A VIDA IMITA A ARTE!!!

O título do presente artigo é uma antítese do célebre aforismo “A arte imita a Vida” muito conhecido por todos nós e cuja autoria é atribuída ao filósofo Aristóteles.(382 – 322 a.C)

Quando é que a Arte imita a Vida? Em que circunstâncias isto acontece? Ou, quais as motivações e impulsos, ou alucinações e inspiração que tornam isto possível? Ou seja, de que forma a Arte imita a Vida?

Pense numa obra de ficção, por exemplo. De onde o autor retira a sua inspiração para escrever um texto que irá mudar os destinos dos seus leitores? De onde extrai o autor os personagens, as circunstâncias, os diálogos, o enredo enfim, todos os argumentos que, organizados, levarão os leitores ao êxtase de si mesmos?

Ainda que alguns acreditem na obra psicografada, a verdade é que nem todos possuem esta, digamos, “habilidade transcendental ou receptividade espiritual” para tanto. Assim, é natural concordarmos com o fato de que toda obra de ficção pode ser considerada uma imitação da Vida, seja do ponto de vista de observação do próprio Autor, ou da reprodução de fatos da vida observados pelo autor em terceiros. A contemplação da Vida em si mesma sempre será uma fonte de inspiração para quem estiver atento a ela e às oportunidades por ela oferecidas para se construir o Belo, o Digno, o Bem ou qualquer das virtudes, como também qualquer das mazelas do dia-a-dia.

Muito poderia ser escrito acerca disso, mas o propósito deste artigo é explorar, ainda que superficialmente, a antítese proferida por Oscar Wilde quando ele afirma que “A Vida imita a Arte muito mais do que a Arte imita a Vida”.

Estive também a me perguntar QUANDO isto ocorre! Em QUAIS circunstâncias a Vida imita a Arte? Ou, QUAIS seriam os impulsos, as motivações, as alucinações do coração de alguém que o conduziriam à imitação da Arte?

O Mestre Jesus, no texto descrito em Mateus 7:15,16a disse: “Acautelai-vos quanto aos falsos profetas. Eles se aproximam de vós disfarçados de ovelhas, mas no seu íntimo são como lobos devoradores. Pelos seus frutos os conhecereis...!”. Eis aqui um bom exemplo da antítese que serve como título deste artigo!

Noutras palavras, a vida obtusa, disfarçada, dissimulada de alguém travestido de ovelha quando, na verdade, pelo seu procedimento produz inveja, ira, ciúmes, desagregação, perseguição e morte claramente observados pela debandada e fuga dos que, outrora, serviam com alegria no ajuntamento do grupo dos seus iguais, é a clara e inequívoca evidência da VIDA imitando a ARTE, ou seja, um exemplo de dissimulação.

A isto, a língua portuguesa define como sendo “hipocrisia”, e Jesus confirma o mesmo conceito quando acusa os líderes religiosos do seu tempo de serem hipócritas usando a famosa metáfora descrita em Mateus 23:27 que diz: “Ai de vós, doutores da Lei e fariseus, hipócritas! Porque sois parecidos aos túmulos caiados: com bela aparência por fora, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e toda espécie de imundície!”

Na prática, a Vida imita a Arte todas as vezes que alguém lança mão de artifícios de qualquer espécie, com o objetivo de confundir o público ao redor iludindo-o com uma aparência que, na verdade, não corresponde à própria realidade. O que fazer diante da dissimulação e do engodo? Diante da vida imitando a arte?

O Sábio, ao escrever os Provérbios recomenda em Provérbios 1:10 “Filho meu, se pessoas perversas tentarem seduzir-te, não o permitas!” Os perversos são denunciados pelos próprios frutos que produzem, portanto, o sábio está dizendo ser necessário “dar tempo ao tempo” para que a dissimulação seja reconhecida, ou o verdadeiro arrependimento seja manifesto.

E para quem pensa que isto não acontece no seio dos grupamentos humanos que se identificam no ajuntamento do cristianismo, ledo engano! Aliás, bom é que se diga que a expressão “ledo engano” refere-se àquele que se deixa enganar alegremente, de boa-fé, na sua simplicidade para não dizer, ingenuidade. CUIDADO, portanto!!!

Brasília,DF

Verão de 2015

Oniel Prado
Enviado por Oniel Prado em 19/02/2015
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