrimento. A dor física pode ser amenizada pelo imenso arsenal terapêutico que a medicina dispõe. Mesmo assim, muitas delas ainda persistem dando-nos aflições incontidas. Há também a dor de cunho moral, que a medicação comum “anestesia” em parte as agruras que passamos.
Se considerarmos a dor como lição de vida, ela nos será útil em nosso processo evolutivo e nos elevará nessa caminhada. Quando sofremos somos impelidos a orar rogando o amparo da misericórdia Divina, para vencermos as aflições.
Mas a prece não fica restrita aos que sofrem, já que aqueles que nos tem afeto são solidários dessa aflição e também realizam preces para nossa recuperação. Dessa forma temos o lado “bom” naquilo que consideramos “ruim”... A dor serve para minimizar as agruras d´alma acelerando nosso processo de crescimento e unindo-nos ao Criador nos momentos difíceis.
Com essa visão entendemos que o sofrimento é útil para nos depurarmos das mazelas que acumulamos no passado, cujo tempo não podemos precisar... Enquanto estivermos na intermissão, nossa evolução tem seguimento e no tempo arbitrado pela Espiritualidade Superior, passamos por um processo reencarnatório, ocasião em que assumimos os compromissos da nova existência corpórea.
Poderemos, assim considerar a dor como necessária para esse mister, da mesma forma que nos sacrificamos para saldar nossos débitos de ordem material. Se assim entendermos será menos penoso o enfrentamento dos nossos percalços para seguirmos adiante sem lamúrias e questionamentos maiores.
A irresignação é um grande obstáculo que devemos transpor. No esforço empreendido para vencê-la, estaremos adotando uma postura sábia e com o auxílio da paciência chegaremos às reflexões necessárias para nosso processo de crescimento constante.
No livro O Evangelho Segundo o Espiritismo Cap.V – item 13 consta: “ (...) O homem pode suavizar ou aumentar o amargor de suas provas, conforme o modo por que encare a vida terrena. Tanto mais sofre ele, quanto mais longa se lhe afigura a duração do sofrimento”
Em Mateus 5:4 temos a palavra de Jesus: “Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados”. Bastaria atermo-nos nas palavras do Mestre para que pudéssemos por nós mesmos mitigarmos nossos sofrimentos exercitando a resignação.
A Doutrina Espírita ensina que Deus nos criou “simples e ignorantes”. Devemos entender que não nascemos para sofrer, já que nossa origem foi sem mácula, mas em tempos imemoráveis tomamos rumos equivocados que nos levaram a contrariar as Leis Divinas.
Nada obstante ser de nossa inteira responsabilidade os débitos contraídos no passado, contamos sempre com a solidariedade daqueles que nos tem afeto trazendo-nos conforto nesse constante processo de reparação até o dia em que estaremos livres na condição de Espíritos Puros, segundo O Livro Dos Espíritos - Parte Segunda – Cap. I – questão 112, ”Caracteres Gerais - Nenhuma influência da matéria. Superioridade intelectual e moral absoluta, com relação aos Espíritos das outras ordens.”