Homilia de Pe. Angelo Busrnardo- Vigília Pascal/Páscoa do Senhor.

VIGÍLIA PASCOAL

04/ 04 / 2015

(9 leituras) / Ex.14,15-15,1 / Rm.6,3-17 / Mc.16,1-7

Deus fez o corpo de Adão usando terra deste planeta: 7 Então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra, soprou-lhe nas narinas o sopro da vida e o homem se tornou ser vivo (Gn.2,7). O corpo de Adão e Eva antes do pecado, apesar de ser feito de terra, era imortal e livre do sofrimento. Por causa do pecado e não arrependimento de Adão e Eva Deus amaldiçoou a terra, submetendo Adão e todos os seus descendentes ao sofrimento e à morte: 17 Para o homem ele disse: “Porque ouviste a voz da mulher e comeste da árvore, cujo fruto te proibi comer, amaldiçoada será a terra por tua causa. Com fadiga tirarás dela o alimento durante toda a vida. 18 Produzirá para ti espinhos e abrolhos e tu comerás das ervas do campo. 19 Comerás o pão com o suor do rosto, até voltares à terra, donde foste tirado. Pois tu és pó e ao pó hás de voltar (Gn.3,17-19). Durante a vida, Jesus ressuscitou a filha de Jairo, o filho da viúva de Naím e Lázaro. Porém, quando Jesus, ao descer do monte Tabor após a transfiguração, falou da sua própria ressurreição, Pedro, Tiago e João não entenderam o que significava a ressurreição que Jesus estava anunciando: 10 Eles guardaram a recomendação, mas discutiam entre si o que significaria “ressuscitar dos mortos” (Mc.9,10).

Na transfiguração Jesus mostrou aos três apóstolos o corpo dele ressuscitado que era o mesmo corpo que ele possuía antes de morrer, mas estava totalmente transformado. Os corpos das pessoas que Jesus ressuscitou voltaram à vida com as mesmas características que possuíam antes de morrer e continuavam sujeitos ao sofrimento e à morte e, posteriormente, morreram novamente. O corpo de Jesus que Pedro, Tiago e João viram durante a transfiguração era brilhante. O brilho que saia do corpo de Jesus, ao passar pelas roupas que Ele vestia, as tornou também brilhantes: 3 Suas vestes ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira do mundo as pode branquear (Mc.3,3). Jesus, portanto, estava falando de uma ressurreição diferente das ressurreições das três pessoas que Ele tinha ressuscitando anteriormente.

A ressurreição que Jesus anunciou para toda a humanidade, bons e maus, será igual à ressurreição dele mesmo, com a diferença que os condenados serão novamente submetidos ao sofrimento apesar de receberam um corpo imortal: 28 Não vos admireis, porque vem a hora em que todos os que estão mortos ouvirão sua voz. 29 Os que praticaram o bem sairão dos túmulos para a ressurreição da vida; os que praticaram o mal ressuscitarão para serem condenados (Jo.5,28-29). Antes do fim do mundo, Deus retirará a maldição que Ele lançou contra a terra após o pecado de Adão e Eva: 7 Ele fará desaparecer nesta montanha o véu (maldição da terra) estendido sobre todos os povos, o pano (maldição da terra) que cobre todas as nações. 8 Fará desaparecer a morte para sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e removerá de toda a terra o opróbrio (maldição da terra) de seu povo, porque o Senhor falou (Is.25,7-8).

Ao ressuscitar, os condenados receberão um corpo feito de terra livre da maldição, portanto, também livre do sofrimento e da morte. Os condenados conservarão a imortalidade dos seus corpos, mas para submetê-los novamente ao sofrimento, antes de enviá-los ao inferno, serão novamente amaldiçoados: 41 Depois dirá aos da esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos (Mt.25,41).

A ressurreição que Jesus prometeu a todos é igual à ressurreição dele. O corpo ressuscitado não apenas voltará à vida, mas será transformado ficando livre da morte e do sofrimento para os salvos e ficando livre da morte, mas sujeito ao sofrimento para os condenados. Os corpos ressuscitados estarão sujeitos a leis fisicas para nós, por enquanto, desconhecidas. Atualmente, somente o corpo de Jesus e de Maria foram beneficiados pela ressurreição e estão no céu. Sabemos que os corpos de Jesus e Maria são feitos de terra deste planeta. Sabemos que, no céu, Jesus e Maria não usam roupas e nem se alimentam com alimento igual ao alimento que precisavam ingerir enquanto estavam neste mundo. Após a ressurreição, Jesus comeu peixe para provar que possuía um corpo real e não por necessidade: 38 Mas ele lhes disse: “Por que estais perturbados e por que estas dúvidas em vossos corações? 39 Vede minhas mãos e pés; sou eu mesmo! Tocai-me e vede: um espírito não tem carne nem ossos como eu tenho”. 40 Dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. 41 Como ainda assim, dominados pela alegria, não acreditassem e permanecessem surpresos, perguntou-lhes: “Tendes aqui alguma coisa para comer?” 42 Então lhe ofereceram um pedaço de peixe assado. 43 Ele o tomou e comeu diante deles (Lc.24,38-43).

