MARIA DE BETÂNIA

Maria de Betânia, amiga de Cristo e de suas palavras. Pessoa sensata, inteligente e espiritual, que procurava sempre estar no centro da vontade de Deus (muito mais que no centro da sala, para ouvir de Cristo as boas novas), já que sabia escolher os melhores amigos. Dentre eles, o ainda Melhor de todos - que é Jesus!

Entre a vida agitada do dia-a-dia e o claustro, não escolheu nenhum nem outro. A um, rejeitou, porquanto ser dinâmica na obra de Deus, não se permitia enclausurar-se e tolher seus movimentos ou diminuir seu mundo de solidariedades para com os pobres de espírito que careciam de sua palavra e de sua companhia. A outro, rechaçou, porque a vida espelhada em sua irmã Marta, sempre na agitação, na fadiga, no stress e no secularismo, percebeu que este tipo de vida de sua mana não satisfazia, pois a deixava sempre insegura mais e mais! Por isso não queria nunca imitá-la, embora fosse também dedicada aos afazeres domésticos que lhe cabiam realizar!

Das palavras de Cristo, se não anotava, pelo menos guardava-as em seu coração e as repetia para os seus contemporâneos, para que as gerações vindouras ficassem supridas por suas imorredouras e inamovíveis lições, recheadas de moral e de devoção. A “boa parte” que não lhe pode ser tirada, aprendeu-as aos pés do Grande e Excelente Mestre, de causar “inveja” a qualquer discípulo, é prova de que tinha um espírito contrito, uma alma sedenta das verdades divinas e eternas. É exemplo para todo e qualquer cristão. É atitude digna de ser imitada, porquanto reflete uma vida de oração voltada para Aquele que sabe, pode e quer ouvir as petições dos seus amados!

Talvez não fosse casada e nem mesmo tivesse filhos. Daí, depreender-se que se tratava de crente com dedicação de tempo integral (“sem distração alguma”) ... Repita-se: crente com dedicação de tempo integral, quer na entrega de sua vida de serviço a Deus, quer no ofertório, quer na missão de transmitir o que havia aprendido no Livro Sagrado aos seus pósteros, quer no amor fraternal, quer na fineza de trato dispensados a tantos quantos com ela convivessem ...

O apego à espiritualidade fez dela uma criatura eternizada, uma filha de Deus caracterizada e identificada com os demais que foram lembrados nos registros Sagrados, para memória e enriquecimento do acervo histórico-sacro da Igreja de Cristo.

A força e a fé das moças e senhoras hodiernas devem acompanhá-la, de perto, tudo quanto foi e muito mais, já que, de sua vida, pouco se é conhecido, uma vez que uma vida digna de imitação, cheia de pureza do Espírito, não pode ser olvidado ou secundado, em detrimento dos melhores valores que Nosso Deus tem em favor de seus servos e servas, tanto como se vê no caráter de Maria de Betânia, amiga do Mestre.

Muniz Freire, 25 de março de 1993

Fernandinho do Forum