O QUE APRENDI COM MARCOS

O EVANGELHO DE MARCOS

São quatro os Evangelhos registrados na Bíblia: Mateus, Marcos, Lucas e João. Evangelho significa boas novas de salvação. Um Evangelho não é uma biografia da vida, mas sim um relato do ministério de Jesus.

Marcos inicia o seu Evangelho dizendo que esse era o principio do Evangelho de Jesus. Em Marcos, o primeiro Evangelho escrito iniciam as boas novas a respeito de Jesus, o Messias.

Jesus foi batizado com 30 anos de idade, que era a idade da maioridade à época, onde os homens poderiam concorrer a um cargo publico como o sacerdócio, por exemplo. Existe, exatamente por causa disso, uma enorme curiosidade de como era a vida de Jesus antes dos 30 anos.

Maria e José, seu pai adotivo, tiveram outros filhos e filhas e como Jesus era o primogênito, ele acabou cuidando dos seus irmãos. Em algum momento entre a adolescência de Jesus e o inicio de seu ministério, José morreu. A prova de que José não morreu quando Jesus era muito pequeno, é que Jesus aprendeu com José o oficio de carpinteiro, e essa profissão é que proporcionou a renda principal da família. Jesus se tornou com a morte de José o responsável pela família.

A VIDA OCULTA DE JESUS

Há muita curiosidade do que fez Jesus dos 12 aos trinta anos de idade. Há quem diga que Jesus foi à Índia aprender com os grandes sábios. Há quem diga (não estou brincando) teorias que dizem que ele teve contato com extra-terrestres durante esse tempo. Na verdade a Bíblia não nos fala a respeito do que ocorreu nessa época. Há quem diga que ele fez milagres não registrados na Bíblia. João 1:46 afirma que Jesus veio de Nazaré, uma vila pequena, um local humilde.

Há dois pontos de vista aqui, e os dois apontam para um escândalo, ou uma decepção com Jesus, mesmo antes dele iniciar o seu ministério. Um deles é dos que não tem fé, que não acreditam num Messias, um salvador do mundo, um líder mundial, mas sim num homem iluminado, um sábio, um mestre nas palavras. E como é que poderia um sábio tão grande ter surgido de uma cidadezinha tão humilde? Daí criaram então teorias que coadunassem melhor com a estatura do sábio Jesus. Os ensinos de Jesus eram muito revolucionários e não caberiam numa vilazinha como Nazaré. Diz-se então que Jesus foi à Índia aprender com os sábios, ou então que foi levado por extra-terrestres e aprendeu com eles. Tudo isso porque não aceitaram que viesse algo bom de Nazaré. Aqui o problema é de causa e efeito. Jesus deve ter vindo de algum lugar onde aprendeu a sua doutrina. Vir de Nazaré era um escândalo.

O outro ponto de vista é dos que tem fé. Para esses o problema não é de causa e efeito. Não é preciso explicar com outras teorias quem é Jesus, se sabemos que ele é o filho de Deus. Mas também existe um escândalo aqui, o escândalo do desperdício. O mundo estando ai, precisando ser salvo e Jesus, o Salvador fazendo cadeiras e portas no fundo de uma carpintaria. Esses acreditam que Jesus já veio com essa sabedoria do alto, baseados em Tiago 3 - mesmo que lendo o texto entendamos um pouco diferente do proposto por eles. Trinta anos mudo e quando abre a boca os nazarenos estranharam e até perguntaram, já sabendo: Não é este o filho de José e de Maria?

TRÊS LIÇÕES SOBRE OS ANOS OBSCUROS DE JESUS

Como nos lembra o Padre Paulo Ricardo, Jesus não desperdiçou o seu tempo nesses anos obscuros. Na verdade esses anos de obscuridade, que foram a maior parte da passagem de Jesus com os homens, não foram um desperdício, foram um aprendizado. Três lições são lembradas aqui.

A primeira lição é que Jesus ouviu, ele escutou, ele esteve no meio do povo, vendo, ouvindo, percebendo.

A época da vida de Jesus foi uma época de tremenda opressão por parte dos romanos. Jesus viu, ouviu, escutou, percebeu as necessidades do povo. Formam muitos dias ouvindo da parte de Deus, aprendendo sobre o que deveria fazer quando em ação.

