O QUE APRENDI COM GÊNESIS – 4 – A CRIAÇÃO DE UMA NAÇÃO

O CONFLITO DE PODER ENTRE DEUS E O HOMEM

Gênesis 12 é um daqueles textos divisores na Bíblia, assim como existem esquinas nas nossas vidas. Em Gênesis 12, Deus chama um homem, Abrão, para segui-lo e lhe faz enormes promessas. E não é à toa que o chamado de Abrão, logo mais à frente será chamado de Abraão, ocorra logo após a Torre de Babel.

Mas as raízes do entendimento correto do chamado de Abrãao remetem amais longe do que a Torre de Babel, na verdade iniciam no jardim do Éden, no Paraíso. Há um conflito que vemos existir desde o inicio. E parece que o mundo tem uma configuração ideal, que é o Jardim de Deus. Lá, no Jardim de Deus, quem manda é Deus. As coisas no Jardim são feitas de maneira que é claro que é Deus quem manda. Mas expulso do jardim o homem quis agora fazer o seu mundo e ao querer mostrar a sua sociedade humana, sem Deus, quer mostrar que agora, aqui, fora do Jardim, quem manda é o homem e não Deus. Há um conflito, um enorme conflito entre Deus e os homens, de poder.

Mas Deus manda no Jardim e julgou o homem dentro do Jardim, mas o homem saiu do Jardim e Deus os julgou fora do Jardim também, com o Diluvio. Deus julga dentro do Jardim e julga fora do Jardim, o que demonstra claramente que Deus julga o que é dEle e a Ele pertence.

E ai o homem tenta novamente o seu mundo ideal, sem Deus, logo após o Dilúvio, com a Torre de Babel e Deus vem e confunde os planos e as falas e os povos são dispersos, criando nações oriundas dessa maldição, com tamanhos e configurações e povos amaldiçoados. As nações estão amaldiçoadas por causa da vontade obstinada humana de fazer as coisas do seu jeito e não da maneira de Deus.

Mas Deus já tinha profetizado uma linhagem em Gênesis 3.15, de onde viria o Messias que pisaria a cabeça da serpente: Jesus Cristo. Vê que temos um problema então? As nações são oriundas, são filhas, da Torre de Babel e portanto estão amaldiçoadas e o Messias não pode vir de uma linhagem amaldiçoada, e agora?

E ai Deus nos surpreende mais uma vez ao escolher um homem e prometer que dele Deus formará uma nação para si.

ABRAÃO, ESCOLHIDO PARA SER NAÇÃO.

“Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.”

Gênesis 12.1-3;

“Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o SENHOR a Abrão, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê perfeito.

E porei a minha aliança entre mim e ti, e te multiplicarei grandissimamente.

Então caiu Abrão sobre o seu rosto, e falou Deus com ele, dizendo:

Quanto a mim, eis a minha aliança contigo: serás o pai de muitas nações;

E não se chamará mais o teu nome Abrão, mas Abraão será o teu nome; porque por pai de muitas nações te tenho posto;

E te farei frutificar grandissimamente, e de ti farei nações, e reis sairão de ti;

E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti.”

Gênesis 17:1-7

Deus deu direcionamento e fez promessas a Abraão, entre elas constam essas: Sai da tua terra; Te farei uma nação; Te abençoarei e abençoarei os que te abençoarem; Em ti serão benditas todas as famílias da terra; A tua descendência herdara a terra.

1. SAI DE TUA TERRA - “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei.” (Gn 1.1) Deus fez promessas grandiosas a Abraão, mas todas elas dependiam de uma coisa básica: Abraão se colocar em movimento.

Sempre nós queremos a benção de Deus, mas se ao Deus mandar, nós não nos movimentarmos em direção à bênção, nada vai acontecer.

Existe um outro fator aqui envolvido que merece toda a nossa atenção, que é o chamado de Deus para andar pela fé, sem sabermos para onde ir. Deus Ele vai nos dizendo o que fazer, conforme vamos caminhando com Ele e não antes. Não sabemos onde está a chegada, só conhecemos a linha de partida. E isso pode ser um problemão para muita gente. Andar por fé é ir segundo a revelação em sonho à noite, ou segundo a palavra do profeta. Andar pela fé é caminhar sem saber pra onde. O que importa na caminhada com Deus, não é a chegada, mas a própria caminhada com Ele. Andar com Deus é sair da zona de conforto e ir, deixando para trás aquilo que conheciamos como base para nossas vidas.

E não tem outro jeito de chegar na terra que Deus vai mostrar, quando eu me dispuser a andar, se eu não andar. As promessas de Deus dependiam desse passo básico de fé, que era seguir Deus pela fé, sem saber o que o futuro reservava, mas crer, que Deus iria zelar e honrar cada passo e o futuro estava com Deus e o futuro era Deus.

Abraão foi chamado para sair da sua terra, deixar os seus parentes e seus pais e ir para uma terra que Deus ainda iria lhe mostrar, quando ele se dispusesse em caminhada. Só quando as malas estivessem prontas, dentro do caminhão de mudança é que Deus iria dizer pra onde ele iria.

