Homilia Pe. Ângelo Busnardo- Santíssima Trindade.

SANTÍSSIMA TRINDADE

31 / 05 / 2015

Dt.4,32-34.39-40 / Rm.8,14-17 / Mt.28,16-20

A Santíssima Trindade é um Deus único constituído de três Pessoas divinas distintas e inseparáveis. A Trindade foi anunciada no Antigo Testamento, mas revelada somente no Novo Testamento. É como alguém que diz: “chegou uma carta para você”. A carta foi anunciada, mas ela será revelada somente quando o indivíduo abrir o envelope e ler a carta. Na criação quem agiu foi o Pai, mas o Verbo e o Espírito Santo estavam presentes: 1 No princípio Deus (Pai) criou o céu e a terra. 2 A terra estava deserta e vazia, as trevas cobriam o Oceano e um vento impetuoso (Espírito Santo) soprava sobre as águas. 3 Deus disse: “Faça-se a luz” (Verbo = Jesus)! E a luz se fez (Gn.1,1-3). Apesar de estar presentes no momento da criação, não foi revelado que o Verbo “Faça-se” e o Espírito Santo “Vento Impetuoso” são duas Pessoas Divinas que com o Pai constituem um único Deus.

A Santíssima Trindade foi revelada no Novo Testamento. Antes de começar a vida pública, Jesus foi batizado no rio Jordão: 16 Depois de batizado, Jesus saiu logo da água. Nisso, os céus se abriram, e ele viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e pousar sobre ele. 17 E do céu veio uma voz que dizia: “Este é o meu Filho amado, de quem eu me agrado” (Mt.3,16-17). No batismo de Jesus, as três Pessoas Divinas aparecem simultaneamente: Jesus acaba de ser batizado, o Espírito Santo aparece em forma de pomba e o Pai faz ouvir a sua voz.

As Pessoas da Santíssima Trindade são distintas e têm funções distintas: o Pai é criador, Jesus é redentor e o Espírito Santo é santificador. O primeiro casal foi criado unido a Deus e se manteve unido a Deus até cometer o primeiro pecado. Antes do pecado, o Pai aparecia a Adão e Eva e conversava com eles. Como Deus não convive com o pecado, após o pecado, o Pai apareceu a Adão e Eva com o objetivo perdoá-los, mas nenhum dos dois se arrependeu. Adão não admitiu o pecado e acusou Eva e esta não admitiu o pecado e acusou a serpente: 9 Mas o Senhor Deus chamou o homem, dizendo: “Onde estás?” 10 E este respondeu: “Ouvi teus passos no jardim. Fiquei com medo porque estava nu, e me escondi”. 11 Disse-lhe Deus: “E quem te disse que estavas nu? Então comeste da árvore, de cujo fruto te proibi comer?”12 E o homem disse: “A mulher que me deste por companheira, foi ela que me fez provar do fruto da árvore, e eu comi” (Gn.3,9-13). Não podendo perdoar Adão e Eva por falta de arrependimento, Deus os castigou junto com todos os seus descendentes com a maldição da terra, criando o sofrimento e a morte: 17 Para o homem ele disse: “Porque ouviste a voz da mulher e comeste da árvore, cujo fruto te proibi comer, amaldiçoada será a terra por tua causa. Com fadiga tirarás dela o alimento durante toda a vida.18 Produzirá para ti espinhos e abrolhos e tu comerás das ervas do campo. 19 Comerás o pão com o suor do rosto, até voltares à terra, donde foste tirado. Pois tu és pó e ao pó hás de voltar” (Gn.3,17-19). Após amaldiçoar a terra, Deus Pai nunca mais apareceu.

Deus prometeu restaurar o paraíso terrestre antes do fim do mudo: 17 Sim, vou criar novo céu e nova terra: Já não haverá lembrança do que passou, nisto já não se pensará (Is.65,17). Jesus confirmou a restauração do paraíso terrestre: 13 Nós, porém, de acordo com a sua promessa (promessa de Jesus) esperamos novos céus e nova terra em que mora a justiça (2Pd.3,13).

