REFORMAR... DE NOVO.

Estamos comemorando mais um aniversário da Reforma Protestante ocorrida no século XVI. Neste momento de reflexão, consideremos primeiro, que antes mesmo de Martinho Lutero propagar suas “novas ideias”, Pedro Valdo, João Huss e John Wicliff, entre outros, já defendiam as mesmas teses.

Estes homens se inflamaram contra os abusos e incoerências da instituição que detinha o poder temporal e mesmo espiritual, no mundo. Tal combate influenciou até mesmo o mundo católico, pois foi este movimento que “inspirou” o Concílio de Trento, que veio trazer novas práticas e instituir novos dogmas no seio da Igreja Católica.

Desde então, protestantes, hoje crentes ou evangélicos, vêm lutando pelos ideais de liberdade, de expressão e de culto. Principalmente nos países que viveram e se desenvolveram sob a influência do pensamento protestante, isto está evidenciado, inclusive, em suas Constituições. Estados Unidos, Suíça, Alemanha, Holanda, Inglaterra, Austrália e Canadá são alguns exemplos.

Até mesmo movimentos com ideias e preceitos contrários ao pensamento protestante, fazem uso desta liberdade conquistada pelos reformadores.

Hoje, urge a necessidade de uma nova reforma.

Muitos líderes religiosos advogam para si, títulos e poderes sobrenaturais (tais como a antiga instituição dominante) e em espetáculos de delírios megalomaníacos, buscam sua própria glória e benefício. Esquecem que o sacerdócio de todos os crentes, do menor e mais humilde ao mais habilitado, é serem coparticipantes do ministério de Jesus Cristo, por intermédio do “ide”.

Não cabe no seio da verdadeira Igreja, invisível e mística, a obtenção de privilégios, sendo que para alcançá-los, usam da fé e simplicidade dos fiéis. Cometem assim, os mesmos erros que levaram à Reforma Protestante.

Num mundo globalizado, onde a todo instante somos bombardeados por informações, não há como engessar o próprio Deus nem a fé dos verdadeiros adoradores. Não se pode limitar o Senhor, simplesmente, porque nós somos limitados. Também não se pode usar sua Palavra, para referendar nossos pensamentos e ideias. O que está escrito, escrito está, e pronto.

Não há como manipular as massas e as mentes, pois hoje só é dominado, aquele que se deixa dominar. E os dominadores que antes usavam armas, hoje usam da palavra, da eloquência, do convencimento impositor de suas ideias, muitas vezes, camuflada de liberdade e tolerância.

A hora é agora. A única missão da Igreja é espalhar o amor, o respeito, a amizade, o perdão. Valorizar o ser humano e abrir as portas da misericórdia a todos, sem preconceitos.

É hora de protestar de novo. Só que agora, protestar contra nós mesmos e contra todo movimento, que tem roupagem de cristão, mas no fundo, caminha na direção oposta ao Evangelho libertador de Jesus. E Jesus veio libertar de toda opressão. Opressão social sim, mas principalmente, da opressão espiritual. Jesus não veio traçar um padrão de vida. Veio sim, apontar o único caminho de obter vida plena e eterna.

As obras sociais, a caridade e o aperfeiçoamento das relações humanas são consequências da fé cristã e não a sua causa. As obras seguem a fé. O próprio Jesus disse que “pobres” sempre haveria no mundo. O importante era o encontro de cada um consigo mesmo e com Deus, dentro de si mesmos.

É hora de protestar contra todas as igrejas, movimentos sociais, movimentos filosóficos e líderes que defendem o monopólio da verdade, transformando a fé, em instituições religiosas. Principalmente aqueles que transformam o simples e eficaz Evangelho de Jesus Cristo, em religiosidade, em dogmas, em instrumentos para ações em causa própria.

A religião é o ópio do povo, foi o que disse um socialista famoso. E até certo ponto, concordamos com tal afirmação. Por isto mesmo, a Igreja Batista não prega uma religião, não arroga para si o título de única portadora da verdade. Não somos os paladinos da justiça e do bem. Não somos os donos da verdade. A verdade é aquela revelada na Palavra de Deus. E a verdade é simples; a verdade é JESUS.

João 8:32 - E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.

João 8:36 - Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.

João 14:6 - Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.

Romanos 15:4 - Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança.

Belo Vale/MG, 05/2005.