Tudo dependia desse imenso passo de fé. E isso explica por que tem tanta gente que nunca terão uma fé, como a de Abraão, que se dispõe a largar tudo o que construiu para trás, em busca de um sonho, que nem seu é, mas de Deus para nós e em nós, através de nós.

2. UMA NAÇÃO – O chamado de Abraão era muito grande, ele foi chamado para ser uma nação, e é lógico que com um chamado desses, Abraão teria que ser testado ao extremo.

Não entendemos que os espinhos na carne serão conforme o tamanho da revelação. Conforme a revelação ou o chamado do ministério que cada um tem, será o espínho na carne, ou os problemas que cada um terá. Precisamos aprender a lidar com os problemas que nos sobrevem, no Espírito. Se estamos na casa que Deus revelou, trabalhando no emprego que temos certeza que foi Deus quem deu, casados com a pessoa que Deus trouxe, na Igreja que Deus direciona, se houverem problemas, devemos buscar a solução em Deus. Algumas coisas Deus vai fazer em nossas situações, outras vamos precisar aprender e somos nós que vamos fazer. A toda e qualquer situação Deus tem um escape, ou uma maneira melhor de agir. Precisamos então andar com Ele, em comunhão e santidade e Deus vai revelar o que fazer e como agir em cada situação que surgir.

A Bíblia nos mostra que Davi enfrentou muitos inimigos, esperou uma orientação para guerrear com alguns e fugiu de outros, e a todo momento estava direcionado por Deus. Cada situação é uma situação e só Deus para saber omo melhor agir em cada uma.

Esse assunto nos fala ainda sobre agir o melhor possível em cada situação, sabendo que todos seremos julgados pelas nossas ações. Conforme diz a palavra, se o coração não nos condenar, então colocamos aquele plano em prática. Mas sabemos também que existem situções que estamos encurralados e não existe outra opção a não ser daquele jeito e se não tem outro jeito, terá que ser daquele mesmo. A única coisa que não é permitido é o pecado. Agir pela fé é agir com Deus. Deus nunca nos colocará numa situação onde o melhor é pecar, isso é improcedente.

Faça o melhor em cada situação e não terá nada que se arrepender no futuro.

3. TE ABENÇOAREI E ABENÇOAREI OS QUE TE ABENÇOAREM – Há uma mudança muito grande de perspectiva no chamado de Abraão. A maneira de Deus tratar os homens muda radicalmente em Abraão. Deus vai abençoar ou julgar o mundo, conforme o tratamento do mundo conosco.

Vê-se que a ação de Deus agora não é mais a primeira, mas a segunda. A ação de Deus não é uma ação, mas uma reação. Conforme abençoarem ou amaldiçoarem a Abraão, será a maneira que Deus irá tratar com a pessoa. O chamado de Abraão é extensivo a todos os cristãos, então isso valia para todo o Israel do Antigo Testamento e vale para nós cristãos do Novo Testamento.

Nessa frase: “Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem”, surge uma nova perspectiva, nós vamos e Deus vem depois. Vamos imaginar que Deus venha um dia ou dois depois. Nós vamos indo e nos deparamos com as pessoas ou povos e as pessoas ou povos vão entrando em contato com a Igreja e alguns abençoam a Igreja, enquanto outros a amaldiçoam. Esse ato de abençoar ou amaldiçoar é espontâneo, no que me chama muito mais a atenção o ato de alguém nos abençoar, nos querer bem e querer que tudo nos vá bem. Esse ato de abençoar é espontâneo, não é forçado, Deus não obriga a ninguém gostar de nós e se alguém gosta, gosta porque gosta e isso é muito bonito. O contrário, a maldade, também é espontâneo, porém desconfio que não seja tão inócuo assim, mas que o Diabo possa estar por detrás disso.

Vamos dizer que Deus chegue dois dias depois e se depare com a situação onde alguém nos recebeu bem ou a situação onde somos maltratados. Como você acha que Deus agiria? Como você agiria?

4. EM TI SERÃO BENDITAS TODAS AS FAMILIAS DA TERRA

Quero pensar duas coisas nesse item com vocês, primeiro que é maravilhoso quando nos deparamos com alguém que é uma benção para a sua família, para o seu lar, para os seus amigos, no seu trabalho, na escola, em qualquer lugar. Tem gente que acrescenta e isso é muito bom.

Me lembro de Gênesis 50 onde ficaram de luto por Jacó durante setenta dias, sendo ele embalsamado durante quarenta dias e no sepultamento choraram durante sete dias, com tanta dor no coração que as pessoas ficaram admiradas do choro, por causa do amor que tinham a Jacó.

A PROMESSA DE UMA GRANDE NAÇÃO - Fazendo uma restrospectiva notamos que Deus chamou Abraão para uma Terra Prometida. O propósito da chamada era que Deus estava criando uma nação a partir de Abrãao. Mas não uma nação qualquer, mas um reino de sacerdotes e uma nação santa (Exodo 19.6), de onde viria Jesus Cristo o Salvador.

