Caminhos da "Nação da Cruz"
No século XVI, os espanhóis foram hospedados pelo Imperador azteca, Montezuma, com todas as honras devidas aos deuses, incluindo ricas oferendas, . Eram gatos pingados em meio à multidão de nativos. Tudo ia muito bem, até que os aztecas perceberam que seus hóspedes divinos sangravam, mijavam, defecavam e tinham todas as demais funções humanas. Mas, então, os espanhóis já estavam no coração do Império e souberam tirar partido disso.
Montezuma teve muita dificuldade em assimilar a religião dos cristãos. A seu ver, como podiam comer e beber a carne e sangue de Deus?, uma vez que os aztecas se esmeravam em oferecer sacrifícios humanos a seus deuses.
Ocorreu-me que tal descompasso de cosmovisões contamine, ainda nos dias de hoje, a conturbada relação de islamitas com a "nação da cruz". A versão da crucificação de Jesus palatável aos islamitas, do Jesus que reverenciam como profeta, é que o Cirineu, chamado a carregar a cruz daquele homem das dores completamente exaurido, foi, ao final, confundido com Jesus, devido a um efeito sobrenatural e que, de fato, o crucificado foi Cirineu, enquanto um Jesus, astuto e debochado, a tudo assistiu de longe. A confusão, própria dos pagãos, entre divindade e inviolável força.
Em seu percurso histórico, o Cristianismo evoluiu para transformar um povo sem requintes, de hábitos pouco refinados, em um povo vigoroso, inventivo, inovador nas tecnologias e tolerante com comportamentos nem sempre afinados a seus postulados religiosos. Afirmação triunfalista, mas incontestável.
Faço parte dessa Civilização Ocidental, dela sou produto, e procuro valorizar o lugar que me foi concedido nesta vida. Aqui consegui sair de uma vida inteiramente torta para me tornar uma senhora que, apesar dos percalços e alguns fracassos, chegou a criar seus filhos sem um marido, e que teve o insubstituível apoio de seu pai, homem esclarecido e tolerante, luz de minha vida, depois de Deus. Nela afago meus amigos e amigas, que muitas vezes têm um estilo de vida inteiramente fora dos padrões e que, no entanto, carregam dentro de si seu tesouro, seus talentos únicos e sua dignidade humana.
Que projeto é esse capaz de realizar tantas maravilhas? De elevar do nada os desvalidos, de proteger os fracos, de considerar os oprimidos? Será o Cristo caminhando conosco ao longo das vias da História?
Sim, eu sei que Ele está aqui e faz de meus dias sombrios, e vazios de sentido, um fardo leve; socorre-me nas minhas angústias existenciais, faz brilhar uma indestrutível felicidade no deserto de minha alma; aquece-me o peito e faz-me verter lágrimas de alegria!