Mais de 10 razões porque creio que Maria ficou aos cuidados de João
(João 19.24-26)
Não somente creio, como também entendo, ensino e propago que Maria passou a ficar aos cuidados do apóstolo João, em Éfeso, cidade da Ásia Menor, hoje, o país denominado Turquia onde o “apóstolo do amor” fixou residência, depois que saiu de Jerusalém.
Os fatos se deram em Jerusalém, no gólgota, “ao pé da cruz”, um fato histórico e natural, não tendo nada de simbólico ou místico (como querem alguns exegetas romanistas que ensinam que “vêm em Maria a figura da Igreja”), sendo apenas um gesto de amor e de solidariedade, tendo sido registrado por um evangelista no primeiro século – no evangelho de João. Nenhuma das personalidades “à beira da cruz” não simbolizam nada, apenas estavam no lugar certo e na hora certa, para serem retratadas pelo testemunho e registro certos da era cristã – por um dos órgãos da revelação neotestamentária – o próprio apóstolo João.
Os motivos a gente pode perceber pelo texto do mesmo apóstolo João, em seu evangelho, cujas palavras estão gravadas, porém, bem distribuídas que, com leitura apressada não se percebe, apenas através de cuidado e paciência. Vejamos:
01- Razão psicológica. Mais que provável que a simpatia de João, cujo temperamento extrovertido e comunicativo, fez com que pesasse no conceito de Jesus a confiabilidade a seu respeito.
02- Razão carismática. A fé de João mais do que provável pendeu para que Jesus assim procedesse.
03- Razão relacional. A intimidade familiar de João. Sendo ele filho de Salomé que era irmã de Maria, era primo de Jesus, com o qual convivia e conhecia muito bem. João não era daqueles “parentes que são os dentes”, mas um parente sincero, prestativo e que não se valia de oportunidades para tirar vantagens ou tráfico de influências sobre ninguém. Jesus tinha conhecimento íntimo de João, a ponto de saber que seu caráter era aprovado para os bons relacionamentos com todas as pessoas, mesmo em se tratando de parentes.
04- Razão econômica. O apóstolo João tinha casa em Jerusalém, antes de se fixar, conforme já dito anteriormente, na comunidade cristã efesina. Tinha portanto, “status” e toda a condição necessária para se sustentar e ainda acolher outras pessoas queridas. Em se tratando de patrimônio (posses) ele, talvez, fosse o mais abastado dentre os apóstolos.
05- Razão social. João, por ser o apóstolo mais novo e participante do “colégio apostólico”, trazia sobre seus ombros mais flexibilidade para interagir no meio social e dar continuidade ao que seu primo Jesus havia começado, dando assistência à Maria, já que, possivelmente, o carpinteiro José, àquelas alturas fosse falecido.
06- Razão de proximidade e interesse. João sempre acompanhou a família de Jesus, de perto, pela qual tinha bons e sinceros interesses, porque além de primo, era também seu amigo íntimo. (Ele, João, bem como Tiago e Pedro faziam parte do círculo de “amigos íntimos de Jesus”). Acompanhou também os eventos da vida de Jesus desde o início e, como prova maior, até no momento cruciante do golgota, não o abandonou.
07- Razão de presciência. Jesus sabia quem viveria mais para ter todas as qualidades e aptidões para zelar de sua mãe. Viu isto em João, o que todos os que conhecem as Escrituras e a história das Igrejas primitivas que foi ele que morreu por último dentre os apóstolos e o que mais tempo viveu neste mundo.
08- Razão temperamental. João não era o mais tranqüilo e calmo dos apóstolos, porque ele e seu irmão Tiago (filhos de Salomé e Zebedeu) foram apelidados de “filhos do trovão”, certamente por serem de temperamentos sanguíneos (ou devido ao incidente com os samaritanos em Lucas 9.54-56, onde ambos solicitam que desça fogo dos céus contra esses vizinhos “persona non grata”), e, com isso, Jesus viu nele (João), um certo dinamismo para administrar tanto seu temperamento quanto as pessoas ao seu redor como também o pequeno patrimônio que já possuía. (Ele era sócio de uma empresa de pesca com Tiago, seu irmão e Simão Pedro, cf Lucas 5.10).
09- Razão de índole. Dos apóstolos o mais firme, o mais modesto e que melhor teve “jeito” de tratar as pessoas e as coisas, foi ele, João.
10- Razão da incredulidade de seus irmãos. Até antes da ressurreição os seus irmãos não criam nEle (João 2.11), bem ao contrário de seus discípulos que criam (João 7.3-5). Isto está nítido nestes dois citados textos que devem ser comparados. A ressurreição de Jesus mudou a vida de muita gente, inclusive a grande desvalorização que pairava nos corações de seus próprios irmãos (adelphois em grego) de sangue. É provável que a intenção de Paulo em querer visitar Tiago, irmão do Senhor fosse para confirmar ou comprovar sua fé em Jesus, após a ressurreição, pois Paulo tinha conhecimento da incredulidade dos manos de Jesus em relação a Ele. (Gálatas 1.19).
11- Razão da rejeição demonstrada por seus irmãos. Seus irmãos o rejeitaram e pediram até que ele ficasse longe deles. (João 7.3). E os seus concidadãos de Nazaré o expulsaram da cidade, levando-O até a uma colina, com intenção de precipitá-lO dali. (Lucas 4.16, 24-30; c/c Mateus 13.57).12- Razão do fato das irmãs de Jesus já estarem casadas, e, por isso, mais do que certo, ficaram morando em Nazaré, conforme se depreende de Mateus 13.54-58 e passagens paralelas de Marcos 6.1-5 e Lucas 4.14-24.
Está claro que seus irmãos (Tiago, José, Simão e Judas) também já fossem casados (I Coríntios 9.5), e provavelmente morassem em Cafarnaum (a cidade que se tornou o QG de Cristo) com sua mãe Maria (Mateus 9.1). Jesus se movimentava ensinando, curando e pregando, mas seus familiares não tiveram as mesmas ocupações de andarilho como Ele. Exceção feita em trabalhos esporádicos, percebe-se, quando algumas vezes levavam consigo suas esposas, já que todos eles eram também casados. (Coteje-se 1 Coríntios 9.5).
13- Razão de que Jesus jamais deixaria sua mãe com um desconhecido, mas com seu “discípulo amado”. A confiança que se deposita num amigo e parente dá segurança.
14- E, por último, (repita-se, nada de misticismo ou de alegorismo com um texto que é simplesmente histórico), a razão maior e bíblica foi por causa do AMOR MÚTUO que havia entre Jesus e João (João 19.26 – “o discípulo a quem Jesus amava”). Um amor fraterno e sincero.
Jesus considerava João profundamente com amor fraternal. João, por sua vez, demonstrou sempre que correspondia ao primo no mesmo grau de amor, pois sempre acompanhou toda a sua trajetória ministerial neste mundo, como também seus sofrimentos antes, durante e após a crucificação.
O amor uniu ambos e Jesus sabia que João não recusaria a uma tal incumbência de dar toda assistência a sua tia e mãe de seu amado primo.
Muniz Freire (ES), 12 de outubro de 2010
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