A caridade não tem mais valor, tem preço.
Orixá espere! Seu filho ainda não tem R$ 6.000 .. É isso mesmo??
Um assunto que tem rendido muitas polêmicas para o povo de santo são os valores exorbitantes que tem sido cobrado pelos zeladores para iniciar seus filhos.
Essa questão me faz refletir na seguinte pergunta: O que é iniciar alguém no santo?
O que é ser iniciado no santo?
Fico triste em saber que iniciar no santo é um privilégio de poucos. Tantas são as difamações a cerca da nossa religião, tantas são as críticas, são tantos os dedos que nos apontam, sempre pelo erro de um, de dois; todos acabam sendo apedrejados. Quando vejo alguém dizer que não foi possível se iniciar porquê não tinha a quantia que foi pedida, fico me perguntando se isso faz o Orixá feliz.. Será que os zeladores de hoje nunca sentaram num apoti ? nunca deitaram num adcissa? nunca depenaram uma galinha? Onde está o axé? Aquele sentimento que faz um zelador ser pai, ser mãe, que o faz capaz de amar um filho além de sua quantia bancária. Onde está o motivo por qual dezenas e centenas de afrodescendentes sustentaram até aqui essa religião? O motivo que podemos chamar de amor, de compaixão, de humildade, de devoção ou de caridade.
Enfim; o assunto é tão desgastante que machuca a lembrança, poderia passar aqui algumas horas falando sobre o assunto, mas só tenho a lamentar. Lamentar pelos que virão, que se hoje estamos a esse ponto, imagine nossos bisnetos?
É um novo tempo, eu sei, entendo as tamanhas responsabilidades de uma Iyá, de um Babá que põe em sua roça um filho para inicia-lo no santo; é preciso estar preparado psicologicamente, e emocionalmente também, ser um zelador é muita bagagem.. mas quando você ama o que faz, e faz por amor, por missão, por caridade, as responsabilidades não são um fardo que te da o direito de fugir da realidade de um filho, de cobrar financeiramente aquilo que o mesmo não pode oferecer. O que é feito pelo Orixá é feito por amor, por carinho, não por um favor ao outro, mas pelo cumprir de uma missão. Zelador que tem axé, não estar para enfeitar uma roça de santo, mas para cumprir missão! asé
- Rose Almeida