Somente Deus é eterno porque Ele sempre existiu, isto é, não tem começo e nem terá fim. A alma é imortal, porque foi criada e, portanto, teve começo mas não terá fim. Ao criar o ser humano, Deus soprou nele infundindo-lhe um elemento eterno. O sopro de Deus é eterno porque Deus eterno sempre teve o sopro. Infundindo no ser humano um elemento eterno, Deus o tornou semelhante a Ele e o adotou como filho. Pelo pecado Adão e Eva perderam o sopro de Deus e a filiação adotiva e voltaram a ser criaturas de Deus. Adão e Eva deixaram de ser filhos adotivos de Deus, mas não perderam a capacidade de recuperar a filiação adotiva. Por isto, Jesus se encarnou, assumindo um corpo feito de terra amaldiçoada e submetendo-se ao sofrimento e à morte para dar ao ser humano a capacidade de recuperar a filiação adotiva e unir-se novamente a Deus: 12 Mas a todos que a receberam, aos que crêem em seu nome, deu o poder de se tornarem filhos de Deus (Jo.1,12).

Na última ceia, Jesus instituiu os sacramentos, ordenou os apóstolos presentes, fundou a Igreja Católica e confiou exclusivamente a ela os sacramentos. Quem quiser salvar-se deve recorrer à Igreja fundada por Jesus e receber os sacramentos para recuperar a filiação divina adotiva. Para salvar-se, além de receber os sacramentos, o indivíduo deve amar a Deus com um amor mais intenso do que o amor que dedica a si mesmo: 36 “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” 37 Jesus lhe respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus, de todo o coração, com toda a alma e com toda a mente. 38 Este é o maior e o primeiro mandamento (Mt.20,36-38). Ama a Deus somente aquele que observa os mandamentos. Quem recebeu um batismo válido e observa os mandamentos pode chamar a Deus de Pai: 14 Todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus, são filhos de Deus. 15 Pois não recebestes um espírito de escravos para recair no medo, mas recebestes um espírito de filhos adotivos com o qual clamamos: “Abba , Pai”. 16 O próprio Espírito dá testemunho a nosso espírito que somos filhos de Deus (Rm.8,14-16).

Com sua encarnação, paixão, morte e ressurreição, Jesus colocou à disposição de toda a humanidade a possibilidade de recuperar a filiação divina adotiva e se salvar. O Espírito Santo age em todos os seres humanos, sem forçar, para induzir aqueles que ainda não recuperam a filiação divina a se tornar filhos adotivos de Deus e para induzir aqueles que já são filhos de Deus a se purificar, já que na casa do Pai entram somente pessoas perfeitas: 48 Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito (Mt.5,48).

Em Pentecostes, o Espírito Santo se manifestou em forma de um vento impetuoso a todos os habitantes e peregrinos de Jerusalém e os induziu a procurar os apóstolos reunidos no cenáculo. Os apóstolos já tinham recebido os sacramentos; neles o Espírito Santo entrou e os transformou, habilitando-os a anunciar o Evangelho: 1 Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. 2 De repente veio do céu um ruído, como de um vento impetuoso, que encheu toda a casa em que estavam sentados. 3 E viram, então, uma espécie de línguas de fogo, que se repartiram e foram pousar sobre cada um deles. 4 Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia (At.2,1-4).

Estamos agora no tempo do Espírito Santo. É o Espírito Santo que age sobre a humanidade. Mas a Trindade é indivisa e as três Pessoas Divinas estão presentes em todo ser humano que recebeu um batismo válido e que está livre de pecados mortais: 23 Jesus lhe respondeu: “Se alguém me ama, guarda minha palavra; meu Pai o amará, nós (a Trindade) viremos a ele e nele faremos morada (Jo.14,23), Apesar de vivermos no tempo do Espírito Santo, o Pai e Jesus continuam agindo: quando uma mulher fica grávida o Pai cria a alma do novo ser que foi gerado; quando alguém se liberta do pecado original e dos demais pecados pelos sacramentos é Jesus que redime o indivíduo.

Código : domin936

Ângelo José Busnardo

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Pe. Ângelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 27/05/2015
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