RELIGIÃO E FÉ
RELIGIÃO E FÉ
As religiões servem até hoje como um caminho para os mais elevados valores pessoais, e também como uma das formas mais complexas de poder e de preconceito, incluindo-se fé, ambição, poder e Deus. Todas as religiões têm suas crenças no mundo espiritual, mas não deixam de almejar o poder e construir seu reino na Terra.
Acreditar na forma obsessiva em uma divindade pode ser um caminho que leva à intolerância e ao fanatismo. O que separa a profunda fé da ignorância? Qual seria a religião que realmente pode salvar a humanidade e o planeta? O que seria fé? O que ela representa para o ser humano? A fé é o remédio seguro do sofrimento; mostra sempre os horizontes do infinito diante dos quais se esvaem os poucos dias brumosos do presente.
Do ponto de vista religioso, a fé consiste na crença em dogmas especiais, que constituem as diferentes religiões. Todas elas têm seus artigos de fé. Sob esse aspecto, pode a fé ser raciocinada ou cega. Nada examinando, a fé cega aceita, sem verificação, assim o verdadeiro como o falso, e a cada passo se choca com a evidência e a razão. Levada ao excesso produz fanatismo.
Em assentando no erro, cedo ou tarde desmorona; somente a fé que se baseia na verdade garante o futuro, porque nada tem a temer do progresso das luzes, dado que o que é verdadeiro na obscuridade, também o é à luz meridiana. Fé inabalável só o é a que pode encarar de razão, em todas as épocas da humanidade. A fé é, pois o caminho da justificação, ou seja, da salvação.
Poderíamos nos debruçar nas luzes dos nossos pensamentos e definir fé com todas as letras do alfabeto. A fé raciocinada é praticamente uma doutrina. Ela nos ensina não ser possível receber sem dar. Não é viável a saúde física sem os mais variados cuidados para com o corpo, nem o aprimoramento do espírito sem o esforço bem dirigido. Fé raciocinada é discernimento constante, que o estudo e o trabalho útil em favor do semelhante facilitam.
Será que nos dias atuais estamos praticando a fé como ela é definida? Talvez não! Nenhuma religião salva a não ser que sejam obedecidos os preceitos espirituais condicionados a bondade e a caridade para com o próximo. A ignorância é tão astuta que, mesmo quando nos fere e flagela, não compreende sua função a de nos ajudar no desprendimento de nossa limitação, operando em nós sublimação espiritual.
É o maior flagelo do nosso mundo, o que melhor lhe caracteriza a inferioridade. A ignorância não leva nada a ninguém, a não ser a incredulidade, que é justamente a qualidade de incrédulo, a descrença, a falta de fé, irreligião e ateísmo. Será que nos dias de hoje, na era da ciência e da tecnologia, o pensamento religioso do mundo cristão ou mesmo não cristão deve permanecer no mesmo formato em que veio a luz há mais de dois milênios?
Diríamos que não, visto que os homens insensatos estão mais anelados ao fanatismo, a falta de fé, a ignorância e não dão nenhum valor a vida, principalmente a de seus semelhantes. A religião perfeita será aquela de cujos artigos de fé nenhum esteja em oposição àquelas qualidades (atributos divinos), aquela cujos dogmas todos suportem a prova dessa verificação sem nada sofrerem.
A religião é antes sentimento, que conhecimento é um laço de atração e a aproximação entre Deus e a criatura; atração da parte do Criador, que é a vontade absoluta e eterna, aproximação por parte da criatura racional, que é a vontade relativa, subordinada à ordem harmoniosa, estabelecida pela sabedoria suprema que tudo dirige e estimula.
A melhor de todas as religiões é aquela que só ensina o que é conforme a bondade de Deus, que dá de Deus a maior e mais sublime ideia e não O rebaixa emprestando-Lhe as fraquezas e as paixões da humanidade; que torna os homens bons e virtuosos e lhes ensina a amarem-se todos como irmãos; que condena todo o mal feito ao próximo; que não autoriza a injustiça sob qualquer forma e pretexto que seja; que nada prescreve de contrário às leis da Natureza.
Porque Deus não se pode contradizer; aquele cujos ministros dão o melhor exemplo de bondade, caridade e moralidade; aquela que procura melhor combater o egoísmo e lisonjear menos o orgulho e a vaidade dos homens; aquela finalmente, em nome da qual se comete menos mal, porque uma boa religião não pode servir de pretexto a nenhum mal; ela não lhe deve deixar porta alguma aberta, nem diretamente, nem por interpretação. Que Deus seja louvado. Pense nisso!
ANTONIO PAIVA RODRIGUES- MEMBRO DA ACI- DA ACE- DA UBT- DA AOUVIRCE E DA ALOMERCE