A segunda lição é que Jesus esteve mudo. Muitos motivos nos levam a crer que Jesus era um gênio. Aqui precisamos dissociar o Jesus humano, do Jesus divino. Jesus esteve durante essa época exclusivamente como humano, portanto, assim como nós, esteve sofrendo o eu sofremos e aprendendo como nós aprendemos. E não poderia ser diferente pois se o fosse de que valeria a sua ajuda? Jesus, o homem, o Mestre, o sábio, o maior pregador da história, era totalmente focado e dedicado ao seu trabalho. Durante trinta anos, os anos da obscuridade de Jesus, ele esteve mudo. Essa é uma tremenda lição para nós. Jesus esteve a maior parte da sua vida ouvindo, aprendendo, percebendo e acumulando experiência e sabedoria.

Que tentação não é o novo cristão sair pregando, sem saber pregar? Que tentação não é ensinar, sem ter aprendido corretamente, não é mesmo? Aliás o neófito é proibido biblicamente de pregar e de ser ungido a algum ministério. Neófito, o jovem convertido, não pode ser ungido a nada e nem deve falar na Igreja. Para ensinar, deve-se ter aprendido primeiro não é mesmo? Jesus esteve trinta anos aprendendo. Jesus nem acenou que tinha o poder que tinha, a sabedoria que mostrou, ou a palavra revolucionária que pregou. Jesus agüentou chegar o momento, a hora correta.

E é de chamar muito a atenção ao a Bíblia nos dizer que o milagre da transformação da água em vinho foi o primeiro milagre de Jesus. Jesus não havia realizado milagre algum até a água transformada em vinho. Foge da Bíblia se imaginar que Jesus realizou milagres quando era criança, ou adolescente, ou um homem caminhando para a maturidade.

O terceiro ponto é que Jesus trabalhou. A realidade é menor do que aqueles que não tem fé gostariam, mas maior do que os que tem fé. Jesus viveu a vida plena e ordinária. Um dos maiores mistérios e muito pouco entendidos e pregados é que Jesus viveu uma vida ordinária, simples, comum.

Um dos maiores mistérios é ser cristão vivendo uma vida comum, simples, ordinária, sem milagres, ou dons, ou pregações e ensinamentos enormes. A questão é apenas viver a vida, ser um crente comum que vive, que trabalha, que tem seus afazeres, mas que aprende sempre, que ouve, sabe, percebe.

Onde estava Jesus durante esses anos obscuros? Ele estava vivendo uma vida normal, trabalhando e cuidando da sua família.

JESUS, O CARPINTEIRO QUE DESCOBRIU QUE ERA DEUS

“Não é este o carpinteiro?” (Marcos 6:3)

Como diz o Comentário Barclay Novo Testamento, na Introdução de Marcos, não há Evangelho que nos apresente uma imagem tão humana de Jesus. A Imagem retratada em Marcos é tão humana que os outros evangelistas a modificam como se temessem dizer o que Marcos havia dito. Para Marcos Jesus é simplesmente o carpinteiro. Mateus 13:55 diz que Jesus é “o filho do carpinteiro”, como se a identificação de Jesus com um artesão fosse um atrevimento.

O entendimento que temos da revelação que os Espírito Santo nos dá é progressiva, assim foi no Antigo Testamento e assim é no Novo Testamento. Deus se revela conforme vamos efetuando a obra de Deus. Quanto mais o buscarmos, nos consagrarmos, mais Deus fala e revela. O ministério de Jesus começou quando ele batizou nas águas e não antes, portanto o que ocorreu antes era irrelevante, tirando poucas passagens. Mas ao lermos a Bíblia, vamos notando a respeito do Evangelho de Cristo e da própria pessoa de Jesus, que conforme o tempo ia passando, ele ia se descobrindo no Plano de Deus, até o momento que ele disse que quem o visse, via a Deus. Jesus disse claramente na Ultima Ceia, que ele era Deus. (João 14.9)

Para muitos o que já tenho dito faz mais de ano pode ser um atrevimento enorme da minha parte, mas isso tem respaldo bíblico, observe: Jesus descobriu que era Deus, conforme o seu ministério avançava. Deus e o Diabo nos chamam a atenção sobre o fato. Quando Jesus foi batizado nas águas, Deus confirmou que Jesus era o Filho amado.

