AINDA SOBRE A PARUSIA E O DEVIR HUMANO...
 
Viver com Cristo ressuscitado e em Cristo ressuscitado, é gozar de sua paz, é receber o seu Espírito Santo como os apóstolos o receberam do “sopro de vida” que o Senhor soprou sobre eles (cf. Jo 20,22).  Ou seja, Cristo ressuscitado se une a nós e nos livra deste mundo, da atual situação em que ele se encontra, e de todo o mal, para testemunharmos que somente Nele temos a vida eterna. E é exatamente isso que Ele nos revela, somos filhos e filhas de Deus, por seu Espírito habita em nós (cf. Rm 8,14-17). E Deus, sempre presente, age por meio de sua Divina Providência, e assim somos assistidos e amados por Ele prontamente, mesmo quando não o percebemos. De fato, Deus cuida muito bem de seus filhos e filhas...
 
E aqueles que Deus protege, porque se põem debaixo de sua divina proteção pela obediência aos seus mandamentos, mesmo que percam alguma coisa neste mundo, lhes será restituído em dobro ou mais ainda, uma vez que a graça do Senhor supera todas as percas temporais; aliás, todas as coisas que existem naturalmente, existem em função do homem e não o homem em função delas; visto que todas as coisas só têm sentido por causa do homem; sem a existência humana toda a criação perderia o sentido de ser.
 
Desse modo, não nos apeguemos a nada e a ninguém, pois tudo o que existe naturalmente está destinado ao fim que lhe é próprio, isto é, se tornará pó, cinza, como a própria experiência existencial nos mostra... No entanto, o homem não é só matéria animada, mas “alma vivente”, um ser para o futuro eterno que o Senhor nos reserva como herança, que são os “novos céus e nova terra onde habitará o amor e a justiça” definitivamente.
 
Não há como duvidar, a razão para este mundo ainda existir, é o fato de o Senhor sustenta-lo com o poder de sua Palavra até que chegue o julgamento de todos os seres humanos, responsáveis pelo destino deste mundo e de si mesmos, em vista do devir. De uma coisa fiquemos certos, todos seremos julgados pelo que recebemos do Senhor: a vida; as leis naturais e as leis divinas; que nos foram dadas para regermos a nós e as outras criaturas aqui existentes.
 
Com efeito, a ordem (as leis) existe para que não haja desordem, para isto é preciso a obediência às leis postas a fim de que a justiça se cumpra e haja equilíbrio e paz entre nós. Pois Deus criou o homem em estado de graça para governar todas as coisas a partir desse estado de graça, isto é, em plena comunhão com Ele. Mas infelizmente o homem deixou entrar o pecado em sua vida, que consiste em não amar a Deus, desobedecendo a suas leis e mandamentos; e passou a governar todas as coisas a partir deste estado mórbido; o resultado é o que vemos hoje na face da terra, toda espécie de desiquilíbrio e maldade, e o encaminhamento do mundo criado a um fim trágico, ao caos.
 
Caríssimos, vivendo em meio à dualidade deste mundo, de que lado nós estamos? Lembram-se da parábola do joio e do trigo que Jesus contou (cf. Mt 13,24-30)? De fato, quem é batizado católico, vive a experiência da ressurreição de Jesus, pois é a primeira graça que o Senhor nos dá quando do nosso batismo, “nascer da água e do Espírito Santo”, ou seja, participar de sua ressurreição. Se falta o santo batismo, falta também o dom do Espírito Santo, pois, foi para isto que Deus nos criou, para sermos morada sagrada do Espírito Santo (cf. 1Cor 3,16; 6,19). Sem a presença do Espírito Santo, só a vida natural não nos é suficiente para fazermos a experiência da ressurreição do Senhor, é preciso nascer de Deus mesmo (cf. Jo 1,12-13) pela fé dom do Espírito Santo, e assim fazermos parte da nova criação. Porém, muitos receberam essa graça, mas, poucos são os que a vivem como deveria ser vivida.
 
Enfim, Como será a minha eternidade e a tua? Para obtermos essa reposta, precisamos perguntar primeiro: qual é o nosso grau de convivência com o Senhor aqui? Porque quem convive bem com Deus aqui, convive bem consigo mesmo e com os demais; mas, quem não convive bem com o Senhor aqui, também não convive bem consigo mesmo e nem com os demais, e isso se reflete no nosso devir. Porque se falta comunhão com o Senhor, não temos o Seu Espírito em nossa vida para nos conduzir à sua glória.
 
Então, vejamos a seguinte exortação do livro do Apocalipse sobre o devir humano: “Disse ele ainda: Não seles o texto profético deste livro, porque o momento está próximo. O injusto faça ainda injustiças, o impuro pratique impurezas. Mas o justo faça a justiça e o santo santifique-se ainda mais. Eis que venho em breve, e a minha recompensa está comigo, para dar a cada um conforme as suas obras. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Começo e o Fim. Felizes aqueles que lavam as suas vestes para ter direito à árvore da vida e poder entrar na cidade pelas portas. Fora os cães, os envenenadores, os impudicos, os homicidas, os idólatras e todos aqueles que amam e praticam a mentira!”
 
“Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos atestar estas coisas a respeito das igrejas. Eu sou a raiz e o descendente de Davi, a estrela radiosa da manhã”. (Ap 22,10-16).
 
Paz e Bem!
 
Frei Fernando Maria,OFMConv.