O pacto com Israel e o Novo Testamento – Apesar de sua chamada, a anação de israel foi incrédula, desobediente e rejeitou o Evangelho. Ainda assim Deus mantém um plano de salvação para o verdadeiro Israel (Romanos 9-11).

A FORMAÇÃO DO ESTADO DE ISRAEL – A história comprova o propósito especial de Deus com a nação de Israel. Deus protege diretamente a nação de Israel e a todos os que pertencem a ela. No Novo Testamento a Igreja é conhecida como o Israel de Deus. Entretanto em virtude da desobediência, Deus dispersou Isarel pelo mundo, com a promessa que um dia voltariam às suas terras. O retorno à Terra Prometida se fez em 1947, onde o Novo Estado de Israel foi proclamado por um ato do brasileiro Osvaldo Aranha, que presidia uma reunião da Assembleia Geral da Onu. O Brasil tem está bênção, pesando sobre si.

5. A TUA DESCENDÊNCIA HÁ DE HERDAR A TERRA

A promessa de Deus a Abraão e a sua bênção sobre ele, estendem-se, não somente aos seus descendentes físicos, como também a todos aqueles que com fé genuína aceitarem e seguirem a Jesus Cristo, a verdadeira “posteridade” de Abraão.

AS TRÊS PARTES DE UMA MESMA PROMESSA -

1. O Descendente - Fica claro em Gálatas 3:16 exatamente quem é o descendente. Aquele texto disse, “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo.”

2. Todas as Nações - No discurso de Pedro em Atos 3:25-26 ele disse aos judeus, “Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus estabeleceu com vossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência, serão abençoadas todas as nações da terra. Tendo Deus ressuscitado o seu Servo, enviou-o primeiramente a vós outros para vos abençoar, no sentido de que cada um se aparte das suas perversidades”. “Todas as nações” inclui judeus e gentios. O evangelho “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego” (Romanos 1:16).

3. Bênção - Essa promessa tem a ver com o perdão dos pecados. O texto diz que Deus através de Cristo abençoa “no sentido de que cada um se aparte das suas perversidades” (Atos 3:25-26).

Assim a promessa diz que em Jesus Cristo todos, quer judeu, quer gentio, pode ser abençoado, isto é, podem ter seus pecados perdoados.

CONCLUSÃO

A antiga discussão: “Quem manda sou eu”, que víamos no Gênesis, primeiro no Jardim do Éden e posteriormente no mundo, o que ocasionou o julgamento no Jardim e fora do Jardim, mudou de lugar, mas ainda existe. Agora a discussão é: “Quem manda na Igreja”. Nós chegamos a ouvir líderes equivocados dizerem, ou agirem nos termos: Quem manda sou eu. Essa discussão ultrapassa a hora, o tempo, o clero, a liturgia, os ouvintes ou colaboradores e é dirigida diretamente a Deus. O líder que bate de frente, dizendo: Quem manda sou eu, está em pé de guerra e não é com a congregação, mas com Deus e sinto dizer que entre Deus e o líder equivocado que acha que manda alguma coisa, o líder já sai perdendo. Quem fala, ou age de forma a querer demonstrar que é ele quem manda na Igreja, mesmo tendo a Palavra e o Espírito Santo presentes, está em guerra de poder, com Deus. E sou obrigado a dizer, que entre o líder e Deus, o líder já perdeu.

Muitos pastores agem como se a Igreja fosse uma empresa, não é. A Igreja é uma comunidade que se explica como uma irmandade, uma fraternidade, que é uma vida em comum entre irmãos. A Igreja se explica como um aprisco, ou abrigo das ovelhas e se são ovelhas, tem-se obrigatoriamente que se ter um pastor e quem manda é o Deus/Pastor.

Muitos pastores terrenos não entenderam que a obrigação dos pastores é pastorear e não ser um Diretor Executivo, ou Investidor Principal da Igreja. Essa idéia de Pastor/Diretor é equivocada. Pastor que é pastor gosta de cuidar de ovelhas, de estar com elas, de cuidar delas, se preocupa se elas tem fome ou frio, se preocupa em alimentá-las corretamente com alimento sólido e não com palavras baratas que agradam mais o ego do que pregam a Jesus.

Quando vemos em grandes Igrejas seus líderes brigando entre si, nos termos de “Quem manda sou eu”, podemos ver a velha rixa de Gênesis, do homem imaginando que pode medir forças com Deus. Não pode.

Deus tem promessas gloriosas para o seu povo, mas importa que o seu povo venha a gir pela fé e se por a caminho. Só quando nos movimentarmos é que Deus irá efetivamente agir a nosso favor. Precisamos caminhar, para que Deus possa vir abençoando os que nos abençoam. E só seremos nação que alcança a Terra Prometida quando agirmos pela fé e obediência à Palavra e ao Espírito.

Deus nos abençoe!

Paulo Sergio Larios