CARNAVAL E QUARESMA

Carnaval é a época dos festejos que abrange os dias próximos à Quaresma.

Encontra-se certa dificuldade para definir, em bases etimológicas, o verdadeiro significado da palavra carnaval. O estudioso Petrocchi baseia-se no latim carnelevamem (modificado para carne, vale! Adeus, carne). Os moradores de Pisa usavam carnelevare; os napolitanos karnolevare; os sicilianos karnilivari. Stappers, outro estudioso, interpreta como carnelevamem (carnis-levamem) como os prazeres da carne antes das tristezas, continências e abstinências da Quaresma.

Se há controvérsia quanto ao significado da palavra, também há várias teorias quanto à sua origem. O certo é que os festejos carnavalescos se identificam com o Culto de Ísis, com as Saturnais Romanas (verdadeiros bacanais), com os festejos em honra a Dionísios na Grécia, etc.

Há ainda uma teoria onde se tenta associar o Carnaval à Festa das Colheitas, de origem bíblica e integrante da cultura judaica. Entretanto, tal festa era de caráter religioso e ainda que fosse de muitos festejos, alegria e extremamente popular, não fazia apologia aos “prazeres da carne” como acontecem hoje.

A Igreja embora não tenha adotado o Carnaval no seu calendário, foi tolerante e muitas vezes incentivadora da festa. As exceções ficaram por conta de Tertuliano, São Cipriano, São Clemente e o Papa Inocêncio II, que foram ferrenhos inimigos da festa, por ver nela um desvio de conduta.

Na Idade Média, destacaram os Carnavais de Paris, Roma, Colônia, Munique, Veneza, Nápoles, Florença entre outros, revestidos de elevado grau de licenciosidade. Hoje o carnaval mais famoso é o brasileiro, tanto o carnaval de rua (popular), dos salões (elitizados) e o desfile nas avenidas, em especial no Rio de Janeiro (carnaval profissionalizado).

Aqui no Brasil, o Carnaval se caracteriza pela manifestação do delírio coletivo, do desabafo popular (na maioria das vezes, com o uso e abuso de drogas, licenciosidades, violência generalizada e promiscuidade sexual), bem como há a manifestação do humor e da crítica política, que ao contrário do que muitos pensam, já se fazia presente há muitos Carnavais.

Já a Quaresma é o período que vai da Quarta-feira de Cinzas até o Domingo de Páscoa.

Somente começou a ser observada, a partir do Concílio de Nicéia (ano 325 d.c.) e somente se consolidou no seio da Igreja a partir do século VII.

No começo de sua aplicabilidade, eram observados longos e rigorosos períodos de jejum, principalmente com a abstinência de carne. Assim, na terça-feira anterior à quarta-feira de cinzas, muitos faziam uso exagerado de carne (carnevale, vale carne), surgindo daí uma das explicações para o termo carnaval.

Na época da Igreja Primitiva entretanto, um período similar, visava a preparação de batismos, formas de reconciliação com a Igreja e manifestação pública de arrependimento e perdão.

Belo Vale, 02/2005.