Isso foi contestado logo em seguida pelo Diabo, que tentou colocar duvidas na mente de Jesus por duas vezes, na tentação no deserto. (Mt 4.3; 4.6). Em Mateus 27.40 o Diabo repete novamente a duvida: “Se você é o Filho de Deus, desce da Cruz”.

A tentativa de o Diabo colocar essa duvida em Jesus era séria. E ai surge a enorme pergunta: Jesus não sabia que era Filho de Deus? Era necessário Deus confirmar isso? Se a confirmação não fosse real, com certeza o Diabo não o tentaria também, não é?

Cabe pensarmos o seguinte: de alguma maneira todos somos filhos de Deus. Jesus sabia também que a sua concepção havia sido de uma maneira inusitada, com certeza. Porquê então Deus precisava confirmar isso a Jesus? Essa confirmação era do Filho Primogênito. O Espírito Santo estava revelando a Jesus que ele era “O Filho”, um novo ser no Espírito, o principio de uma nova criação.

Só isso por si só nos indica que Jesus não sabia exatamente quem era até o momento da Ultima Ceia. Ainda assim o Diabo veio tentar lhe impingir a duvida no momento da crucificação. Ou seja: seria possível Jesus não saber quem era, pelo menos até algum momento do seu ministério? A Bíblia indica que sim. Esses textos querem nos fazer entender isso.

Mas tem mais. “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” (Filipenses 2:5-8)

Jesus tomou a forma dos homens, quando da sua encarnação, completamente. E não poderia ser diferente, pois se Jesus tivesse vindo da forma de Deus, como é que ele poderia nos ajudar e compreender o homem até os seus minimos detalhes? Jesus esvaziou-se, tomou a forma de servo, fez-se semelhante aos homens.

O ESPÍRITO SANTO EM JESUS E EM NÓS, E AS DUAS MENTES DE CRISTO

É claro que não vamos nos comparar a Jesus, mas Jesus se comparou a nós. Jesus rebaixou-se ao nosso nível e viveu entre nós como um ser-humano normal. Não é que Jesus sabendo que era Deus desde o seu nascimento, viveu sem usar o seu potencial divino, o contrário é afirmado pela Bíblia. Conforme Jesus ia crescendo o Espírito Santo ia lhe revelando quem ele era. Jesus veio como homem e viveu como homem, até que se descobriu ser Deus.

Isso pode ainda causar muitas duvidas em nós, mas a Teologia nos mostra mais um ponto importante: A União Hipostática. Jesus era 100% Deus e 100% homem. Jesus tinha duas naturezas, a humana e a divina. Jesus foi o único ser que existiu até hoje que tinha a mente divina e a mente humana.

Ao estudarmos a União Hipostática, que é uma doutrina teológica, observamos que algo deve ter acontecido com a mente divina, ou as memórias divinas. Ou a doutrina está toda errada. Jesus foi se descobrindo Deus conforme o seu ministério avançava. A única maneira possível de isso ter acontecido é se Deus permitisse algo como uma amnésia divina em Jesus. Jesus enquanto homem não tinha consciência de que tinha uma existência divina e que desceu, veio ao mundo, como homem e viveu como homem, até que começou a buscar a Deus, impelido pelo Espírito Santo e várias e enormes confirmações começaram a vir sobre sua vida.

Mais uma passagem quer nos indicar isso. Jesus foi levado ao deserto para ser tentado pelo Diabo e provado por Deus. Do deserto Jesus saiu com uma doutrina: O Reino de Deus. Na sua primeira fala após o deserto, Jesus repetiu ainda a Palavra de joão Batista, mas logo na próxima fala ele revoluciona tudo o que sabíamos. E eu quero dizer de revolução, a capacidade de se fazer um novo governo, uma nova maneira de ver a situação. A palavra de Jesus sobre o Reino de Deus, é altamente revolucionária.