É para uma ressurreição igual à de Jesus que estamos nos preparando. De nada adiantaria recuperar o corpo vivo sujeito ao sofrimento e à morte como aconteceu com Lázaro que, após ter voltado à vida, sofreu e morreu novamente. A alma de Lázaro agora também está esperando recuperar o corpo transformado igual ao corpo de Jesus para viver no céu com corpo e alma.

Código : pascoa31

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

PÁSCOA

05/04/2015

At.10,34ª.37-43 / Cl.3,1-4 (ou 1Cor.5.6b-8) / Jo.1,1-9

Todos ressuscitarão no último dia: 28 Não vos admireis, porque vem a hora em que todos os que estão mortos ouvirão sua voz. 29 Os que praticaram o bem sairão dos túmulos para a ressurreição da vida; os que praticaram o mal ressuscitarão para serem condenados (Jo.5,28-29). Mas somente parte daqueles que ressuscitarão serão salvos. Jesus afirma que Ele mesmo ressuscitará aqueles que irão morar no céu: 53 Jesus lhes disse: “Na verdade eu vos digo: se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. 54 Quem come minha carne e bebe meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia (Jo.6,53-54). A ressurreição é obra de Deus, mas a salvação através dos méritos de Jesus depende de cada um de nós.

Os salvos devem passar por duas ressurreições: 4 Vi tronos e pessoas sentadas e foi-lhes dado o poder de julgar, e vi as almas dos que tinham sido degolados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus, e todos os que não haviam adorado a besta, nem sua imagem e não tinham recebido a marca na fronte ou na mão. Receberam a vida e reinaram com Cristo mil anos. 5 Os outros mortos não voltaram a viver antes de terminarem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. 6 Felizes e santos os que tiverem parte na primeira ressurreição. Sobre eles não terá força a segunda morte. Serão sacerdotes de Deus e de Cristo e com ele reinarão por mil anos (Ap.20,4-6). São Paulo afirma que os colossenses já tinham ressuscitado: 1 Se fostes, pois, ressuscitados com Cristo, procurai as coisas do alto onde Cristo está sentado à direita de Deus. 2 Pensai nas coisas do alto e não nas coisas da terra (Cl.3,1-2). Através do sacramento da Eucaristia os colossenses tinham recuperado a “vida eterna”, o sopro que Deus tinha infundido em Adão e que ele e Eva perderam para si e para seus descendentes ao cometer o primeiro pecado (Cf.Jo.6,54). Após receber o sopro de Deus, Adão passou a ter duas vidas, a vida eterna e a vida física.

A vida eterna é recuperada através da recepção em estado de graça da Eucaristia. Aquele que se beneficia da primeira ressurreição através da recepção da Eucaristia em estado de graça e morre livre de pecados mortais está salvo. No último dia recuperará o corpo para voltar para o céu com o corpo e a alma. Aquele que não se beneficia da primeira ressurreição durante esta vida se condena e, no último dia, recuperará o corpo e voltará com ele para o inferno. Portanto, a primeira ressurreição, ou seja, a recuperação do sopro que Deus infundiu em Adão e que ele perdeu pelo pecado é mais importante do que a ressurreição da carne, porque é desta primeira ressurreição que depende a salvação.

Jesus é o filho único de Deus, porque Ele é o único que foi gerado por Deus. Os descendentes de Adão são criaturas, porque Deus não gerou Adão, Ele o criou. Pelo fato de possuirmos uma alma imortal podemos nos tornar filhos adotivos de Deus. Pela sua encarnação, morte e ressurreição Jesus colocou à disposição de todos os seres humanos a possibilidade de se tornarem filhos adotivos de Deus: 12 Mas a todos que a receberam, aos que crêem em seu nome, deu o poder de se tornarem filhos de Deus; 13 estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (Jo.1,12-13).

Pelo pecado, Adão e Eva se tornaram escravos de satanás. Escravos só podem gerar escravos. Jesus instituiu os sacramentos. Pelo batismo o ser humano se liberta da escravidão do demônio e volta para o senhorio de Deus. Pela Eucaristia recebida em estado de graça o ser humano recupera o sopro de Deus, a vida eterna, e se torna filho adotivo de Deus.

Como Adão e Eva, pelo pecado, perderam a filiação divina e se tornaram escravos de satanás, aquele que, após se tornar filho adotivo de Deus, cometer pecados mortais perde a filiação adotiva divina e se torna novamente escravo de satanás.

Sem o batismo e a Eucaristia não há salvação. Por outro lado, os sacramentos não são sinais mágicos que salvam pelo simples fato de serem recebidos. A recepção dos sacramentos deve ser precedida pela conversão. A observância dos mandamentos sem os sacramentos não salva, mas também a recepção dos sacramentos não salva as pessoas que não observam os mandamentos. E devemos acrescentar um agravante. Aquele que não observa os mandamentos vive em pecado mortal e comete sacrilégios se receber sacramentos sem estar em estado de graça. Por isto, para quem não decide a cumprir suas obrigações para com Deus é melhor não receber os sacramentos. O sacrilégio é um pecado gravíssimo porque transforma Jesus num instrumento de condenação.

Código : pascoa32

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gamail.com

Pe. Ângelo Busnardo
Enviado por Joanne em 02/04/2015
Código do texto: T5193051
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