A Barca de Pedro

A BARCA DE PEDRO
Miguel Carqueija


A expressão “Barca de Pedro” equivale a “Barca da Igreja” já que Pedro é o seu condutor original, por delegação do próprio Cristo. De certa forma, todos os papas são Pedro, daí a expressão “Cathedra Petri” (a Cátedra de Pedro) referente aos textos de ensinamento dos pontífices.
Mas por que barca? Devemos lembrar que São Pedro, um dos primeiros Apóstolos convocados pelo Divino Mestre, era pescador e tinha uma barca. E o próprio Jesus lhe disse, que faria dele um “pescador de homens” (Lc 5,10). Como símbolo da Igreja, portanto, a expressão “Barca de Pedro” é perfeitamente bíblica e em nada ofende a primazia de Cristo. Lembro que o escritor protestante WLD discordou do uso dessa expressão, mas não vejo base alguma nesta objeção.
Jesus, ao se retirar na Ascenção, deixou a Igreja visível aos cuidados imediatos de homens mortais, prometendo porém a proteção até o fim do mundo (Mt 28,20). Porém, o posto principal foi de Pedro e, logicamente, de todos os seus sucessores. O chamado Primado de Pedro é uma outorga do próprio Jesus como estas palavras não deixam lugar a dúvidas:


“Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do reino dos céus e tudo o que ligardes na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra será desligado nos céus.” (Mt 16, 18-19)


Mas como já esbarrei com argumentos esquisitos, adianto que, embora fossem doze os apóstolos, entre eles Pedro se destaca e isso mesmo durante o tempo de pregação do Mestre, como a leitura dos Evangelhos deixa bem claro. Ele é sempre o Apóstolo mais citado e o que mais toma iniciativas. Errou, sim, mais de uma vez; mas confirmado após a Ressurreição de Cristo,e pelo menos a partir de Pentecostes (descida do Espírito Santo) passou a operar nele a infalibilidade papal, garantia divina de que a Igreja não se desviará para a heresia, e será fiel a Cristo até o Dia do Juízo Final.
Pedro — e por extensão os papas que vieram depois, inclusive o atual Francisco — é o condutor da Barca da Igreja ainda que, é claro, esteja abaixo de Jesus. Causa dor no coração ver como os nossos irmãos protestantes evitam falar em Pedro, na Virgem Maria, em São José; é mais fácil falarem em Isaías, em Salomão, em Jacó, em Abraão, ou seja, em figuras do Antigo Testamento. Será isto, ser fiel à Bíblia?


Rio de Janeiro, 23 de outubro de 2015.


(imagem arquisp)