E se Jesus veio como homem e aprendeu do Espírito como operar no seu ministério, para nos dar o exemplo, então nós devemos imitá-lo em oração, estudo da Palavra e enchimento do Espírito Santo. Jesus esvaziava como nós, conforme aquela passagem que uma moça toca na sua roupa e saiu dele virtude. Jesus orava para se encher, cantava hinos e ia congregar também. Ele era o Mestre que ia aprendendo conforme seu ministério avançava. Jesus é o exemplo para nós. Nós devemos orar e buscar as confirmações em Deus que precisamos para prosseguirmos e sermos relevantes nesse mundo. Assim como ele fez, nós devemos fazer também. E se o Espírito Santo foi revelando conforme ele avançava, então não será diferente conosco.

A HONRA DA MULHER SER BATIZADA NAS ÁGUAS

“No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, pela circuncisão de Cristo; Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos.” (Colossenses 2:11,12)

O ministério de Jesus inicia, no exato momento, quando ele é batizado nas águas. Romanos 6 que é o grande capítulo sobre o batismo nas águas nos indica que a pessoa era afogada nas águas do batismo e quando retirada dele estava espiritualmente ressuscitada. O batismo é o sinal para o mundo, de morte para a vida passada. O batismo é o sinal do abandono de uma vida sem Deus e ingresso para esse caminho. A circuncisão que era um ritual efetuado apenas nos homens, no Antigo Testamento, foi substituído por um sinal melhor e mais abrangente, onde agora a mulher poderia ser incluída.

O batismo nas águas é um sinal de que Deus inclui no Novo Testamento a mulher no seu plano de levar o evangelho a toda criatura. Assim como o homem, a mulher é batizada, como sinal de capacitação para a obra. Se Deus não contasse com a mulher, para que batizá-la? Para que capacitar alguém que não vai ser usado na obra?

A circuncisão era um sinal bruto, antigo, de aliança entre Deus e os homens. O batismo é muito mais claro na sua explicação. Ao entendermos o que é batismo e para que serve, explica-se muito do que era a circuncisão, ou a idéia dela.

AS CINCO ETAPAS PREPARATÓRIAS DO MINISTÉRIO DE JESUS DESCRITAS EM MARCOS

(1) A vinda do precursor (1.2-8)

(2) O batismo na água (1.9)

(3) Sua plenitude do poder do Espírito Santo (1.10)

(4) O testemunho divino da sua condição de Filho (1.11)

(5) O conflito com Satanás (1.12-13)

CONCLUSÃO

Todos os evangelhos são interessantíssimos e nos ensinam demais sobre Jesus, Deus, o Espírito Santo e nós mesmos. Algumas doutrinas, como a Cruz, que é assunto dos Evangelhos, são tão importantes que merecem ser estudadas em separado. Assim como as pregações, o Reino de Deus, os milagres, libertações demoníacas, como Jesus operava no Espírito, a oração, o jejum, a comprovação de que ele era o Messias e várias outras coisas importantes.

Por enquanto ficamos só nos primeiros 13 versículos de Marcos, onde aprendemos que existiam profecias sobre Jesus e descobrimos, sobre nós também. O batismo nas águas é uma nova maneira, melhor, mais acurada de ver uma antiga aliança de Deus, que era a sombra do batismo. É o batismo que explica a circuncisão e não o contrário. Existe muito a falar sobre andarmos no poder do Espírito Santo, mas aprendemos nesse pequeno estudo que a Jesus foi revelado muita coisa e muito ele foi intuindo e lembrando. O Espírito de Deus quer se revelar e nos revelar. A confirmação de que Jesus é filho de Deus é para nós também. Todo aquele que aceitou a Jesus é filho de Deus e somos então herdeiros do Reino do Pai. E apesar de tudo isso e de todas as libertações e alianças aprendemos que assim como Jesus tinha um arqui-inimigo, nós temos também. Muitos cristãos vivem de maneira que até parece que o Diabo não existe, mas ele existe é é o nosso grande opositor.

Esse texto, com tãos poucos versículos, que são a preparação do ministério de Jesus, devem nos impactar, pois são o nosso caminho também. Como diz Marcos no primeiro versículo: Esse é o principio do evangelho de Jesus Cristo. Esse é o principio das boas novas que vamos mostrar ao mundo, através de Jesus Cristo. Esse é só o caminho pra gente começar, o Céu é o limite.

Amém! Graça e Paz!

Paulo Sergio Larios

pslarios
Enviado por pslarios em 29/07/2015
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