A IMPLICÂNCIA RELIGIOSA CONTRA HOMOSSEXUAIS E SEXO ENTRE SOLTEIROS
Com todo o respeito aos que creem, já que a Bíblia tem de fato muitas passagens confortadoras e piedosas, nesse artigo analisaremos duas leis bíblicas que têm trazido muito sofrimento desnecessário a seres humanos durante séculos.
O Antigo Testamento (A.T.) condena a homossexualidade, punindo os envolvidos com morte por apedrejamento (Levitico 20, 13). E em Romanos, 1,24, Paulo confirma essa lei.
A Bíblia também desaprova o sexo para moças solteiras. O A.T. informa que Deus (o das Escrituras) sanciona a pena de morte para as mulheres que não guardam a virgindade para o futuro marido (Deuteronômio 22,13). Os homens estavam liberados, graças à bondade de Javé, a terem experiências antes do matrimônio. Mas com o tempo, a Igreja decidiu que a proibição era geral, homens e mulheres solteiros.
Hoje, graças aos historiadores e cientistas, sabemos que as leis bíblicas não caíram do céu, nem que seus profetas foram divinamente inspirados para escrevê-las. Muito antes da Bíblia ser escrita, já existiam códigos de leis cuja autoria era atribuída a um deus. Dava mais credibilidade informar ao povo que a legislação havia sido criada por uma divindade do que por um simples mortal.
Entretanto, vamos por um momento acreditar que a Bíblia é a palavra de Deus. Por que os líderes cristãos são tão obcecados em seus discursos contra homossexuais e sexo para pessoas solteiras, mas não falam nada de outras proibições bíblicas? Se esses líderes fossem observar adequadamente as Escrituras deveriam proibir de entrar na igreja pessoas com testículos defeituosos (Deuteronômio 23,1). Em tempos modernos, cresce assustadoramente o número de homens com câncer nos testículos. Seria talvez a solução manter na porta de entrada da igreja um segurança requisitando dos homens atestado que comprovasse a integridade dos órgãos genitais?
Outros que deveriam ser proibidos de assistir às missas e cultos são as pessoas cujo nome do pai não consta na certidão de nascimento (Deuteronômio 23,1). Deveriam proibir a leitura do horóscopo e consultas a mágicos e feiticeiros (Levítico 19,31). Deveriam proibir a tatuagem (Levitico 19,20). Deveriam proibir mulheres entrarem nas igrejas usando brincos, vestidos caros e primorosos penteados (I Timóteo, 2,9) e com a cabeça descoberta (I Coríntios, 11,5). Deveriam proibir as mulheres falarem dentro da igreja (I Coríntios, 14,34), bem como proibir que mulheres tivessem a ousadia de ensinar seus maridos sobre qualquer assunto (I Timóteo, 2,12).
Bem, teriam outras dezenas de proibições, mas que foram esquecidas no tempo, pois não seriam mais toleradas pela modernidade e pelas leis de países civilizados. Mas por alguns mistérios profundos (que os psicólogos sabem muito bem) os líderes só lembram de condenar o amor entre iguais e o sexo entre pessoas solteiras. Sinceramente, não creio que o fato de uma pessoa dormir amorosamente com outra do mesmo sexo ou que um casal solteiro, adulto e responsável que divide a cama de vez em quando vá prejudicar a vida de alguém. Pelo contrário, acho que o amor e o sexo deviam ser celebrados alegremente, e a barbárie, os preconceitos, a misoginia e as superstições desencorajadas veementemente. Mas se é para proibir relacionamentos homossexuais e sexo para solteiros, porque não proíbem todo o resto?
Se as autoridades religiosas fossem coerentes com a Bíblia, ainda estariam seguindo o que a Lei recomenda e organizando fogueiras no centro da cidade para queimar homossexuais, moças que não guardaram a virgindade para o futuro marido, todas essas pessoas que leem jornais a procura de seus horóscopos, pessoas que frequentam centros espíritas, porque é isso que as Escrituras recomendam (a lei é para sempre, segundo Isaías 40,8). Por sorte dos hereges, a Igreja perdeu o poder de queimar pessoas quando se separou do estado, no século dezoito. Mas isso é tema para o próximo artigo.