O VERDADEIRO NATAL

Nesta época do ano, cidades inteiras, ruas, casas, prédios públicos, árvores, tudo é enfeitado, iluminado. Por todo lado ouve-se o som de melodias “natalinas”. Todos são envolvidos pelo clima natalício e a todo instante ouve-se um “Feliz Natal”.

Mas será que realmente vivemos o verdadeiro significado do Natal ou somos apenas envolvidos pela atmosfera criada pelo marketing comercial?

Será que sabemos verdadeiramente definir o que é Natal? Em primeiro lugar, vamos esclarecer alguns pontos controversos: Jesus nasceu mesmo em um dia 25/12?

Muitos teólogos e estudiosos eruditos divergem sobre a data do nascimento de Cristo. Embora a tradição nos reporta ao dia 25/12 como o dia do nascimento de Jesus, precisamos nos lembrar de que o calendário ocidental sofreu algumas mudanças ao longo de nossa história, com dias sendo excluídos ou acrescentados, conforme o entendimento das autoridades envolvidas no assunto.

De acordo com as Escrituras Sagradas, Jesus nasceu em Belém de Judá, quando do recenseamento decretado pelo Imperador Romano. E as mesmas Escrituras nos dizem, que na noite mais feliz que o mundo já viveu, pastores apascentavam seus rebanhos nos campos, nos arredores de Belém, durante as vigílias da noite.

Ocorre, que no mês de dezembro aquela região vive um período de inverno, quando as pastagens são raras e o frio da noite, muito intenso. Estes fatos tornam inviável a existência dos pastores com seus rebanhos expostos a tais intempéries da natureza.

Nesta linha de pensamento, como explicar o 25/12? Esta resposta é mais simples do que possa parecer. Segundo os ditos estudiosos, após a conversão do Imperador Constantino, o cristianismo era imposto aos pagãos. Uma vez que estes pagãos adoravam o sol como seu deus e sendo o dia 25/12 o dia do sol (solstício de inverno) ou “Natividade do Sol Invencível” (Natalis Invicti Solis) os pagãos foram aceitos no seio da Igreja, mas com sua comemoração permanecendo, só que agora, com a dedicação oficial do referido dia, ao nascimento de Jesus Cristo. E isto, justificado pelo fato de ter o Senhor dito ser Ele, o Sol da Justiça e a Luz do mundo. Assim, os pagãos criaram menos problemas e foram mais facilmente, convertidos.

Outro ponto, no mínimo discutível, é que a palavra “habitou” usada no versículo bíblico que diz: “...o Verbo se fez carne e habitou entre nós”, é mais precisamente traduzida por “tabernaculou entre nós”. E isto, em função do nascimento de Jesus ter se dado na mesma época da “Festa dos Tabernáculos”, festa de origem judaica comemorada entre os meses de setembro e outubro.

Ainda quanto à época do nascimento de Jesus, sabemos que a Virgem Maria concebeu exatos seis meses após sua prima Isabel, esposa do Sacerdote Zacarias ter concebido João Batista. Ora, João foi concebido, quando seu pai exercia as funções de Sacerdote no Templo. Como Zacarias era do turno de Abias e esta turma de Sacerdotes exercia suas funções no oitavo turno, João Batista foi gerado entre os meses de junho e julho. Conseqüentemente Jesus foi gerado entre os meses de dezembro e janeiro, o que corrobora com uma data de seu nascimento entre os meses de setembro e outubro.

Polêmicas à parte, a nós cristãos, pouco importa o dia exato do nascimento de Jesus Cristo, principalmente após tantas incertezas. O que importa é que Jesus nasceu e veio ao mundo nos trazer a Salvação.

Seu nome, Emanuel, quer dizer DEUS CONOSCO. E se Deus se fez homem e habitou entre nós, devemos transcender as tradições, os costumes, os sentimentos e viver enfaticamente esta presença em nosso meio. Jesus veio trazer uma nova mensagem à humanidade. E seu Evangelho (boas novas de Salvação), é fundamentado essencialmente no AMOR.

De que adianta, por alguns dias, no máximo um mês, vivermos num clima forjado, em uma atmosfera teatral, distribuindo sorrisos, abraços, presentes, cartões e votos de Feliz Natal, se no resto do ano, somos movidos pelos sentimentos do ódio, do rancor, da vingança, da mágoa?

Natal é momento de reflexão. Devemos pensar e repensar nossas vidas, atitudes, conceitos.

Se Deus é amor, então Natal é tempo de perdão. Se Deus nos deu seu próprio e único Filho, então Natal é tempo de doação. Se Jesus abriu mão de sua glória e veio ao mundo na natureza humana, então Natal é tempo de renúncia e entrega. Se Jesus nasceu em meio aos humildes (e excluídos), então Natal é tempo de tolerância.

Que o amor, a paz, o perdão, a doação, a solidariedade, a compreensão, a união das famílias e dos lares, não sejam restritos a esta ocasião. Que todos estes sentimentos sejam contínuos, durante todo o tempo.

Jesus nos deixou a lição repetindo várias vezes: “vai e não peques mais”. Que possamos dar aos nossos irmãos, amigos, familiares (e mesmo desafetos?) a chance de se redimirem.

A cada dia, a cada instante em que alguém menciona o Nome de Nosso Senhor Jesus Cristo; a cada pecador que se arrepende e muda de atitude; a cada vez que alguém se rende aos pés do Senhor e permite que a luz de Jesus brilhe e ilumine seu coração, naquele exato instante, temos um Natal.

Logo, todo dia deve ser dia de Natal. Então, FELIZ NATAL, SEMPRE!

Belo Vale, 12/2004.