Quem é Deus?
O título deste texto é o mesmo título de um livro de teologia filosófica de Battista Mondin, Editora Paulus. Nessa obra, há uma rigorosa reflexão sobre Deus, apresentando o que os homens pensaram a respeito do divino durante a história da humanidade até hoje, incluindo o pensamento dos filósofos ateus. Mas não é baseado nesse livro profundo e rigoroso que eu desejo me expressar neste momento. Quero dizer apenas, em poucas palavras, o que penso sobre Deus, como partilha de algo que penso ser bom.
Concordo com o padre Anthony de Mello. Gosto dos livros que ele escreveu. Em uma de suas obras, esse sacerdote afirma: “Deus não é como dizemos que ele é; nada do que imaginamos ou pensamos. Isso é o que há de errado com as palavras e pensamentos. A maioria das pessoas permanecem (sic) presas às imagens que fizeram de Deus... Na Índia, há muitas rosas. Suponhamos que eu nunca tenha cheirado uma rosa na vida. Pergunto como é o perfume de uma rosa. Poderiam me descrever? Se vocês não podem descrever uma coisa simples como o perfume de uma rosa, como alguém poderá descrever uma experiência de Deus? Todas as palavras são inadequadas. Deus é totalmente além disso” (Caminhar sobre as águas, 7ª edição, 2002, páginas 13 e 14). Sobre Deus, ele cita Tomás de Aquino: “Não sabemos o que ele é” (p. 14). Na página 14, Anthony de Mello afirma: “Se isso é verdade, o que são então as Escrituras? Bem, elas não nos dão um retrato de Deus, nem uma descrição; dão-nos uma pista. Porque as palavras não podem nos fornecer um retrato de Deus”. Na página 15: “É o silêncio o primeiro passo para chegar a Deus e entender que as ideias sobre Deus são todas inadequadas. A maioria das pessoas não está pronta para entender isso...” Segundo esse sacerdote, escritor e místico, “Deus é um mistério! Desconhecido, ininteligível, além da mente!” Na página 13: “Que há de errado com as palavras e os pensamentos? São limitados”.
Eu não me canso de buscar a Deus, de buscar o Ser que me criou, que me trouxe à vida, mas eu não sei quem é esse Deus. Ele é totalmente mistério, totalmente desconhecido. Eu sei que Ele existe porque eu não sou a causa de mim mesmo, nem os meus pais são a primeira causa de mim. O mundo não é obra do acaso. O acaso jamais conseguiria e jamais conseguirá fazer uma obra perfeita. O acaso não consegue criar a vida. O Cosmo não é obra do acaso. A casualidade não consegue ser causa da perfeição.
Quem é Deus? Não sei! Eu só sei que eu sou obra de um Ser que eu chamo de Deus. Eu sinto a presença Dele em mim. Eu sinto que Ele me ama e me protege. Cito Battista Mondin: “Para o homem, Deus é tudo: sua causa primeira e seu fim último, a fonte de sua vida, a luz da sua inteligência, a chama da sua esperança, o objeto do seu amor. Por isso, o homem jamais deve cessar de buscá-lo com todas as forças do espírito, da mente, da vontade, em todos os instantes da sua vida”. E, segundo Jesus Cristo, não há um lugar específico para adorar a Deus: “Deus é espírito, e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade” (João 4, 24). E ainda: “Quando vocês rezarem, não sejam como os hipócritas, que gostam de rezar em pé nas sinagogas e nas esquinas, para serem vistos pelos homens. Eu garanto a vocês: eles já receberam a recompensa. Ao contrário, quando você rezar, entre no seu quarto, e reze ao seu Pai ocultamente; e o seu Pai, que vê o escondido, recompensará você” (Mateus 6, 5-6).